Não é de hoje que o capitalismo de stakeholders, pautado em uma atuação das empresas efetivamente alinhadas às expectativas da sociedade, vem ganhando força entre as corporações. Ainda em seu encontro anual de 2020, o Fórum Econômico Mundial definiu 55 métricas, 21 delas principais e 34 complementares, para melhorar as formas das companhias mensurarem as suas contribuições e desempenho em aspectos de governança, pessoas, planeta e prosperidade. Segundo o documento, aquelas que alinham seus objetivos aos da sociedade tornam-se mais qualificadas para gerarem valor a longo prazo, pois produzem resultados positivos para os seus negócios e economia, ao mesmo tempo em que contribuem de forma relevante para a sociedade e o planeta, segundo os interesses de todos seus stakeholders, como clientes, acionistas e comunidades.
E o mundo precisa disso, pois é uma questão de sobrevivência. Segundo publicação da World Wide Fund for Nature (WWF), com base em estudo da Global Footprint Network, para manter nosso estilo de vida atual, considerando a forma tradicional de fazer negócios, precisaríamos dos recursos de quase 2,5 planetas Terra até 2050. Passou do tempo de restaurarmos nossa relação com a natureza e nossas prioridades como indivíduos, empresas e sociedade. Mas, afinal, o que nos tangencia para fazer a coisa certa? Qual o caminho a percorrer para alinhar negócio e atuação responsáveis e como saber se estamos chegando lá, em meio a tantas análises e projeções catastróficas?
Reconhecidos como os mais importantes direcionadores em todo o planeta, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, lançados em 2015, pela ONU, nos apresentam uma agenda de ações que devem ser seguidas por países, instituições, corporações e indivíduos de todo o mundo, de modo a construir e implementar iniciativas e políticas públicas e privadas para garantir o futuro da humanidade, em harmonia com o planeta. A pauta traz um horizonte de metas até 2030. Ao todo, são 17 objetivos e 169 submetas em cinco pilares: pessoas, planeta, prosperidade, parceria, ancorados na promoção de um desenvolvimento mais justo, sustentável, diverso e inclusivo.
Agora, em 2024, estamos na metade dessa jornada, e há muitos pontos para endereçar e avançar. Do ponto de vista das organizações privadas, um grande desafio é saber como medi-las. Não me refiro, simplesmente, ao alinhamento das suas ações aos ODS em uma planilha de referências, mas de entender como realmente o seu negócio impacta a sociedade e como, por meio dele, é possível potencializar a sua contribuição com benefícios reais.
Aqui na Vivo, na busca por entender como contribuímos e como podemos avançar em relação aos ODS, mergulhamos em uma Análise de Impacto inédita, que descreve de forma sistêmica como a organização contribui para cada um dos ODS, com detalhes sobre os impactos gerados pela sua atuação para os stakeholders: sociedade, clientes, colaboradores, fornecedores, comunidades locais e população em geral. Nosso objetivo foi entender em quais áreas nosso negócio gera uma transformação positiva à sociedade brasileira. Um passo fundamental para, em breve, conseguirmos medir e gerenciar, por meio de indicadores de impacto, como a contribuição da empresa a coloca cada vez mais próxima da Agenda 2030 da ONU.
Algumas das conclusões dessa análise inicial partem do propósito da Vivo, que é “Digitalizar para Aproximar”. A digitalização tem forte impacto social e potencial para transformar a vida das pessoas. O acesso à conectividade e ao letramento digital são importantes ações de inclusão social. Por isso, além da expansão de nossa rede e de serviços acessíveis, o trabalho da Fundação Telefônica Vivo na atuação pelo desenvolvimento de competências digitais junto a alunos de escolas públicas, por exemplo, tem grande potencial de contribuição.
Outro ponto que ficou evidente entre as múltiplas referências do relatório, é o papel da tecnologia como aliada na construção de uma economia de baixo carbono. Por meio das soluções digitais e conectividade, nosso negócio contribui para a descarbonização dos clientes. Ao mesmo tempo, endereçamos nossa atuação rumo a zero emissões líquidas, pautada em um Plano de Ação Climática com desafios de curto, médio e longo prazo, alinhados à ciência. Vale pontuar que atingimos a primeira etapa dessa jornada, com 90% de redução de emissões, desde 2015.
Estes são alguns destaques de um diagnóstico importante que envolve todos os ODS e sobre os quais identificamos os 11 prioritários, em uma escala qualitativa, com contribuição direta ou indireta. Ele direciona os próximos passos da companhia em todo o seu negócio como contribuição ao desenvolvimento sustentável.
A próxima etapa será a medição do impacto socioeconômico, capaz de tangibilizar, em números, essa contribuição. Há um caminho a ser percorrido para ampliar alcance e impacto do negócio. Estamos confiantes de que, com uma escuta e olhar atento junto aos públicos de interesse, a sustentabilidade presente e fortalecida como pilar da nossa estratégia de negócios e compromissos bem endereçados, estamos evoluindo em contribuição aos desafios do futuro.
Para as organizações que pretendem se dedicar a compreender seu impacto com maior profundidade, destaco a importância de uma equipe dedicada, atuando como facilitadora. E observo, acima de tudo, a necessidade de envolvimento de todos os colaboradores, especialmente as lideranças, nos desafios e compromissos para o desenvolvimento sustentável firmados pela organização.
Deixar um planeta que sobreviva para as próximas gerações requer uma construção coletiva, que precisa do envolvimento de todas as companhias, qualquer que seja seu setor ou atividade. Precisamos vencer o “business as usual” e entender que os stakeholders, todos, são o verdadeiro ponto central para um negócio próspero, em que o lucro não pode ser o único indicador de sucesso das empresas.
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