Aberje Trends traz experiências e olhares de dentro da comunicação interna
Com a chegada das novas gerações ao mercado e os novos modos de trabalho, a comunicação interna precisou se reinventar para engajar colaboradores e fortalecer a cultura organizacional. Com mediação de Elizeo Karkoski, sócio-diretor executivo na P3K Comunicação, a mesa “O desafio da comunicação interna na transição de mídias e gerações” reuniu David Grinberg, vice-presidente de Comunicação Corporativa na Arcos Dorados; Rejane Braz, gerente executiva de Comunicação do Banco BS2; e Fabrício Biondo, vice-presidente de Comunicação Corporativa da Stellantis para a América do Sul, para dividirem experiências e insights sobre a comunicação com e entre colaboradores.
“Nós, gestores da Comunicação, ficamos mais velhos a cada ano, mas os jovens vão ser sempre jovens”. Foi assim que Grinberg abriu sua fala sobre os desafios da comunicação interna na Arcos Dorados, responsável pela operação do McDonald’s no Brasil. “A comunicação interna é uma versão da comunicação externa em que falamos com a nossa operação, formada por gente jovem e que não tem acesso a celulares ou outros dispositivos durante as jornadas de trabalho nos restaurantes”, explicou.
Para enfrentar o desafio, a Arcos Dorados realizou a maior pesquisa de sua história, abrangendo 20 países da América Latina. O resultado demonstrou que a equipe não tinha um conceito do que fosse (ou não) comunicação interna. Nas lojas, o gerente atuava quase como um editor, fazendo uma curadoria informal do que seria disponibilizado para o time. Após a pesquisa, a Arcos Dorados disponibilizou canais no Instagram e no Tik Tok feitos pela equipe, com comitês divididos por países em que são definidas as pautas que vão para os gerentes.
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No Banco BS2, um dos desafios de Rejane Braz eram as diferentes gerações trabalhando juntas na organização, cada qual com suas próprias linguagens e estilos. São quatro gerações na empresa, com mais de 50% dos colaboradores na chamada geração Y, ou millennial. “Depois da joint venture com o Santander, viramos um banco digital, com foco em contas para pessoa jurídica. O banco precisou reconquistar sua audiência e hoje nós temos um engajamento alto em nossas ações em digital, mas sem esquecer de ações off e de reuniões presenciais”, contou Braz.
“A comunicação interna é um aprendizado diário e nós adotamos vários formatos. Em Betim usamos inclusive busdoor”, explicou Biondo. Para ele, a empresa é um estrato da sociedade e precisa refletir sua diversidade, inclusive com a representatividade de minorias. A companhia usa um aplicativo interno, o Hands On, ao qual todos os times de todas as áreas e locais têm acesso. Por meio dele, as pessoas têm acesso, entre outras coisas, a informes internos e documentos de RH, e os administradores têm acesso a dados que podem ser aproveitados em pesquisas para identificar oportunidades para a Comunicação.
Trabalho remoto e cultura em transformação
As transformações nos modelos de trabalho também trazem seus próprios desafios para as áreas de Comunicação.
“Na Stellantis, o home office já era uma realidade antes da pandemia, mas a sua adoção foi acelerada com a necessidade do isolamento. Mesmo hoje, nós propomos um modelo de 70% do tempo em home office e 30% no escritório. A adoção foi alta e a produtividade do time também”, contou Biondo. Hoje, a ideia é que os líderes criem vínculos significativos com suas equipes e incentivem as pessoas a fazerem contatos pessoais com seus colegas nos dias em que estão nos escritórios.
“Os pontos centrais são a produtividade e a responsabilidade. No escritório, é difícil adotar regras porque há perfis diferentes de colaboradores, mas não dá para administrar uma companhia só olhando caso a caso”, declarou Grinberg. Contudo, ele lembrou que nos restaurantes o trabalho é, necessariamente, 100% presencial.
O desafio, na maioria das organizações, é valorizar os dias no escritório, para evitar que a equipe tenha que se deslocar para passar o dia fazendo reuniões online. “Nós aumentamos a quantidade de ações no escritório para fazer com que os dias de trabalho presencial fossem mais interessantes. Hoje, temos quatro modelos de trabalho no banco e esses sistemas estão dando certo”, contou Braz sobre o BS2. Após a pandemia, ela lembrou que houve uma pressão das lideranças para trazer as pessoas de volta ao escritório, mas que os times de Comunicação e RH negociaram as condições e prazos desse retorno, considerando as necessidades dos colaboradores.
Propósito e felicidade
“Nós olhamos e contribuímos para os processos de manutenção da cultura da organização”, afirmou Karkoski. Ele então leu uma pergunta da plateia para os participantes da mesa, questionando o que faz os colaboradores de suas organizações felizes.
“Nossas pessoas querem poder ser elas mesmas para construir seus sonhos”, explicou Grinberg. Braz concordou. “As pessoas querem poder construir algo maior junto com a empresa, elas querem esse respeito e esse reconhecimento, além, é claro, do salário e dos benefícios”, afirmou. “Para muitas das nossas pessoas é o propósito que faz a diferença, então precisamos criar meios para que as pessoas possam conectar seu propósito pessoal ao da empresa”, disse Biondo.
Braz ainda destacou o papel que a comunicação interna pode desempenhar nas ações de diversidade, equidade e inclusão. “Anos atrás, quando participei da primeira turma do Curso Completo em Diversidade nas Organizações da Escola Aberje, tive muita vontade de mudar de área mas infelizmente não foi possível. Essa oportunidade apareceu em um cargo na Comunicação, que eu aceitei para poder ‘hackear’ o sistema por dentro. Hoje, desenvolvemos ações e programas para promover os valores de DEI e estamos atualmente realizando uma iniciativa para acelerar as promoções de mulheres que estão em cargos de base, que tradicionalmente demoravam mais a serem promovidas”, explicou.
Os participantes encerraram a mesa com lições para garantir o engajamento da comunicação em meio à transição entre plataformas. A Comunicação precisa estar onde o time está, então é importante humanizar a produção de conteúdo, para dar voz e visibilidade ao time. Para isso, é importante ter cabeça aberta, ousadia e coragem para comunicar de forma leve e divertida.
A 8ª edição do Aberje Trends contou com o patrocínio de BASF, Bayer, ENGIE Brasil, Gerdau, Itaú Unibanco, LATAM Airlines, Arcos Dorados, Novo Nordisk e Stellantis; o apoio da CPFL Energia, Prospectiva Public Affairs LAT.AM, P3K Comunicação e Tetra Pak; e media partner de InfoMoney e propmark.
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