28 de junho de 2024

Aberje Trends reúne painel de mulheres CEOs para discutir comunicação de impacto

Líderes da Anglo American, da Intel e da Uber debateram oportunidades para estabelecer conexões dentro e fora de organizações
Crédito: Tati Nolla

“Qual é a transição mais importante em sua organização e como vocês vão enfrentá-la”? Foi com essa pergunta, feita em um vídeo, que Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil, abriu os trabalhos da mesa “CEOs em foco: comunicação de impacto na era da transformação”, realizada na terça-feira (25) durante o Aberje Trends, no Teatro Bravos, em São Paulo. Com moderação de Rafael Sbarai, head de Produto do Cartola Express, da Globo; Cláudia Muchaluat, CEO da Intel Brasil; Silvia Penna, CEO da Uber Brasil; e Ana Sanches, CEO da Anglo American Brasil, falaram sobre o papel da comunicação dentro e fora das organizações e sua relação com as transições vividas atualmente dentro e fora das empresas.

Crédito: Tati Nolla

Para Cláudia Muchaluat, as transições climática e tecnológica hoje são as tendências mais significativas. “Atualmente, tudo roda em chips e a economia digital está crescendo, impulsionada, entre outras coisas, pela inteligência artificial”, explicou. A IA é inclusive um dos destaques de um hackathon que está sendo organizado pela empresa voltado às soluções para questões climáticas, fome e miséria”. Muchaluat destacou ainda o esforço da companhia com a transição climática, com a meta de operações net zero até 2040. Para ela, a característica resiliência dos brasileiros desponta com uma vantagem em meio às transformações atuais. “O brasileiro navega muito tranquilamente nesse ambiente caótico, em que a única certeza que temos é da mudança”, concluiu Muchaluat.

Cláudia Muchaluat, CEO da Intel Brasil (Crédito: Tati Nolla)

Silvia Penna também destacou o impacto da tecnologia. “A Uber usa soluções tecnológicas para conectar pessoas, nosso papel é usar essas soluções para abordar questões práticas”, afirmou.

“A primeira transição em que pensamos em nosso setor é a energética, e não se faz transição sem minerais”, disse Ana Sanches. Ela destacou que a mineração depende da transição tecnológica para se tornar mais eficiente, com menor impacto. Paralelamente, o setor enfrenta uma transição reputacional, pois ainda há muito desconhecimento sobre a mineração. Ao mesmo tempo, as demandas da sociedade mudam continuamente e é preciso compreendê-las. “Nosso setor precisa muito de comunicação. Por muito tempo foi um setor tímido, ninguém sabe como a mineração funciona. Precisamos nos comunicar de uma forma transparente, sustentável e autêntica”, concluiu Sanches.

Soluções tropicais

Sbarai perguntou às CEOs como é possível tropicalizar a comunicação das matrizes para suas operações no Brasil.

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Para Sanches, sua experiência com times internacionais na matriz da Anglo American, em Londres, fez muita diferença em sua formação e no trabalho que realiza hoje no Brasil. “Para liderar equipes com pessoas de vários países, eu precisava entender como motivar o time. E quando voltei ao Brasil, vi e entendi com clareza a importância dessa questão cultural”, contou.

Ana Sanches, CEO da Anglo American Brasil (Crédito: Tati Nolla)

“A comunicação é a arte de se conectar com o outro. E isso é potencializado quando você se conecta sobretudo com as emoções do outro. Comunicação é você ter claridade da mensagem que quer entregar para as audiências, no melhor formato, para ter a conexão human-to-human”, explicou Muchaluat.

A empatia também é um componente importante para Silvia Penna, da Uber. “Não estamos em uma ilha, eu tenho que entender meu interlocutor e me conectar com o que acontece na vida dessa pessoa”, explicou. “Você só vai conseguir criar uma iniciativa que seja global se você tiver empatia com as questões e os problemas nesse contexto do Brasil”, concluiu Penna.

Desafios e oportunidades na Comunicação

Sbarai também questionou as líderes sobre os desafios ligados diretamente à comunicação.

“Não podemos achar que sabemos tudo. Eu sou uma pessoa curiosa, gosto de perguntar e aprender, e isso começa pela escuta ativa. Eu gosto de estar na operação para conversar com as pessoas. Nosso negócio é de longo prazo”, explicou Sanches. Para ela, é importante ser genuína e intencional. “Com cuidado e com respeito, tudo pode ser falado – inclusive discussões e feedbacks duros. No fim do dia é gostar de gente. Falamos tanto de tecnologia, inteligência artificial, mas o diferencial mesmo é o líder que gosta de gente”, finalizou.

“Eu vim de indústrias muito tradicionais, com espaços mais masculinos. Isso me tornou uma pessoa mais fechada, menos empática e menos vulnerável”, lembrou Penna, da Uber. Ela comentou que algumas pessoas duvidaram de sua capacidade quando assumiu a liderança da companhia aos 32 anos. “Como me abrir para a vulnerabilidade de me conectar com outras pessoas? Tenho trabalhado nisso desde que assumi a posição. A vulnerabilidade cria a base da comunicação, entendendo desafios das pessoas e compartilhando desafios que passamos”, afirmou.

“Eu vejo a comunicação como uma ferramenta para a construção, para entender as dores e expectativas do interlocutor. O comunicador e a comunicadora devem ter voz e precisam estar posicionados em pé de igualdade com as lideranças”, afirmou Muchaluat, da Intel Brasil.

Silvia Penna, CEO da Uber Brasil (Crédito: Tati Nolla)

“O papel da comunicação é humanizar a marca e traduzir os valores e planos da empresa para que a audiência receba da maneira mais verídica possível. Isso requer evolução, inclusive para compreender as mudanças dos interlocutores”, completou Penna.

Gênero na pauta

Ao final do painel, Sbarai perguntou sobre como a organização de cada uma das CEOs vivenciam as transformações ligadas às questões de diversidade, equidade e inclusão.

“Para a Intel, a diversidade e a inclusão são as coisas certas a se fazer. A empresa é inovadora e isso depende da diversidade. Agimos conforme o nosso discurso e isso é positivo para o negócio e para a perenidade da empresa”, explicou Muchaluat.

“Isso está no DNA da Uber e sempre abordamos essas questões em nossas iniciativas internas, inclusive com ações pro bono de nossos times voltadas para motoristas parceiras”, contou Penna.

“A mineração é tradicionalmente um meio masculino, mas isso está mudando. Antes as mulheres assumiam uma postura ‘masculinizada’ para conquistar seu espaço, mas sempre senti a necessidade de garantir que as pessoas pudessem ser quem elas quisessem”, encerrou Sanches.

A 8ª edição do Aberje Trends contou com o patrocínio de BASF, Bayer, ENGIE Brasil, Gerdau, Itaú Unibanco, LATAM Airlines, Arcos Dorados, Novo Nordisk e Stellantis; o apoio da CPFL Energia, Prospectiva Public Affairs LAT.AM, P3K Comunicação e Tetra Pak; e media partner de InfoMoney e propmark.

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