Após um ano de pandemia, brasileiros se mantêm otimistas, mas seguem preocupados com a saúde e a economia
Estudo da EY-Parthenon mostra que novos hábitos e comportamentos adquiridos em 2020 aceleraram algumas mudanças que devem se tornar perenes nos próximos anos
Passado um ano do início da pandemia do novo coronavírus, os consumidores brasileiros mostram que os novos hábitos e mudanças de comportamento adquiridos em 2020 terão continuidade ou mesmo aceleração nos próximos anos. É o que aponta a nova versão do estudo EY Future Consumer Index 2021 (FCI), produzido entre janeiro e fevereiro deste ano pela EY-Parthenon, braço de consultoria estratégica da EY, com base em pesquisas realizadas com quase 15 mil consumidores de 19 países.
No Brasil, foram 1.007 pessoas consultadas, entre homens e mulheres maiores de 18 anos e de todas as classes sociais.
Uma das tendências apontadas indica que dimensões tradicionais como preço, qualidade e disponibilidade ganharam importância, porém, os impactos causados pelas empresas passam a ter forte relevância agora. Tal cenário abriu margem para que elas ampliem o relacionamento com seus clientes, investindo não apenas em inovações tecnológicas, passando por melhores experiências em relação a toda a jornada do consumidor, mas também em soluções que valorizem os aspectos sociais, ambientais e de governança.
“As empresas que já estavam com seus planos de transformação digital adiantados ganharam vantagem competitiva em meio às mudanças repentinas provocadas pela pandemia. Porém, ter a melhor tecnologia, preço, produto ou serviço não mais é o bastante. É necessário estar atento às novas demandas da sociedade em termos de propósito, sustentabilidade e adoção de uma postura mais ética, que, de alguma forma, criem valor para a vida dos consumidores”, explica Sergio Menezes, sócio da EY-Parthenon.
Preocupações atuais
Entre os consumidores brasileiros, 55% demonstraram otimismo em relação ao próprio futuro, e apenas 22% acreditam que o ano atual será pior para o país. Esse otimismo, porém, não foi suficiente para eliminar as preocupações de 97% deles em relação à economia brasileira, bem como o bem-estar de suas famílias e o impacto social da pandemia (96% em ambos os casos). Para 94%, a saúde pessoal vem como terceiro fator de preocupação.
Ainda no campo econômico, 93% dos consumidores brasileiros ouvidos pela pesquisa relataram preocupação com suas finanças pessoais em decorrência da perda do valor da moeda e do poder de compra. Como consequência, nove a cada dez brasileiros demonstram estarem preocupados com o acesso a itens de necessidade básica.
A líder do segmento de Varejo e Bens de Consumo da EY no Brasil e América do Sul, Cristiane Amaral comenta sobre a preocupação dos brasileiros com seus relacionamentos durante a pandemia. “Como medida de controle do avanço do vírus, a maioria das cidades e municípios no país fechou os espaços de lazer, impedindo o convívio social entre as pessoas. Essa decisão afetou 91% dos entrevistados, que também relatam certo grau de preocupação com a falta de liberdade para aproveitar a vida.”
Mudanças no consumo
O estudo mostra que 50% dos brasileiros ouvidos revelaram este ano se sentirem confortáveis em realizar suas compras presencialmente, em lojas ou supermercados – superando o cenário de 2020, com 36% -, mas a frequência deverá ser menor, com 69% indo menos vezes a esses locais, superando os 62% do ano passado. Também foi apontado um aumento no percentual de brasileiros se sentindo confortáveis em se deslocar até o local de trabalho, passando de 30% em 2020 para 44% em 2021. Aumento similar foi observado em várias outras atividades que exigem que as pessoas saiam de casa, mesmo tendo que se adaptar à nova rotina de cuidados devido à pandemia.
“Embora tenha havido um aumento das compras online durante a pandemia, com crescimento médio de 72% no primeiro trimestre de 2021, comparado com o mesmo período no ano passado, e sendo a preferência para 30% dos consumidores, os dados mostram que as compras nas lojas físicas ainda seguirão fortes, acima de 40% para pequenos e grandes varejistas”, diz Cristiane.
Como critérios para realização das compras, o preço ainda é um fator determinante para 82% dos consumidores brasileiros, confirmando, assim, a preocupação das pessoas com seus gastos. O segundo critério avaliado (78%) é se a compra, de alguma forma, fará bem à saúde das pessoas, seguido pela qualidade dos produtos (77%), e pela disponibilidade de entrega (68%). O quesito sustentabilidade aparece de forma relevante, sendo levado em conta por 66% dos brasileiros ouvidos, tendo como principais fatores para a decisão de compra os valores praticados pelas empresas em relação aos cuidados com seus funcionários (79%) e o impacto positivo na sociedade (75%).
Novos hábitos e comportamentos
Em relação à alimentação, cerca de 70% dos brasileiros disseram não comer mais fora de casa ou que ao menos estão reduzindo a frequência desse tipo de atividade, levando a mudanças na forma como compram ou cozinham seus alimentos. O trabalho também foi fortemente impactado ao longo da pandemia, de modo que, na comparação com outros países, a expectativa dos brasileiros em relação ao home office é maior. Enquanto 55% desejam um modelo mais flexível, 44% preferem continuar trabalhando em casa com mais frequência. No caso dos estudos, 30% relataram que deverão participar de aulas e treinamentos usando a internet como principal ferramenta nos próximos anos.
Em relação ao lazer e o entretenimento, mesmo que a pandemia não termine nos próximos meses, 83% acreditam que poderão continuar a frequentar bares e restaurantes, além de shows e outros espetáculos (53%), enquanto 46% dos brasileiros manifestaram intenção de aproveitar momentos de lazer, feriados e férias em outros locais fora de suas residências. Quanto ao transporte e a mobilidade, com o aumento da vulnerabilidade em relação ao novo coronavírus, 64% disseram que pretendem fazer menor uso do transporte público nos próximos anos, seja para ir ao trabalho, seja para estudar. Como meios alternativos, se deslocar caminhando ou correndo foi apontado como opção por 47%, enquanto 37% preferem recorrer a caronas. No que diz respeito a viagens, o percentual é maior, com 78% acreditando poder realizar viagens de avião nos próximos meses.
“Os dados apontados nesta nova edição do FCI mostram que existe uma grande possibilidade de que muitas das mudanças percebidas nos hábitos e comportamentos das pessoas deverão continuar nos próximos anos, com algumas delas se intensificando, obrigando as empresas redefinir seus modelos de negócios”, conclui Sergio Menezes. “A praticidade, a possibilidade de rápida pesquisa de preço, disponibilidade do produto e confiança no canal digital são fatores que o consumidor aprendeu a valorizar e devem permanecer”, complementa Cristiane.
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