A Transição Energética passa pela comunicação e mobilização em torno das agendas ESG
O mundo adentrou o ano de 2024 e se vê diante de um grande desafio: atingir os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em seis anos. As ações para o cumprimento da agenda 2030 estão atrasadas em praticamente todo o mundo, e, com isso, torna-se essencial que os poderes públicos e empresas se unam para tratar de medidas que acelerem iniciativas e ações que impulsionem a transição energética global.
Em levantamentos recentes, a Organização das Nações Unidas (ONU) apontou que os planos de ação climática dos países seguem insuficientes para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C, como prevê o Acordo de Paris.
No ritmo atual, e sem apresentarmos novas melhorias, a ONU afirma que a chance de alcançar essa meta é de apenas 14%. Entretanto, em vez de observarmos uma regressão significativa, vemos um movimento contrário: as emissões de gases de efeito estufa (GEE) aumentaram 1,2% de 2021 a 2022.
Esse cenário aponta não somente para a necessidade do cumprimento à risca das medidas acordadas, ainda que insuficientes – mas atenuantes – como a necessidade da implementação de novas ações.
União de empresas do setor elétrico é essencial
Como fundador e presidente do Conselho de Administração de uma das maiores companhias de soluções em energia e descarbonização do Brasil, sempre reforço o quanto acredito na vocação do nosso país para ser um dos maiores impulsionadores da transição energética global. Somos privilegiados geograficamente e historicamente com uma matriz majoritariamente limpa.
Entretanto, ainda encontramos dificuldades e obstáculos e o caminho pela frente é longo. Precisamos articular com diferentes setores da sociedade para alcançar mais incentivos em algumas vertentes de energia, assim como ampliar o conhecimento rumo ao net zero.
Ainda que necessitemos acelerar algumas etapas, é notório que estamos em evolução. Ano após ano, temos visto o “boom” global de geração solar e eólica. Em 2023, o mundo adicionou 50% mais capacidade em renováveis do que em 2022, com solar e eólica correspondendo a 95% desse total, segundo a International Energy Agency (IEA). No Brasil, o Ministério de Minas e Energia apontou que 90,4% dos 8,4 GW de capacidade adicionados na nossa matriz no ano passado são oriundos de plantas solares ou eólicas. Junto a isso, outras soluções complementares ganham destaque – como armazenamento em bateria, a modernização e a inovação para eficiência energética, e aumento dos investimentos em projetos de hidrogênio verde e outras fontes limpas de energia. As iniciativas que estão acontecendo no setor elétrico têm contribuído ativamente com a transição energética no Brasil, que em 2023 foi o 6° no mundo que mais atraiu tais investimentos, ficando na primeira posição entre os países emergentes, com R$ 34,8 bilhões, segundo a Bloomberg NEF.
Creio que nós – empresas do setor – devemos aproveitar esse movimento nacional (e global), que além dos investimentos já citados, também tem foco em ESG como macrotendência. Imagine… já somos um dos países com maior potencial para transição energética, temos crescido sistematicamente os investimentos em renováveis, e ainda atrairemos os olhos do mundo todo com a iminência da COP 30 – Amazônia em nosso próprio território.
Essa é uma oportunidade ímpar para convergirmos diversos fatores positivos, nos unirmos e potencializarmos as oportunidades para colocarmos o Brasil no epicentro das discussões, iniciativas e investimentos em transição energética em de todo o mundo.
Comunicação tem papel fundamental no fomento às agendas ESG
O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 17, que trata de “parcerias em prol das metas” é totalmente ligado à necessidade de comunicação entre empresas. A criação de workshops, fóruns e espaços de debate sobre tecnologia, boas práticas e até mesmo formação de parcerias em torno da agenda sustentável são fundamentais para promover maior sinergia entre as empresas do setor, gerando novas ideias e criando caminhos para avançarmos em conjunto, com muito mais robustez do que se tentarmos cumprir individualmente as nossas agendas ESG.
Espaços como o PACE nos permitem fomentar debates importantes, conscientizar empresas e consumidores, ganhar escala e força para avançar em todos os desafios que temos para a transição para uma economia de baixo carbono, no Brasil e no mundo.
Acredito que experimentaremos aumentos relevantes nas discussões e, quem sabe, em parcerias e investimentos em prol do nosso desenvolvimento sustentável ao longo desses próximos anos.
Fontes:
https://gtagenda2030.org.br/ods/
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