Avanço da tecnologia e fake news são tema de mesa no Aberje Trends
Na tarde da última terça-feira (25), a mesa “Fake news x Fact checking: A atualização da legislação na era da transição das mídias” no Aberje Trends, realizado no Teatro Bravos, em São Paulo, abordou a necessidade de adequação das legislações e dos profissionais às novas tecnologias que estão transformando o panorama da Comunicação. Com mediação de Suelma Rosa dos Santos, vice-presidente de Assuntos Corporativos da Pepsico para a América Latina; Pâmela Vaiano, sócia e superintendente de Comunicação Corporativa do Itaú Unibanco; Adriana Mouchereck, diretora de Marketing, Comunicação, Trade e Inteligência de Dados na Ajinomoto do Brasil; e Fábio Rua, vice-presidente de Relações Governamentais, Comunicação e ESG da General Motors América do Sul, discutiram como o avanço de tecnologias como a como inteligência artificial criam um cenário incerto em meio à proliferação de notícias falsas.
“As fake news e a desinformação fazem parte da vida de todos, especialmente nesse mundo de emergências em que todos são criadores de conteúdo e precisam se posicionar sobre tudo”, explicou Vaiano. De acordo com ela, as notícias falsas podem inclusive pautar a imprensa, o que gera uma necessidade para empresas se posicionarem sobre boatos. “O mercado financeiro brasileiro está muito exposto devido ao trauma do confisco das poupanças no início dos anos 1990”, lembrou. Para se manter à frente de boatos e rumores, o Itaú firmou uma parceria com a Quaest, uma consultoria especializada em análise de dados. A empresa monitora redes sociais 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive grupos de Telegram e WhatsApp, conforme detalhou Vaiano. Para ganhar tempo, posicionamentos são preparados e enviados via WhatsApp, o que garante agilidade em aprovações e respostas.
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O papel da educação
Para Fábio Rua, esse debate envolve duas questões: fake news e necessidade de regulação. “Hoje, as plataformas têm feito um bom trabalho, as fake news devem ser combatidas com educação e tecnologia”, afirmou Rua. Ele lembrou que as fake news trouxeram grandes desafios, como um boato de que a GM sairia do Brasil. “Esse boato foi combatido com a verdade, com anúncios e compromissos”, contou, reforçando o papel da postura transparente na comunicação.
“As fake news são anteriores à tecnologia”, contou Adriana Mouchereck. De acordo com Mouchereck, a própria Ajinomoto já foi vítima de uma campanha de boatos sobre supostos malefícios do glutamato, que começou em meados de 1960, em um contexto de Guerra Fria, com cartas enviadas para jornais nos EUA por pesquisadores falando sobre uma suposta “Síndrome do Restaurante Chinês”. “A informação precisa chegar a todos”, afirmou Mouchereck, explicando que a Ajinomoto ajudou inclusive a atualizar livros didáticos no Brasil para corrigir menções a esses boatos.
A confiança do público é um dos fatores para definir os efeitos desse avanço da tecnologia, segundo Rua. Ele se definiu como early adopter da tecnologia e afirmou que a regulação é necessária, mas que a classe política precisa estar mais versada no tema. “Eu sei do risco de ceder meus dados, mas acredito no potencial da tecnologia para o bem”, continuou. “O futuro da tecnologia é mais promissor quanto maior for a nossa confiança”, concluiu Rua.
Os meios de comunicação também passaram por uma transformação ligada à confiança. Antes as organizações dialogavam com alguns veículos consolidados de imprensa, agora é necessário falar com vários veículos digitais diferentes. A confiança está pulverizada, em alguns casos em órgãos nem sempre idôneos. “A metodologia desenvolvida com a Quaest nos dá um primeiro mapa para entender o que deve ser apurado e como”, explicou Vaiano. “Essa análise é feita caso a caso, inclusive para garantir que uma movimentação nossa não traga mais atenção para um assunto que não tem relevância no momento”, concluiu.
Públicos internos e notícias falsas
Dentro das organizações, as notícias falsas também têm impacto. Por isso, a liderança deve manter suas pessoas bem-informadas, aproveitando sua boa reputação e a confiança dos colaboradores. Para Moucherek, da Ajinomoto, a credibilidade de que gozam as empresas japonesas no Brasil faz a diferença em meio à agressividade das redes sociais. “Ter base científica dá solidez e segurança aos argumentos”, acrescentou ela. “Como empresa, precisamos nos colocar no lugar do outro”, finalizou.
“Nós somos apaixonados por nossas crenças e precisamos manter certa distância, tanto para aconselhar organizações quanto lidar com imprensa e influenciadores”, explicou Vaiano. “Nosso papel nas organizações é buscar caminhos para o diálogo e, para isso, precisamos desse afastamento”, encerrou.
A 8ª edição do Aberje Trends contou com o patrocínio de BASF, Bayer, ENGIE Brasil, Gerdau, Itaú Unibanco, LATAM Airlines, Arcos Dorados, Novo Nordisk e Stellantis; o apoio da CPFL Energia, Prospectiva Public Affairs LAT.AM, P3K Comunicação e Tetra Pak; e media partner de InfoMoney e propmark.
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