02 de maio de 2019

Artesanato do Urucuia Grande Sertão está na São Paulo Fashion Week sob apoio da Fundação BB

Há quatro anos, a fiandeira Neusali Gonçalves de Souza Figueiredo, do município de Riachinho (MG) juntou-se ao grupo de mulheres da Central Veredas para aprender um lindo ofício: o tear ou fiar. Em pouco tempo ela já sabia fazer peças incríveis que passaram a ser comercializadas no Brasil e em outros países. A sua mestre foi a artesã Maria Nadir Mendes de Sá, uma das mais experientes do grupo de 160 mulheres.

Os produtos desenvolvidos pelas artesãs são frutos da criatividade, inspiração e da cultura do Urucuia Grande Sertão, região noroeste de Minas Gerais, onde Guimarães Rosa se inspirou para escrever sua obra Grande Sertão:Veredas. As técnicas, repassadas de pais para filhos, são referenciais  na qualidade e no tingimento com pigmentação de árvores do Cerrado.

Na lista de peças confeccionadas pelo grupo estão os artesanatos de algodão – xales, mantas para sofá, colchas, jogos americanos e caminhos de mesa. Elas também confeccionam objetos decorativos e bordados com temas da região e árvores do Cerrado, como caixas, móveis e flores produzidas com o buriti.

Neusali, Maria Nadir e outras duas artesãs apresentaram no dia 27 de abril em São Paulo suas peças em um dos maiores e mais famosos desfiles de moda do mundo, o São Paulo Fashion Week.  As roupas foram desenvolvidas pela estilista de moda Flávia Aranha, que conheceu o trabalho do grupo em 2015.

Flávia conta que andava a procura de pessoas que trabalhassem com o tingimento à base do índigo natural quando descobriu que as mulheres da Central Veredas usavam a técnica que estava meio esquecida. “Em pouco tempo visitei todos os núcleos e me apaixonei pelo lugar, pelas histórias de vida e pelo conhecimento que elas têm sobre a fiação tradicional. Além disso, vi que elas trabalhavam cantando e isso foi muito impactante. A partir daí, a gente passou a fazer experiências juntas na tecelagem. Também me interessei pelos bordados, pelos tecidos, por tudo. Quero investir na cultura do algodão, pois o artesanato  precisa de apoio  e de fomento, e eu quero colaborar”, declarou a estilista.

 

FUNDAÇÃO BB – A Fundação Banco do Brasil, instituição associada da Aberje, é um dos principais parceiros da Central Veredas, entidade composta por núcleos produtivos nas localidades mineiras de Natalândia, Sagarana, Bonfinópolis de Minas, Riachinho, Serra das Araras, Chapada Gaúcha, Urucuia, Uruana de Minas, Buritis e Arinos. Desde 2013 foram investidos cerca de R$ 980 mil na estruturação da Rede Solidária de Artesanato, com objetivo de garantir a sustentabilidade da organização.

Os recursos foram aplicados na mobilização e capacitação das artesãs para o fortalecimento dos núcleos, melhoria da qualidade das peças e aumento da produtividade. E ainda, contribuíram para o aprimoramento da tecnologia social “Cores do Cerrado” na construção e estruturação da unidade de tingimento.

A metodologia “Cores do Cerrado” foi certificada pelo Prêmio Fundação de Tecnologia Social em 2011 e é parte do Banco de Tecnologia Social (BTS), junto com outras 985 iniciativas. A tecnologia propõe a recuperação da atividade artesanal tradicional, com foco no trabalho em rede e conceitos do comércio justo, possibilitando a geração de emprego e renda dignos em atividades de fiação artesanal, tecelagem e tingimento com corantes naturais e orgânicos.

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