26 de janeiro de 2023

Em setembro foi comemorado o Dia da Amazônia, em homenagem ao maior bioma tropical do mundo. Com 6 milhões de km², o bioma se estende por nove países da América do Sul. Desse total, 60% está no Brasil, onde ocupa quase metade do território e é o lar de 25 milhões de brasileiros.

De acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)¹, de janeiro a agosto de 2022, a Amazônia perdeu uma área de 7.135 km² de sua cobertura vegetal – um aumento de 18,5% na comparação com o mesmo período no ano passado. A situação é alarmante – a cada mês que passa, relatórios apontam novos recordes de desmatamento.

Fora o evidente impacto ambiental das mudanças climáticas, há ainda o agravamento das condições econômicas e sociais, em uma região que, apesar dos vastos recursos naturais, tem um índice de progresso social (IPS) abaixo da média nacional, segundo dados do Instituto Imazon².

A importância vital da região amazônica é incontestável. Estima-se que nela sejam abrigadas 30 milhões de espécies animais e 5 milhões de espécies vegetais. Apesar do pouco conhecimento sobre a dimensão potencial de nossa biodiversidade, tanto para os brasileiros quanto para a comunidade científica global em busca de soluções para os desafios do século 21, já há dados suficientes para se acreditar que é um negócio mais rentável frente às commodities tradicionais. Tamanha riqueza representa um enorme potencial de expansão da indústria de beneficiamento dos produtos de origem florestal, por meio do desenvolvimento da bioeconomia, o que tornaria nosso País a maior potência ambiental do planeta. O valor desse mercado, ainda com pouca participação brasileira, gira em torno de R$ 13 trilhões³.

Um exemplo do impacto da floresta está na sua capacidade de armazenar carbono – o estoque hoje é estimado em cerca de 120 bilhões de toneladas4. Isso sem falar na importância do bioma para a regulação das chuvas – sua bacia hidrográfica estoca cerca de um quinto de toda a água doce do planeta e garante o fornecimento desse recurso para plantações, cidades e indústrias nas regiões centro-oeste, sudeste e sul do País. Diante da importância da Amazônia, a conservação desse bioma é parte central da agenda climática global.

É importante buscarmos alternativas que considerem a vocação da Amazônia, valorizando a conservação da floresta em pé, o respeito e a efetiva participação das comunidades tradicionais – esse pode ser o passaporte para o desenvolvimento sustentável do Brasil.

Essa guinada exige, no entanto, mudanças profundas. As soluções para uma região de tantos contrastes e tamanha complexidade só virão com base em ações coordenadas entre as empresas, a sociedade civil e as esferas governamentais. O setor privado tem um enorme potencial de geração de impacto positivo, contribuindo com recursos, inovação e geração permanente de emprego e renda para a região.

Uma frente de atuação que pode ter protagonismo das empresas, por exemplo, é o incentivo à bioeconomia, por meio do investimento em infraestrutura e cadeias de valor sustentáveis, compatíveis com os produtos da floresta. São inúmeras as oportunidades de aproveitamento dos ativos da biodiversidade, que podem ser um diferencial competitivo para as empresas. Mas para que iniciativas como essa se concretizem e se tornem escaláveis, são necessários investimentos em tecnologia, inovação e capacitação técnica. Assim, o financiamento por parte das instituições financeiras é fundamental.

Presente no bioma desde 1965, quando lá abriu sua primeira agência bancária, o Bradesco5 tem avançado a cada ano em destinar recursos financeiros para alavancar o desenvolvimento sustentável local.

A instituição usa sua experiência para facilitar a inclusão financeira, uma vez que a falta de acesso ao crédito e bancarização é um dos gargalos para o desenvolvimento sustentável local. Um case de sucesso é a presença do Bradesco em todos os municípios que fazem parte da Amazônia Legal por meio do Bradesco Expresso, um modelo que transforma pequenos comércios em correspondentes bancários e permite acesso a pequenos municípios ou cidades afastadas, onde a oferta desses serviços ainda é baixa ou inexistente. Em parceria com a Fundação Amazonas Sustentável (FAS), também atua em projetos de conservação, culturas sustentáveis e empreendedorismo.

Um projeto emblemático mantido pelo banco é sua agência flutuante, que percorre 1.600 quilômetros do Rio Solimões, entre Manaus e Tabatinga, alcançando cerca de 250 mil pessoas que anteriormente não tinham acesso a serviços financeiros bancários ao longo do trajeto. Assim, a população acessa e investe recursos na própria comunidade, o que amplia comércios, gera empregos e renda e desenvolve a economia local.

Compreendendo a relevância do Brasil como um dos mais importantes países produtores e exportadores mundiais de alimentos, foi o primeiro banco associado à Rede Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), coordenada pela Embrapa, que busca disseminar um modelo de produção agropecuária que aumenta a produtividade das fazendas, ao mesmo tempo em que reduz o impacto ambiental e as emissões de gases de efeito estufa. O aumento da produtividade agrícola reduz a pressão sobre a abertura de novas áreas e, portanto, o avanço do desmatamento sobre áreas de floresta. Potencializando essa agenda, recentemente, o banco também capacitou gerentes do bioma para ampliação do conhecimento específico das culturas produtivas sustentáveis. Na região, estruturou plataformas especialmente para o agronegócio, nas quais os clientes contam com atendimento diferenciado, incluindo consultoria de engenheiros agrônomos.

Essas iniciativas na região contribuem para os 6 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável priorizados pelo banco, principalmente os ODS 8 (Trabalho Decente e Crescimento Econômico), ODS 10 (Redução das Desigualdades) e ODS 13 (Ação Contra a Mudança Global do Clima).

Diante de tantas ameaças ao bioma, e olhos em todo o mundo voltados para a região, em um momento em que grandes conferências, como a COP da ONU – sobre mudanças climáticas – trazem a questão da Amazônia para o centro de suas discussões, o protagonismo do setor privado será essencial e oportunidades não faltarão.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Fernanda Guzzi

Formada em Design, atua há 11 anos no setor financeiro, com experiência em Relações com Investidores. Atualmente é coordenadora de comunicação e engajamento na área de sustentabilidade do Bradesco.

Taís Bossan

Formada em Administração de Empresas, Gestão Ambiental e Controladoria, em sua jornada já coordenou o Programa de Gestão da Ecoeficiência, a elaboração de inventário de emissões e processos de report referentes à agenda ambiental e climática, além da estruturação do pilar estratégico de mudanças climáticas e a realização do estudo-piloto de Precificação de Carbono em Investimentos Corporativos na Organização Bradesco. É analista de sustentabilidade corporativa, atua em comunicação e engajamento de stakeholders.

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