De espectadora a protagonista, o papel da comunicação empresarial na COP 30

Enquanto os olhos do mundo se voltam para a Conferência do Clima, a COP30, que este ano pela primeira vez acontece na Amazônia, Belém, com suas ruas ornadas de mangueiras, que testemunham a riqueza cultural e os desafios estruturais da região, revela um paradoxo inquietante: ser palco das mais importantes discussões climáticas globais e, ao mesmo tempo, espelho de tantas contradições em sustentabilidade. Nesse contexto, o empresariado brasileiro precisa se perguntar: qual é, de fato, o nosso papel? Estar presente ou fazer diferença?
Os movimentos recentes, como a saída de grandes corporações de alianças climáticas globais, sugerem um enfraquecimento preocupante da agenda ESG. A BlackRock e outros gigantes financeiros abandonaram iniciativas de descarbonização, alimentando ceticismo em torno de compromissos privados com o clima. Em contraste, a COP30 surge como um campo fértil para narrativas transformadoras. Não basta ocupar os espaços; é essencial comunicar, inspirar e multiplicar as boas práticas.
Belém carrega uma missão simbólica. A capital paraense, apesar de sua infraestrutura precária e desigualdades gritantes, é a porta de entrada para a maior floresta tropical do mundo. Essa dicotomia não apenas ressalta o peso das responsabilidades locais, mas também amplifica as oportunidades de inovação. A cidade, paradoxal em sua essência, é o laboratório perfeito para demonstrar como o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental podem coexistir.
O empresariado, nesse cenário, não deve se limitar a ações discretas ou branding ocasional. Workshops educativos, programas que conectem a população local às soluções climáticas e iniciativas que extrapolem as salas climatizadas da COP são oportunidades únicas de criar impacto real. Contudo, esses esforços precisam ser acompanhados por narrativas eficazes. Sem comunicação, mesmo a mais brilhante das iniciativas permanece invisível, incapaz de inspirar replicação ou engajamento.
A comunicação não é apenas veículo, mas força multiplicadora. Empresas que compartilham suas experiências em sustentabilidade criam um efeito dominó, incentivando outras a seguirem caminhos semelhantes. As histórias locais, quando amplificadas por plataformas globais, têm o poder de transformar ceticismo em ação. E, no contexto da COP30, no qual expectativas e críticas coexistem, narrativas sólidas e bem construídas são mais valiosas do que nunca.
Mais do que um evento, a COP30 representa uma chamada à responsabilidade coletiva. Belém, com suas contradições e potência simbólica, desafia o empresariado a transcender o discurso e a liderar pelo exemplo. A Amazônia, afinal, não precisa de promessas. Ela exige ação. O empresariado que souber aliar impacto local à comunicação global não apenas marcará presença, mas também deixará um legado que ressoará muito além dos dias de conferência.
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