20 de setembro de 2021
BLOG Estratégia ESG & Comunicação

Comunicação de ESG: Uma questão de Ética, Empatia, Coerência, Materialidade e Esperança

 

Desde 2020, o movimento ESG ganhou relevância extrema no mundo corporativo e as organizações se aprofundaram na temática de modelos de desenvolvimento sustentável.
A Aberje, sempre sintonizada com as transformações do mundo, priorizou o tema e criou o comitê de comunicação estratégica em ESG. A enorme adesão e o engajamento entusiasmado dos participantes mostram que muitas empresas realmente desejam genuinamente incorporar a visão em suas práticas e contribuir com as mudanças positivas na sociedade e no planeta.

O ponto de partida é entender as práticas ESG como consequência natural de vivermos sob parâmetros éticos. Claro que a transformação começa no nível individual, dentro de cada um de nós. Vamos ganhando consciência e nos sensibilizando para os desafios a nossa frente e incorporamos pequenas mudanças na nossa rotina. Passamos a reciclar lixo, a economizar água e energia, a comprar de maneira consciente… começamos a nos indignar com questões maiores como a terrível desigualdade social e o aquecimento climático, exigindo mudanças urgentes como cidadãos e nos mobilizando como agentes individuais da sustentabilidade.

Em paralelo, dentro de nossas organizações, aplicaremos a mesma conduta de integridade para influenciar seus rumos e liderar processos, avaliar modelos de negócios e seus impactos na sociedade, refletir sobre cadeias de valor, questionar índices de diversidade e inclusão, repensar o valor integral oferecido pela marca ao mundo e então propor caminhos.

Incorporar a ética e a empatia como faróis e bússolas de toda ação levará a empresa a tomar atitudes corretas, o que transbordará para erguer um ambiente seguro e de vínculos baseados em valores, gerando maior engajamento dos stakeholders, impactando positivamente a reputação, reduzindo o potencial de crises e construindo um posicionamento fortalecido que visa o longo prazo dentro de um futuro sustentável, mais equilibrado, justo e harmonioso.
Em outras palavras, ESG é Valor e não pode ser meramente uma prioridade contextual.

Com toda a beleza de uma humanidade imperfeita em constante evolução e de um universo pleno de incertezas, é natural que as empresas sempre terão passivos, oportunidades de correção de distorções e reversão de efeitos colaterais negativos. Mas o que realmente conta é o que elas estão fazendo para mudar seu presente e pavimentar seu futuro, mostrando com transparência em que ponto estão na jornada e seu real comprometimento com mudanças.

Boa Governança da área de Comunicação aumenta confiança

A dimensão da Governança é fundamental para guiar as organizações por esse caminho ético por meio de políticas e procedimentos, processos diversos, controles transparentes e educação contínua. Sabemos que hoje todas as crises de imagem tocam em aspectos da agenda ESG. Esse esforço para garantir conformidade às condutas éticas não elimina totalmente a possibilidade de crises reputacionais, mas tornam as empresas resilientes nestes contextos adversos pelas evidências claras de integridade em práticas tangíveis de compliance.

A Governança da área de Comunicação é crítica e tem impacto em múltiplas dimensões. Mapear os riscos, preparando as organizações para cuidar de tópicos sensíveis e se conectar a tendências, praticar sempre a comunicação honesta na apresentação de produtos e serviços, garantir uma comunicação inclusiva, dentro de uma relação horizontal, transparente e aberta a diálogos, entre tantas possibilidades.

ESG como epicentro da gestão de reputação

Quando a empresa vulnerável sabe que sempre tem coisa a melhorar e corrigir, mas tem um conjunto consistente de iniciativas e resultados, é muito inteligente que se dedique a amplificar suas histórias e realizações de ESG para contribuir com a reputação corporativa. Colaboradores, clientes, parceiros e toda ordem de stakeholders querem conhecer as empresas por trás dos rótulos e discursos técnicos institucionais, querem saber o que estão fazendo para alcançar um futuro sustentável. Desse modo, ESG se tornou o epicentro da gestão de reputação das empresas. No entanto, a área de Comunicação não pode se limitar a apenas comunicar as ações da agenda ESG. Ela deve ser protagonista da transformação, assumindo posição estratégica e zelando pela consistência da atuação da organização.

É importante que a empresa também defina uma moldura de atuação com seus pilares estratégicos dentro de sua agenda ESG. A adoção da matriz de materialidade ajuda a empresa a construir sua estratégia de contribuição ao desenvolvimento sustentável, priorizando ações, investimentos e acompanhamento de indicadores. Com os horizontes definidos para cada organização, com sua respectiva cultura e contexto de negócios, Comunicação poderá desenvolver as mensagens pertinentes e relevantes para cada público com autenticidade e coerência.

Vivemos uma jornada permanente e fascinante. As transformações no macroambiente se aceleram nos tempos da modernidade líquida, dos mundos VUCA ou BANI. O que era aceitável e natural há uma década passa a ser insuportável enquanto as expectativas dos stakeholders moldam-se continuamente. Para terem futuro, as organizações precisam incluir a ética e a empatia como alicerces principais que se reflitam com potencialidade em todas as dimensões, nas relações saudáveis com clientes, nos compromissos com o meio-ambiente, nas metas de diversidade, equidade e inclusão dentro das empresas, no desenho de seus modelos de negócio, no pensamento da economia circular, nas mensagens de sua comunicação, em seu papel junto à sociedade.

É ainda mais excitante saber que essas mudanças não se fazem isoladamente, com cada organização limitada a olhar a caverna de seu microuniverso, mas requerem parcerias e conexões intensas em tempos de interdependência e colaboração. E ainda melhor, como dito lá no início deste texto, tudo depende de cada um de nós, incorporando profundamente esse valor decisivo para um futuro melhor para todos.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Luiz Eduardo Serafim

Serafim é pai do Gabriel, pianista, professor, palestrante e Head de Marca & Comunicação da 3M, onde atua desde 1.994. Formado em administração (EAESP/FGV) e Publicidade (ECA/USP), tem especialização em desenvolvimento do potencial humano (PUCCAMP) e em Psicologia Positiva (PUC/RS). Palestrante com mais de 900 apresentações sobre Criatividade, Inovação, Negócios e Liderança, é professor de Gestão de Marketing e Inovação nos cursos de MBA da Inova Business School e ESALQ/USP. Co-criador do Programa de Desenvolvimento de Liderança "The Leadership Way" em que atua também como Guia da Liderança Colaborativa. Autor do livro "O Poder da Inovação", publicado pela Ed. Saraiva, idealizador do Programa Inspira.mov sobre Criatividade e Empreendedorismo, veiculado pela TV Cultura, produtor e apresentador do Canal de Podcast Inovação em Pauta da 3M e responsável pelo patrocínios de projetos culturais como a Mostra 3M de Arte e o Prêmio Brasil Criativo, entre outros.

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