Precisamos falar sobre a Reputação do Brasil
O Brasil passa por um momento de incertezas, queda na confiança, exposição negativa com escândalos de corrupção envolvendo empresas e governos, crise econômica e crise política, ainda que dando sinais de recuperação. Neste contexto, o país inteiro é penalizado, há queda de investimentos estrangeiros e nacionais, os produtos “made in Brazil” sofrem depreciação no mercado internacional, há aumento do desemprego. No campo pessoal, a incerteza aumenta os casos de depressão na população e mina a esperança no futuro, fazendo com que talentos deixem o Brasil em busca de melhores oportunidades em outros países. Por outro lado, nunca antes na história do país houve tanta tentativa de punição aos corruptos, em um claro movimento civil de protagonismo para a reinvenção do Brasil e do modo como fazemos negócios.
Segundo a imprensa local, o Brasil enfrenta a pior crise já registrada poucos anos após um boom econômico e o mais baixo índice de competitividade
“Há apenas seis anos, em 2010, Brasil teve o maior crescimento do seu PIB em 20 anos, de 7,5%; em 2016, registrou a segunda retração anual consecutiva, de 3,6%.” Jornal O Globo, 08.03.2017. A taxa de desemprego em 2010 era de 7,4%, hoje está em 12% (IBRE-FGV e IBGE), a confiança do empresário era de 111,3 pontos em 2010, caindo para 79,8 em 2016 e a confiança do consumidor foi de 108 pontos em 2010 para 82,8 pontos em 2016.
Estudos técnicos de reputação realizados pelo Reputation Institute também mostram a fragilidade da reputação do Brasil. “Enquanto os países da América Latina tiveram um aumento médio de 3,1% em suas reputações no Country Rep Trak, divulgado pelo Reputation Institute em 2015, o Brasil retrocedeu 2,4% no ano após a Copa, ocupando o 26º lugar no ranking, atrás de países como Tailândia (21º), Polônia (23º) e República Tcheca (24º) e apenas uma posição na frente do Peru (27º). Em 2015, a reputação do Brasil estava quase tão ruim quanto a reputação da Grécia, que ocupava a 28ª posição no ranking em meio a uma crise econômica abissal.” Revista da Reputação 11.07.2016.
O ranking deste ano ainda não saiu, mas, em 2016, o Brasil conseguiu subir duas posições e estava em 24º lugar, atrás de Peru e Costa Rica. Com 58,56 pontos, a reputação brasileira ainda era considerada “fraca”, o que deixa o país em uma situação de vulnerabilidade. O lado positivo é que estávamos quase cruzando a linha entre reputação fraca e mediana, que é a partir de 59 pontos.
A reputação de um país é avaliada de acordo com itens como confiança, admiração, estima e respeito que as pessoas sentem em relação a ele. Também são consideradas as percepções que as pessoas têm sobre o desenvolvimento econômico, o apelo turístico e o ambiente governamental. No caso brasileiro, os aspectos que mais contribuem para uma percepção positiva são suas belezas e o fato de ser um país amigável e agradável. Mas estes aspectos não bastam para atrair negócios.
A capacidade de o Brasil atrair negócios – um dos atributos de valor para a reputação de um país – é severamente impactada por sua baixa competitividade global, que resulta da instabilidade, da burocracia, da falta de capacitação da mão de obra, do custo trabalhista, da falta de infraestrutura e diversos outros fatores. Nos últimos quatro anos, o Brasil perdeu 33 posições no ranking de competitividade global divulgado pelo Fórum Econômico Mundial e hoje estamos em 81º no ranking, atrás de países como Albânia, Armênia, Guatemala, Irã e Jamaica, além de ter ficado ainda mais atrás de países como Chile, África do Sul, México, Costa Rica, Colômbia, Peru e Uruguai.
Como todos esses dados na mesa, precisamos falar mais sobre a reputação do Brasil, sobre os impactos de nossas decisões cotidianas para este cenário e sobre as possíveis soluções. O que podemos fazer para mudar esta realidade?
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