Em 2017 surgiu uma startup, a DDG (Drones Doing Good) a partir de um programa da Endeva chamado II2030 (Inclusive Innovation 2030). A ideia por detrás do programa é estimular mudanças sistêmicas a partir de co criação e inovação aberta envolvendo vários stakeholders como startups, governo, OSCs e corporações orientadas a resolver desafios relacionados à agenda 2030. Neste caso, esta startup estava buscando responder a seguinte pergunta “Como nós podemos fornecer produtos e serviços em áreas remotas da África Subsaariana utilizando uma rede de drones?”
O piloto desta iniciativa envolveu Airbus, Merck, o governo da Nigéria e o desafio da startup africana de logística Lifebank que atua em especial no amparo a mulheres que sofrem hemorragia pós parto (HPP). Com o desafio da Lifebank e somado aos esforços das outras companhias, o objetivo era conseguir levar suprimentos médicos para áreas e regiões de difícil acesso e assim oferecer mais chances destas mulheres sobreviverem ao HPP, uma vez que a forma usada era através de motociclistas em ruas confusas e barcos, o que levava muito tempo. Para isso acontecer, foi desenhado um drone em parceria com as várias organizações para conseguirem construir algo capaz de executar o serviço, mas também ser viável nas condições de infraestrutura da Nigéria.
O desafio proposto pela pergunta e o desafio da Lifebank eram grandes demais para serem respondidos por apenas uma empresa ou na lógica pura de cliente/fornecedor, era necessária uma solução sistêmica construída a partir de várias mentes e mãos trabalhando juntos. O que aconteceu nesta iniciativa foi um modelo de trabalhar inovação chamado “inovação aberta”.
A inovação aberta é uma abordagem empresarial que envolve a colaboração com parceiros externos, como outras empresas, universidades e comunidades, para desenvolver novas ideias, produtos e serviços. Ao contrário do modelo tradicional de inovação, que se baseia principalmente em recursos internos, a inovação aberta busca aproveitar o conhecimento e os recursos externos para impulsionar a criatividade e a eficácia da inovação. A origem da inovação aberta remonta ao conceito proposto pelo professor Henry Chesbrough em 2003, onde ele argumentou que as empresas podem e devem usar ideias externas, bem como compartilhar suas próprias ideias, para avançar em seus processos de inovação e alcançar maior sucesso competitivo.
Mas porque vale investir em inovação aberta para enfrentar os desafios da agenda 2030?
Acesso a Diversidade de Ideias e Expertise: A inovação aberta permite que as empresas acessem uma ampla gama de perspectivas, conhecimentos e habilidades externas. Ao colaborar com parceiros externos, como outras empresas, universidades e comunidades, as organizações podem aproveitar uma variedade de ideias e soluções inovadoras que podem não estar disponíveis internamente. A força que existe em trazer diferentes olhares e perspectivas a partir de grupos de pessoas diversas para um mesmo desafio pode também trazer respostas que jamais surgiram de um grupo homogêneo com uma mesma visão de mundo com os mesmos recursos.
Redução de Custos e Riscos: Trabalhar com inovação aberta pode ajudar a reduzir os custos e os riscos associados ao desenvolvimento de novos produtos, serviços ou processos. Ao compartilhar recursos e expertise com parceiros externos, as empresas podem distribuir os custos de inovação e mitigar os riscos associados ao desenvolvimento de soluções não testadas. Este argumento é forte também porque provoca mais empresas a colocarem recursos em iniciativas que seriam tratadas como fora da capacidade de investimento ou mesmo pouco estratégicas para a imagem da organização.
Aceleração do Ciclo de Inovação: A inovação aberta permite que as empresas acelerem o ciclo de inovação, trazendo produtos e serviços para o mercado mais rapidamente. Ao colaborar com parceiros externos, as organizações podem aproveitar o conhecimento e os recursos disponíveis fora de suas próprias estruturas, o que pode ajudar a impulsionar a criatividade e a eficiência do processo de inovação. Neste caso também, acelerar a criação de soluções para desafios que já impactam a humanidade e toda a vida neste momento.
Impacto sistêmico: Através da inovação aberta, desafios que seriam pontuais podem impactar de forma significativa outros que estão tangentes. Uma situação onde o problema é a pobreza pode ser em partes resolvido junto com educação e aumento da resiliência em cidades. Com recursos mais bem alocados e compartilhados, soluções podem gerar desdobramentos que seriam inesperados dentro de um contexto fechado de uma única organização.
Considerando o tamanho dos desafios globais, considerando os recursos necessários para vencê-los, será que se cada fizer sua parte será o bastante? Ou precisamos juntar cabeças, recursos financeiros, experiências, o poder das comunidades espalhadas pelo mundo, todos trabalhando juntos e olhando para os desafios de uma forma ampla para podermos ter uma chance real de causar as tão importantes mudanças que necessitamos. A inovação aberta é um caminho que certamente fornece meios de trazer a inovação para o jogo, empoderando tanto quem sofre quanto tem recursos a construírem soluções reais de forma colaborativa e realista.
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