16 de maio de 2017

Homofobia nas organizações: um assunto urgente

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Nesta quarta-feira, 17 de Maio, é celebrado o Dia Internacional de Combate à Homofobia.

A escolha da data não é aleatória e procura lembrar o momento em que a homossexualidade foi retirada do catálogo de doenças da Organização Mundial da Saúde, em 1990.

Faz, portanto, apenas 27 anos que ser gay ou lésbica não é considerado uma patologia. Nas últimas décadas, alguns avanços foram conquistados, mas o preconceito contra a população LGBT persiste.

Inclusive nas organizações. Segundo pesquisa da consultoria Santo Caos, 40% dos homossexuais já sofreram preconceito no trabalho por conta de sua orientação sexual. O problema aparece na forma de piadas, de carreiras interrompidas e também de “conselhos” para “desmunhecar um pouco menos”, no caso dos homens, ou “ser mais menininha”, no caso das mulheres.

É uma intolerância assustadora, que fica ainda pior quando se consideram as interseccionalidades. O preconceito tende a crescer quando os marcadores de classe ou raça se somam à orientação sexual: é ainda mais difícil a vida do homossexual negro, com deficiências ou de baixa renda.

No caso da população trans, surge um agravante. A transgeneridade ainda consta dos manuais internacionais de doenças. Para a medicina, as travestis, mulheres e homens trans seguem como um grupo que merece tratamento psiquiátrico. Em 2017. Um escândalo.

Deixo a reflexão sobre como a ciência foi e ainda é utilizada para reproduzir discursos opressores. Duvido que algum leitor que conviva com colegas de trabalho ou amigos LGBT os considere doentes. Mas a medicina dizia isso até pouquíssimo tempo.

O 17 de Maio é um dia mais de meditação que de festa. É uma data para pensar sobre as conquistas que não chegam da mesma maneira para todos e a necessidade de desenvolvermos empatia e solidariedade, sobretudo com aqueles que estão lado a lado na sigla LGBT, mas seguem distantes em termos de direitos, acesso à cidadania e a trabalho.

Que a gente amplie nossa ação e possa, juntos, LGBT e aliados, lutar contra as intolerâncias de todos os tipos, nas escolas, nas famílias, na sociedade e também nas nossas organizações.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Ricardo Sales

Ricardo Sales é consultor de diversidade e pesquisador na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde se formou, realizou mestrado e atualmente cursa doutorado sobre políticas de diversidade nas organizações. Atua para clientes como Siemens, Ford, Heineken, Grupo Boticário, EDP e outros. Faz parte da equipe que revolucionou a comunicação de cerveja no país, atendendo a marca Skol. É conselheiro do Comitê de Diversidade do Itaú. Foi eleito pela Out&Equal um dos brasileiros mais influentes no assunto diversidade nas organizações. Ganhou em 2019 o Prêmio Aberje, o mais importante do país, na categoria diversidade, inclusão e comunicação não-violenta. Foi bolsista do Departamento de Estado do Governo dos EUA, sendo reconhecido como uma liderança mundial no tema diversidade. É também palestrante, professor da Fundação Dom Cabral, colunista da revista Você SA e membro fundador do grupo de estudos em diversidade e interculturalidade da ECA/USP. Contato: ricardo@maisdiversidade.com.br

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