A comunicação corporativa como aliada na promoção de diversidade e inclusão
A mais recente edição da “Pesquisa de Tendências em Comunicação Interna”, divulgada no início do último ano pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (ABERJE) e agência Ação Integrada, revelou que os conceitos de Diversidade e Inclusão (D&I) estão entre os tópicos mais relevantes para os planejamentos de comunicação interna das mais de 160 organizações ouvidas durante o levantamento. As pautas ligadas a D&I foram classificadas como prioritárias por 53% das empresas analisadas, ocupando o quarto lugar entre as mais de 20 temáticas elencadas pelo estudo.
A pesquisa mostrou ainda que o tema foi o que mais avançou em interesse nos últimos anos, tendo subido da décima para a sétima posição no ranking de prioridades apresentadas nos planos de comunicação empresarial, entre 2021 e 2022, e da sétima para a quarta colocação, entre 2022 e 2023. Esse cenário comprova que, com o passar do tempo, cada vez mais corporações têm reconhecido o papel fundamental da comunicação, tanto na promoção de iniciativas de diversidade e inclusão quanto na criação de um ambiente de trabalho mais heterogêneo e igualitário.
Nesse sentido, fica evidente a necessidade de as empresas passarem a adotar uma abordagem mais proativa e inclusiva em suas estratégias de comunicação, abrindo espaço para que todas as vozes sejam ouvidas, independentemente de fatores como sexo, idade, etnia, credo ou orientação sexual. Ao prezar pela manutenção de um diálogo aberto, encorajando a troca de ideias e o compartilhamento de experiências entre colaboradores, por exemplo, as organizações não só enriquecem o ambiente corporativo, oferecendo visibilidade e promovendo a valorização de diferentes perspectivas, como também oportunizam o surgimento de novas ideias e soluções.
No contexto das iniciativas de D&I, a criação de ambientes de trabalho mais acolhedores, saudáveis e inclusivos também pode ser relacionado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3 (ODS 3) – Saúde e Bem-Estar, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), que prevê a garantia de acesso ao bem-estar para todas as pessoas, bem como a promoção da saúde mental e do trabalhador. A organização de reuniões, fóruns online e programas de comunicação interna que contemplem esses temas podem ser importantes aliados nessa jornada, bem como a adoção de uma linguagem institucional que não apenas evite a reprodução de estereótipos, preconceitos e termos discriminatórios, como também se mostre acessível, garantindo a compreensão das mensagens por todos.
No entanto, para além da adoção de uma linguagem simples e inclusiva, é preciso que o próprio discurso da comunicação corporativa esteja alinhado à implementação de práticas concretas de D&I, a fim de que o público interno se sinta, de fato, pertencente e contemplado pelas campanhas, mensagens e treinamentos divulgados. Afinal, o processo de sensibilização dos colaboradores sobre a importância dos temas ligados à diversidade só será bem-sucedido se a comunicação for capaz de ir além da mera disseminação de informações, promovendo, assim, o engajamento efetivo das equipes e a real assimilação dos valores defendidos pela empresa.
O desenvolvimento e divulgação de iniciativas e políticas internas voltadas à promoção de oportunidades iguais no ambiente de trabalho é um dos melhores caminhos para garantir que os colaboradores se sintam valorizados, respeitados e ativamente participantes da mudança que a organização deseja promover. Nesse contexto, também é possível citar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 (ODS 5) – Igualdade de gênero, da ONU, que visa, entre outras metas, garantir a participação plena e efetiva das mulheres, bem como a igualdade de oportunidades no exercício da liderança em todos níveis de tomada de decisão, seja na esfera política, econômica ou pública.
Ao enfatizar a importância da equidade de gênero no ambiente corporativo, a comunicação contribui para disseminar entre o público interno ações e iniciativas especificamente voltadas para a eliminação de
disparidades salariais e para o aumento da representatividade feminina em cargos de liderança, além de estimular a participação ativa das mulheres em todos os demais níveis hierárquicos da organização. Dessa forma, é possível demonstrar não só o comprometimento da empresa com a criação de um quadro funcional mais inclusivo e equitativo, mas também de um contexto de maior pertencimento, no qual todos tenham a real percepção de que suas vozes e opiniões são ouvidas e respeitadas.
Em suma, vale dizer que, ao incorporar as práticas de comunicação corporativa ás noções de bem-estar e equidade, conforme preconizadas pelos ODS 3 e 5 estabelecidos pela ONU, as empresas só têm a ganhar. Para além de um fortalecimento significativo das estratégias de D&I, cria-se, dessa forma, um ambiente ideal para que equipes e lideranças possam trilhar uma jornada de transformação cultural sólida e consistente, capaz de abarcar uma multiplicidade de perspectivas e pontos de vista que só faz enriquecer o trabalho das organizações.
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