Web Summit Lisboa (dia 0): confira como foi a abertura da conferência de inovação
Victor Pereira, da área de Relações Institucionais e Internacionais da Aberje, em parceria com a associada Brivia, participa do Web Summit 2021 Lisboa, principal evento de tecnologia e inovação do mundo, e traz insights da conferência para os profissionais de comunicação
Reservas. Passagens. Certificado de vacinação. Exame PCR. Formulário. Check-list. Double check. Check-in. Credenciamento. Programação. Agenda. Ufa! Para quem estava acostumado a arrumar o cabelo, colocar uma camisa e se sentar em frente ao computador para participar de um evento, a lista de coisas para fazer antes de se estar em um evento presencial – e internacional – de novo chega a dar vertigem de tão complexa. Mas por outro lado é reconfortante saber que, aos poucos, algumas oportunidades de conexão e experiências com pessoas do mundo inteiro estão voltando. E encontrar-se, conversar e trocar com essas pessoas é insubstituível.
Embarquei para Lisboa para conhecer um dos maiores eventos de tecnologia e inovação (e muito mais, como descobri aqui) do mundo, o Web Summit. Juntei-me ao grupo da missão da associada Brivia, que já há alguns anos acompanha a gigantesca conferência que nasceu em 2009, em Dublin, e mudou-se para Portugal em 2016. E o adjetivo aqui não é exagero. Os grandes números impressionam. São mais de 40 mil participantes, sendo que, pela primeira vez, o número de mulheres ultrapassou o de homens (50,5%). O total de 748 palestrantes entregam mais de 1300 palestras, em diversos formatos. Tudo isso no maior palco de Portugal, a Altice Arena, e em mais quatro pavilhões dedicados aos diversos temas que são impactados pela transformação tecnológica e digital. Além, é claro, dos espaços dedicados a encontros de networking, centro de mídia e alimentação.
Se ainda havia dúvidas se as pessoas iriam voltar aos eventos presenciais após as imposições da pandemia, agora pode ter certeza de que a resposta está dada. Todos os presentes estavam animados para isso!
O Web Summit pode ser muitas coisas
Não é apenas um evento convencional. As pessoas vêm ao Web Summit para fazer, criar e investir em negócios. E o famoso networking é extensivamente estimulado. Na abertura, feita pelo CEO do Web Summit, Paddy Cosgrave, a sensação de “estamos de volta” teve seu auge quando foi pedido que todos se levantassem e se apresentassem ao colega ao lado. A instrução era que você escaneasse o QR Code das credenciais, tão familiar em tempos de interações pandêmicas, com seu celular, e pronto. O escaneamento coletivo, como poderia se esperar, deu erro. Participantes ao redor simplesmente desistiam de registrar seus novos contatos no aplicativo e estendiam os punhos cerrados para o famoso soquinho que passou a substituir os apertos de mão.
Ao meu lado estava o alemão Holger Friesz, VP Comercial do software AnyDesk, que, como o nome diz, fornece a facilidade de acessar outro notebook ou desktop de qualquer computador. Por coincidência, uma plataforma que utilizo com frequência, quando não estou com meu computador por perto.
Com a falha do app, recorremos ao LinkedIn, que tem a mesma funcionalidade de escanear QR codes. Inclusive, Holger leva em sua foto de perfil um filtro com “#Hiring” aplicado. Se te interessar, ficarei feliz em fazer a ponte com o meu novo amigo alemão. Nas palavras dele, está participando do evento para fazer conexões, conhecer as tendências e aprender. E quem não está?
Todos os caminhos levam a Lisboa
É impossível estar em Lisboa e não pensar nas expedições dos navegantes de 500 anos atrás. Mas se antes eles saíam daqui para “descobrir” novas terras, hoje os portugueses querem mais é que o mundo descubra Lisboa. A cidade se posiciona como a terra da inovação e dos negócios do futuro para a Europa e para o mundo já há alguns anos. Uma cidade aberta, reinventada e preocupada em oferecer um ambiente favorável para o desenvolvimento. Essa preocupação fica evidente nas falas de abertura do prefeito de Lisboa, Carlos Moedas, e do Ministro da Economia de Portugal, Pedro Siza Vieira. “Um país para fazer negócios e criar empresas”, nas palavras de Vieira.
O ativismo e as redes que movem o mundo
A noite de abertura ficou reservada a dois temas muito caros à comunicação, o ativismo e redes sociais. A cofundadora do movimento Black Lives Matter, Ayo Tometi, propôs o questionamento: o que o BLM pode ensinar à área de tecnologia? Tometi afirmou que vivemos um momento em que a tecnologia realmente pode levar as conversas para frente, mas que estes movimentos precisam estar baseados em valores. Ela também reconhece que hoje possui um privilégio após ter construído uma plataforma de grande alcance, e se compromete a levantar temas sociais que a grande mídia não está cobrindo. Por fim, Tometi deixou a pergunta para as milhares de pessoas que compunham a plateia na Altice Arena: por que vocês estão nessa conferência? Quem vocês se tornarão após o evento?
O segundo destaque da noite ficou para Frances Haugen, ex-funcionária do Facebook que entregou milhares de documentos aos serviços de segurança americanos que, segundo ela, provam que o Facebook mente sobre a efetividade das campanhas contra violência, ódio e desinformação em suas plataformas. No palco de abertura, Haugen sugeriu que o CEO Mark Zuckerberg saísse da liderança da empesa. E insistiu que as plataformas deveriam focar na segurança do usuário. A “whistleblower”, no termo em inglês, era uma das presenças mais aguardadas para esta edição.
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