10º Congresso de Comunicação Empresarial Aberje Rio superou expectativas
Ontem o Rio de Janeiro recebeu a décima edição do Congresso de Comunicação Empresarial Aberje, no Centro Cultural da Light. O tema deste ano foi “Gerenciando Crise, Construindo Reputação” e, sendo bem sincera, superou as minhas mais altas expectativas.
No painel de abertura, o professor de filosofia da USP Roberto Bolzani Filho nos mostrou como o conceito de crise já existe desde Platão, onde as palavras já eram usadas nas argumentações em busca da definição do que seria o certo, a verdade, e nas discussões políticas de modo a persuadir. A conclusão que deixou a todos em um grau de surpresa, como que se estivessem acabado de sair da “escuridão da caverna” foi de a “crise” não é um mal recente. Ela já existia desde os primórdios porque o que era tido como verdade mudava de acordo com as interpretações da maioria.
Paulo Henrique Soares, em sua mediação precisa (Paulo Henrique moderou os painéis da manhã e fez a abertura e o encerramento do evento), perguntou o que faria Platão se ele vivesse nos dias atuais. A resposta, ele tentaria fazer com que houvesse mais educação sobre a cidadania.
Roberto Bolzani Filho e Paulo Henrique Soares
No segundo painel, “Gerenciamento de Crise na prática”, Maurício Manzali, Gerente de Comunicação na Vale, mostrou como o programa #ValeConhecer fez com que as pessoas sentissem mais orgulho em trabalhar na Vale e conhecessem os ativos sociais da empresa, com os seus parques e demais projetos sociais. Um programa de portas abertas que não parou durante os momentos de pico de crise com a Samarco. Bem estruturado, o programa mostra visão de longo prazo na construção de reputação, ao identificar que não adianta falar para o público externo sobre as ações da empresa, se o público interno não as conhecer.
Luis Felipe Amaral, Gerente do Instituto e do Centro Cultural Light, também participou do segundo painel com o case da Dona Judith. Dona Judith é um personagem criado para abordar o problema da perda de energia com roubo (na Light, a energia roubada daria para abastecer o estado do Espirito Santo) e como economizar energia em casa. O mais surpreendente é que o “teatro da Dona Judith” é feito por um historiador e uma pedagoga que não são atores profissionais, mas funcionários terceirizados do Centro Cultural, que diante da falta de verba para realizar ações no espaço criaram eles mesmos uma alternativa. Case lindo, que apresenta a Dona Judith em um rapaz de barba e o seu filho Júnior e a técnica da Light no corpo de uma moça. O espetáculo poderia ser um pouquinho menor ou dividido em partes. Mas a criatividade e a pro atividade dos funcionários são de tirar o chapéu. Light, contrate logo esses terceirizados antes que alguma outra empresa os leve! A Dona Judith é um personagem tão rico que poderia ser desdobrado nas redes sociais e fazer belas ações de educomunicação.
Depois do almoço, houve o painel “O Papel da Comunicação no Gerenciamento de Crise e Construção de Reputação na Esfera Pública” (foto acima), com o consultor e pesquisador da FGV, ex ministro da secretaria de Comunicação Social Thomas Traumann, moderado por Tatiana Maia Lins – a pessoa que vos escreve – e que moderou os painéis da tarde. Um dos pontos altos do dia, ele abordou a dificuldade de realizar trabalhos de reputação no cenário em que vivemos, onde não há consenso de opiniões nos governos porque eles são formados por alianças de partidos, somada a dificuldade de atender as expectativas não apenas dos eleitores do governo, mas de todos os brasileiros. Ele também lembrou como a crise no governo Dilma se intensificou, a partir das manifestações de 2013.
O quarto painel teve a discussão sobre “Comunicação e Jurídico: parceria ou crise na gestão de crise?”, com Mônica Medina, Sócia Diretora da Diferencial e Paulo Almeida Lopes, sócio da Tauil & Chequer Advogados. Nele, Mônica apresentou a metodologia usada pela dupla em trabalhos preventivos de gestão de crise, com mapeamento de stakeholders e definição de plano de comunicação com cada grupo. Enquanto Paulo nos lembrou da necessidade de não cometermos sincericidio. A transparência é inegociável. Mas a comunicação não deve expor a empresa a situações em que provas sejam usadas contra ela, interferindo no julgamento dos casos pela Justiça. “Juiz também lê jornal”, disse ele.
O último painel foi dedicado a mostrar como as agências trabalham para minimizar impactos de crise junto a públicos estratégicos e seus clientes. Monique Cardoso, Gerente de Comunicação Institucional da Approach Comunicação, abriu o painel falando sobre como enfrentar crises de confiança com o público interno e deu uma verdadeira aula sobre as tendências da comunicação interna e sobre a necessidade de a empresa ter uma cultura forte o suficiente para não sofrer danos com crises externas.
Já Carina Almeida, CEO da Textual Comunicação e Fabíola Bemfeito, que foi Coordenadora de Relações com a Mídia dos Jogos Rio 2016, fecharam o painel e o congresso com o case da Tocha Olímpica, que passou por mais de 300 lugares, nos 27 estados brasileiros. Elas falaram das dificuldades de gerenciar o processo de revezamento da tocha, que levou três meses e serviu para nacionalizar o evento que aconteceu na cidade do Rio de Janeiro.
Saímos todos com o sentimento de saudade dos Jogos e com a certeza de que o evento superou expectativas em relação ao público, ao debate qualificado e a interação dos presentes com os temas apresentados. Deixo aqui os meus sinceros agradecimentos a toda a equipe envolvida em sua realização.
O 10º Congresso de Comunicação Empresarial Aberje Rio foi uma realização da Aberje, com apoio da Light e da Makemake, a Casa da Reputação no Brasil.
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