A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou em 2015 os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma agenda de sustentabilidade adotada pelos países-membros da ONU para ser cumprida até 2030. O objetivo de número 6 é “Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos”.
6.1 até 2030, alcançar o acesso universal e equitativo à água potável, segura e acessível para todos
6.2 até 2030, alcançar o acesso a saneamento e higiene adequados e equitativos para todos, e acabar com a defecação a céu aberto, com especial atenção para as necessidades das mulheres e meninas e daqueles em situação de vulnerabilidade
6.3 até 2030, melhorar a qualidade da água, reduzindo a poluição, eliminando despejo e minimizando a liberação de produtos químicos e materiais perigosos, reduzindo à metade a proporção de águas residuais não tratadas, e aumentando substancialmente a reciclagem e reutilização segura globalmente 6.4 até 2030, aumentar substancialmente a eficiência do uso da água em todos os setores e assegurar retiradas sustentáveis e o abastecimento de água doce para enfrentar a escassez de água, e reduzir substancialmente o número de pessoas que sofrem com a escassez de água 6.5 até 2030, implementar a gestão integrada dos recursos hídricos em todos os níveis, inclusive via cooperação transfronteiriça, conforme apropriado
6.6 até 2020, proteger e restaurar ecossistemas relacionados com a água, incluindo montanhas, florestas, zonas úmidas, rios, aquíferos e lagos
6.a até 2030, ampliar a cooperação internacional e o apoio à capacitação para os países em desenvolvimento em atividades e programas relacionados a água e saneamento, incluindo a coleta de água, a dessalinização, a eficiência no uso da água, o tratamento de efluentes, a reciclagem e as tecnologias de reuso
6.b apoiar e fortalecer a participação das comunidades locais, para melhorar a gestão da água e do saneamento.
Os Dados de Saneamento Básico no Brasil são críticos e preocupantes, segundo estudos recentes do Instituto Trata Brasil.
- 16,38% da população brasileira ainda não tem acesso ao abastecimento de água (quase 35 milhões de pessoas – 3 vezes a população de Portugal);
- 46,85% não dispõem da cobertura da coleta de esgoto (mais de 100 milhões de pessoas ou mais de 2 vezes a população da Argentina).
- Somente 46% do volume gerado de esgoto no Brasil é tratado, o que o torna um enorme desafio.
Para ajudar a avançar sobre a discussão e os feitos a respeito da temática, o Instituto Iguá, e Climate Ventures lançaram a iniciativa de Venture Philanthropy[1][i] chamada Ipu – Water & Sanitation Venture Philanthropy, que é a primeira iniciativa de Venture Philanthropy no Brasil ligada à causa da água e do saneamento, com foco no ODS 6. O lançamento da iniciativa aconteceu esse ano durante o Dia Internacional da Água, 22 de março, data dedicada para celebrar a importância da água e para atrair visibilidade ao tema diretamente relacionado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6 da Organizações das Nações Unidas (ONU).
“A iniciativa de Venture Philanthropy Ipu busca fomentar o ecossistema de impacto socioambiental no Brasil, apoiando startups e/ou organizações sociais por meio de doações e capital paciente e de uma aceleração customizada de acordo com os principais desafios de cada organização. Usando mecanismos inovadores para promover mudanças significativas no setor.
O conceito de Venture Philanthropy originalmente disseminado pelo IVPC (International Venture Philanthropy Center) ainda é recente no Brasil, mas já vem sendo praticado há cerca de 1 década, principalmente na Ásia e na Europa. O termo refere-se ao fomento de negócios de impacto e/ou organizações da sociedade civil, visando promover a sustentabilidade financeira dos projetos apoiados e o impacto socioambiental crescente no médio e longo prazo.
Essa e outras iniciativas podem ajudar a avançar.
Outro estudo importante e recente do Instituto Trata Brasil é sobre “Demanda Futura por Água Tratada nas Cidades Brasileiras – 2017 a 2040”[2] De acordo com ele, espera-se um grande aumento (de quase 80%) na demanda de água no Brasil em razão do crescimento econômico, expansão demográfica e mudanças climáticas.
O Brasil, atualmente, perde quase 40% da água potável que produz por causa de vazamentos, roubos e erros de medição. Isso significa que a produção teria que aumentar ainda mais para que o país consiga entregar água para toda a população que precisa até 2040.
O desafio de Saneamento Básico no Brasil precisa da ajuda de todos. Com a pandemia do covid-19, precisamos unir esforços para resolver um problema que é nosso.
[1] O conceito atual de Venture Philanthropy começou a ganhar forma nos EUA em meados da década de 1990, influenciado por filantropos oriundos do mercado de Venture Capital (e Private Equity) e, a partir do início dos anos 2000, ganhou terreno na Europa, a partir do Reino Unido. No contexto brasileiro ora o termo é chamado de ‘filantropia estratégica’, ora de ‘filantropia de risco’, reforçando o fato de que ele ainda não foi devidamente traduzido e incorporado por aqui.
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