Casa Fiat de Cultura e MIS-SP resgatam tradição dos Lambe-lambe em exposição virtual nas redes sociais da Casa Fiat de Cultura
Acervo da exposição do MIS-SP será apresentado nas redes sociais da Casa Fiat de Cultura, até outubro
Em setembro, a Casa Fiat de Cultura lança uma nova exposição virtual, em suas redes sociais. A mostra “Conexão Casa Fiat de Cultura e MIS-SP: Lambe-Lambe” é realizada em parceria com o Museu da Imagem e do Som de São Paulo (instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo), e apresenta obras que foram destaque de uma das primeiras coleções do acervo do museu. Para abrir a exposição, no dia 15 de setembro, às 17h, a supervisora de Acervo do MIS-SP, Patricia Lira, bate um papo com a diretora de Patrimônio e Arquivo Público de Belo Horizonte, Françoise Jean, na palestra virtual “Lambe-Lambe: Fotógrafos de Rua em Belo Horizonte e São Paulo”. O evento será gratuito, com transmissão nos canais do YouTube da Casa Fiat de Cultura e do MIS-SP.
O presidente da Casa Fiat de Cultura, Fernão Silveira, comemora o aspecto inovador da iniciativa conjunta. “Vislumbramos essa parceria como uma oportunidade de conectar duas instituições com identidades diferentes, mas com propósitos e interesses comuns, que é o de potencializar o acesso à cultura, de trazer novos diálogos para a produção cultural. Modulamos um projeto compartilhado, que agrega novos públicos, enriquece as discussões em torno das tradições e da história das cidades e promove o intercâmbio de conhecimentos. Casa Fiat de Cultura e MIS criam, com essa iniciativa, uma nova ponte para levar arte e cultura ao público, indo além das fronteiras geográficas.
Para o diretor cultural do Museu da Imagem e do Som de São Paulo, Cleber Papa, a parceria entre as duas instituições é muito promissora, já que permite ampliar a capilaridade de suas ações. “Do ponto de vista do MIS ter seus conteúdos e debates engrandecidos por intelectuais e artistas mineiros, através da Casa Fiat de Cultura, também é muito bem-vindo, mesmo porque pensamos da mesma maneira quando buscamos ser instituições plurais, atreladas ao pensamento contemporâneo e de olho no futuro”.
A mostra “Conexão Casa Fiat de Cultura e MIS-SP: Lambe-Lambe” e o bate-papo “Lambe-lambe: fotógrafos de rua em Belo Horizonte e São Paulo” são uma realização do Ministério do Turismo, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, do MIS – Museu da Imagem e do Som, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo de São Paulo, e da Casa Fiat de Cultura. O patrocínio é da Fiat Chrysler Automóveis (FCA) e do Banco Safra. O bate-papo conta com apoio institucional do Circuito Liberdade, do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico (Iepha), do Governo de Minas e do Governo Federal, além de apoio cultural do Programa Amigos da Casa, da Brose do Brasil e da Expresso Nepomuceno.
EXPOSIÇÃO VIRTUAL: CONEXÃO CASA FIAT DE CULTURA E MIS-SP: LAMBE-LAMBE
Nos meses de setembro e outubro, a Casa Fiat de Cultura destaca, nas redes sociais, uma das primeiras coleções do MIS-SP. Na exposição virtual, o público vai saber um pouco mais sobre as imagens que integram o acervo do museu, com curiosidades sobre a realização da pesquisa que resultou na exposição, e sobre o ofício registrado nas fotos. A exposição virtual irá gerar um e-book após sua exibição.
Os fotógrafos de lambe-lambe surgiram no começo do século XX. Realizavam seu trabalho em praças, parques e outros espaços de rua, registrando momentos familiares e a própria cidade. O acervo do MIS resgata essa importante tradição, que, embora muitos não saibam, continuam sendo exercidas até os dias atuais. A coleção do museu é do início dos anos 1970, e foi elaborada pelos estudantes de arquitetura Marcio Mazza e José Teixeira, a partir de um projeto de pesquisa sobre o ofício. São mais de 2 mil fotografias e nove gravações de áudio. As imagens de lambe-lambes foram feitas no Jardim da Luz, na Praça da República, na Praça da Sé e no Parque da Independência, e esse foi um dos projetos que ajudou a fundar o museu.
O período mais próspero dos lambe-lambes ocorreu entre as décadas de 1920 e 1950. A máquina que usavam tinha um laboratório acoplado, permitindo a revelação instantânea de fotos. Já nos anos 1970, no período de criação do MIS, a atividade entrava em declínio, e se tornou cada vez mais rara. Resgatar esse acervo é uma forma de manter a atividade viva, recuperar aspectos culturais urbanos populares e reconhecer sua relação direta com as transformações da cidade.
Em Belo Horizonte, os lambe-lambes ficaram muito associados ao Parque Municipal Américo Renné Giannetti, já que foram os primeiros prestadores de serviço do espaço. Em 2011, o ofício de lambe-lambe foi instituído como Patrimônio Cultural do Município, em função de seu valor cultural e afetivo para a população, reforçando seu valor simbólico para a história individual e coletiva da cidade.
LAMBE-LAMBE: FOTÓGRAFOS DE RUA EM BELO HORIZONTE E SÃO PAULO
A parceria entre a Casa Fiat de Cultura e o MIS-SP será inaugurada com o bate-papo sobre “Lambe-Lambe: Fotógrafos de Rua em Belo Horizonte e São Paulo”. A supervisora de acervo do MIS-SP, Patricia Lira, e a diretora de patrimônio cultural e arquivo público de Belo Horizonte, Françoise Jean, vão falar sobre o ofício de fotógrafo lambe-lambe como patrimônio imaterial e as diferenças e similaridades nas capitais mineira e paulista.
Patricia Lira vai mostrar detalhes da coleção e destacar a importância do acervo para o MIS. Em 2015, as fotos fizeram parte da exposição “Lambe-Lambe: Um Retrato dos Fotógrafos de Rua na São Paulo dos anos 70”, lançada em comemoração aos 45 anos do museu. “Essa coleção tem uma relação bem estreita com a fundação do MIS, que, à época, funcionava como um centro de documentação e preservação da memória da cidade. As fotos são resultado de um trabalho de campo, que refletem bem o significado desse ofício, para o contexto urbano, nos anos 70”, ressalta.
Para fazer um recorte da profissão em BH, Françoise Jean – que participou do processo que tornou o ofício de lambe-lambe um patrimônio da cidade – vai mostrar como esses fotógrafos passaram a ser considerados parte da paisagem belo-horizontina e acompanharam as mudanças do tempo, desde as máquinas-jardim até os meios digitais. “Os lambe-lambes popularizam a fotografia em Belo Horizonte. Embora tenham vivido seu período de ouro nos anos 1950, até hoje, nos ajudam a compreender os modos de vida na cidade e as formas como nela se desenvolveu uma cultura de registrar momentos e se deixar fotografar”, reflete.
O bate-papo “Lambe-Lambe: Fotógrafos de Rua em Belo Horizonte e São Paulo” será realizado no dia 15 de setembro, às 17h, no YouTube da Casa Fiat de Cultura. A participação é gratuita.
A origem do lambe-lambe
Existem muitas hipóteses para explicar o surgimento do nome “lambe-lambe”. A mais comum é que o fotógrafo lambia a placa de vida que era usada para fazer os negativos e, assim, marcar qual era o lado da emulsão fotográfica. Outra teoria explica que se lambia o envelope da foto para fechá-lo. Apesar da popularização do nome, os profissionais preferiam ser chamados de fotógrafos instantâneos, de acordo com dados coletados na pesquisa de campo do MIS-SP.
As máquinas de jardim, como eram conhecidos os equipamentos desses profissionais, eram, ao mesmo tempo, câmera e laboratório. O processo de fotografia era realizado ao ar livre e as imagens eram reveladas quase na mesma hora, o que garantia mais mobilidade ao fotógrafo, além de ampliar o acesso da população mais pobre ao retrato.
Os fotógrafos em São Paulo
A maior parte dos lambe-lambes era de fotógrafos anônimos e de origem simples. Com o dinheiro que ganhavam com a venda das fotos, muitos adquiriram imóveis nas regiões periféricas de São Paulo. Muitos deles já eram aposentados quando começaram o ofício de fotografar. Aprendiam as técnicas sozinhos ou com a família e costumavam trabalhar mais aos domingos – dia de grande movimento dos parques.
Os fotógrafos em Belo Horizonte
Os fotógrafos de rua, carinhosamente chamados de Lambe-lambes, foram responsáveis pela popularização da fotografia em Belo Horizonte, no início do século XX. Durante décadas, tiraram fotografias para composição de documentos e registraram cenas cotidianas de diversas gerações de mulheres, homens e crianças.
Sempre foram importantes cronistas do cotidiano, registrando imagens, cenas e acontecimentos na vida de inúmeras gerações de moradores e turistas em Belo Horizonte. Atualmente, nove fotógrafos ainda trabalham no Parque Municipal e permanecem vendendo fotos impressas, ainda que usando meios digitais para o registro.
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