Estamos chegando ao terceiro artigo da série “Os Desafios da comunicação para ESG” (veja o primeiro aqui e o segundo aqui) e dessa vez, vamos abordar a relação da comunicação com o pilar G, da governança. Talvez esse pilar (pensando em comunicação) seja o mais complexo deles, porque a boa governança é um tema transversal que deveria estar em tudo o que fazemos. E sob essa ótica, o “O QUE” comunicar e o “COMO” comunicar andam lado a lado.
Ao longo dos nossos 6 anos de experiência com comunicação para impacto social, pudemos perceber algumas nuances que, à primeira vista, não são exatamente óbvias. A seguir, compartilhamos com você três desses aprendizados:
Reflita sobre a maturidade da iniciativa ESG a ser comunicada: uma das questões mais presentes no universo do impacto socioambiental é a medição dos resultados. Quando pensamos em comunicação, é necessário que uma iniciativa tenha “estrada suficiente” para que sua eficácia possa ser mensurada. Além de falar do macro, dos números, é fundamental para a comunicação olhar para o micro, para o impacto que causa na vida de algumas pessoas. Por isso, saber o tempo certo para rodar um plano de comunicação é absolutamente estratégico, comunicar ações ESG apenas quando estiverem maduras pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso da campanha.
Walk the talk: uma iniciativa socioambiental promovida por qualquer empresa deveria sempre estar relacionada ao core business do negócio. Só assim a iniciativa terá envergadura e relevância para seguir de pé ao longo dos anos. Para além disso, é fundamental que aquilo que se propague para fora da empresa esteja funcionando muito bem dentro de casa. Uma empresa ou organização que não pratica pra dentro aquilo que prega (mais que prega, comunica!) pra fora terá grandes chances de conquistar um efeito reverso ao objetivo inicial da campanha, o que pode ser perigoso para reputação da marca.
Respeito por todos e todas: está claro que comunicar ESG envolve pessoas e suas complexidades. Quando você decide trazer personagens reais para sua comunicação, é preciso cuidar para que, ao retratar o problema, não revitimize aquela pessoa. É preciso ter um olhar ético apurado para evitar qualquer tipo de exposição excessiva que possa, de alguma forma, prejudicar a pessoa que está sendo retratada. Ter esse olhar atento, no final do dia, também é governança.
Parar para pensar em todas essas questões nos faz terminar essa série de três artigos com duas certezas: a primeira é que comunicar ESG é um bicho totalmente novo e distinto da comunicação “tradicional”, voltada para venda de produtos e serviços. A segunda é que estamos vivendo uma fase ainda embrionária nesse campo e todos e todas que trabalham com comunicação para ESG têm uma grande oportunidade (e responsabilidade) de colaborar para a construção de uma comunicação mais autêntica, humana e propositiva. Vamos juntos e juntas?
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