12 de novembro de 2021

O que acontece no percurso entre a sede das organizações e as repartições públicas explica grande parte dos desafios institucionais das empresas e dos setores produtivos. Esse espaço nada mais é que a sociedade, na qual estão os eleitores que elegem os congressistas, os formadores de opinião que influenciam os integrantes do Judiciário e líderes da administração pública e as organizações não-governamentais que fazem advocacy sobre os assuntos de relevância.

Quem enfrenta desafios para comunicar aos seus públicos de interesse o que é sua contribuição social possui a grande probabilidade de ver esses desafios reproduzidos no diálogo com o Estado. Saber apresentar compromissos sobre integridade, diversidade, antirracismo, neutralização de pegada de carbono e redução das desigualdades, para ficarmos apenas nesses exemplos relevantes, pode ser um fator crítico para a proteção aos negócios.

Percepções cristalizadas na opinião pública podem se converter em projetos de lei que não se aplicam à dinâmica da atividade econômica, em decisões judiciais que se contrapõem à segurança da atividade econômica ou em políticas públicas que impedem o pleno desenvolvimento dos setores econômicos de um país. Na expectativa de abordar um problema, o agente público pode causar impactos não-previstos para empresas dos mais diferentes portes.

Cabe às organizações a capacidade de dialogar com a diversidade de públicos e opiniões, sabendo criar conversas que não se limitem às bolhas mais predispostas a compreender sua realidade e contribuição. Diálogo esse que também pressupõe a capacidade de escuta sobre as expectativas dos interlocutores, podendo assim identificar oportunidades de uma contribuição efetiva e genuína, capazes de gerar valor.

Muitos desses desafios se explicam pelas informações limitadas com que a sociedade conta sobre a iniciativa privada. A opinião pública muitas vezes se forma a partir da cobertura de determinadas empresas com presença nos espaços jornalísticos e publicitários. Em alguns casos, as percepções sobre um determinado setor influenciam a percepção sobre outros, criando ruídos que exigem estratégia para serem solucionados.

Diante deste cenário, as organizações não podem apenas lamentar a desinformação. Apenas a partir da comunicação proativa e desintermediada a sociedade terá a oportunidade de formar uma percepção mais próxima à realidade sobre os mais diversos atores econômicos.

O diálogo do setor privado com a sociedade é fator determinante para ampliar a competitividade dos setores produtivos, criando condições para o desenvolvimento econômico, a geração de empregos e a redução das desigualdades.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Pablo Solano

Pablo Solano é gerente de Comunicação e Marca da Arteris. Profissional de Comunicação com 15 anos de atuação, possui experiência no setor corporativo, agências de relações públicas, jornalismo diário e área pública. Pós-graduado em Análise Econômica pela FIPE/USP.

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