01 de outubro de 2021

A mobilidade do futuro precisa de um novo perfil de comunicador: 3º Lab de Comunicação para Mobilidade debate tendências

Evento reúne profissionais de comunicação da Uber, General Motors, Itaú e Grupo Energisa

Evento reúne profissionais de comunicação da Uber, General Motors, Itaú e Grupo Energisa

O 3º encontro do Lab de Comunicação para a Mobilidade realizado no dia 30 de setembro, contou com a participação do diretor de Comunicação da Uber para América Latina, Saulo Passos; do diretor de Comunicação Corporativa e Marca da General Motors no Mercosul, Nelson Silveira; do gerente de Comunicação Corporativa e Reputação Itaú Unibanco, Paulo Sampaio; e da gerente Sênior de Comunicação Institucional do Grupo Energisa, Aline Almeida. A abertura do evento foi feita pelo diretor-geral da Aberje, Hamilton dos Santos, e pelo diretor-presidente da Aberje, Paulo Nassar. Para mediar o encontro, Antonio Rapoula, VP da Associação Portuguesa de Comunicação Empresarial (APCE). 

Comunicação holística

Ao comentar sobre como a comunicação foi e continua sendo fator importante para a condução dos negócios, Saulo Passos, da Uber, fez questão de frisar que o core business da companhia está diretamente ligado à mobilidade e que, mesmo afetada pela pandemia, a empresa se viu diante de uma nova oportunidade com o serviço de entregas.

“O delivery vem crescendo numa taxa anual de mais de três dígitos, incluindo o Brasil. Do ponto de vista de Comunicação, traz novos desafios; então mudamos o posicionamento da companhia, focando numa comunicação muito mais holística com uma visão e plataforma unificada que pudesse mostrar todas as áreas de negócios às quais a gente opera. Também tivemos uma série de ajustes tantos nas linhas de negócios quanto na questão institucional”, salienta.

Saulo Passos

Entre as ações de comunicação nesse período, a Uber firmou várias parcerias para oferecer todo o suporte necessário e aliviar a crise imposta pela pandemia. “Temos uma base de mais de um milhão de motoristas e entregadores que trabalham na plataforma da Uber no país, e isso demandava uma atenção específica e o foco em como se relacionar e como ter essa comunicação com eles”, explica Passos. 

As mudanças vão desde uma revisão das políticas internas até diretrizes que deram suporte para os motoristas que eventualmente fossem contaminados pela Covid. “Criamos mais de 15 centros de higienização por todo o país, onde os entregadores podiam levar seus veículos não só para fazer higienização, mas também para receber kits de limpeza, máscaras etc”, conta .“Hoje, o nosso maior negócio se transformou no serviço de entregas”, afirma o executivo.

Do storytelling para o storydoing

Em sua fala, Nelson Silveira, da GM, compartilhou com todos o contexto que a companhia está passando e o novo perfil do comunicador para fazer frente ao futuro da mobilidade. Na ocasião, o executivo lembrou que valor e propósito se tornaram os motores do mundo corporativo na era digital. “Nos últimos anos, alguns dilemas existenciais ganharam destaque. Perguntas e reflexões sobre quem somos, para onde vamos e de onde viemos, vem ganhando a pauta das organizações. O conceito de missão passou a ter uma dimensão cultural e passou a contribuir para que as empresas começassem a funcionar como comunidade”, inicia.

“Na busca da criação de algo com efetivo valor, nós estamos nos movendo do storytelling para o que eu chamaria de storydoing, porque ao entender que causa e propósito devem ser elementos sustentadores da estratégia do negócio da marca já não adianta mais ter apenas uma boa história, mas que ela seja genuína e autêntica para que possa ter credibilidade. Nesse novo mundo digital, a comunicação é o elo entre os valores e a cultura da organização e os seus diversos stakeholders”, afirma.

Nelson Silveira

E qual seria o perfil desse novo comunicador? Silveira provoca a audiência ao indagar se seria o ‘super homem do Nietzsche’, aquele que supera a forma humana velha e desgastada, que supera todos os humanismos e toda a cultura que o prende em si mesmo e lança a flecha dos seus anseios por cima do homem? “Certamente essa referência é válida se pensarmos no desafio que enfrentamos hoje ao nos comunicarmos num contexto tão disruptivo. O ESG, por exemplo, tornou-se um verdadeiro ativo das corporações e o novo comunicador nesse contexto se transforma nesse herói que vai ajudar a conectar os valores e o propósito da organização aos seus stakeholders”. 

De acordo com Silveira, é ele quem vai trabalhar para o desenvolvimento de conteúdos que expressem a caminhada da organização e das marcas a partir de valores reconhecidos como autênticos pelas audiências. “Esse novo comunicador deve entender que ele tem que operar dentro do conceito dethought leadership”, pois sua missão é criar ideias inovadoras que sejam capazes de ecoar e ganhar seguidores. O caminho para essa nova forma de comunicar, é a comunicação 360º, com mensagens consistentes para levar à construção e manutenção da reputação tanto da organização quanto de suas marcas”, complementa.

Transformação na Comunicação

A Energisa, a maior empresa privada nacional do setor elétrico com 116 anos e que possui portfólio múltiplo com 11 distribuidoras de energia, está numa fase de ampliação de horizontes, com o objetivo de preparar bases que vão realmente expandir o negócio mirando a liderança da transição energética do país. Esse plano está ancorado em quatro diretrizes, conforme explica Aline Almeida. “São os 4Ds: Digitalização, Diversificação, Descentralização e Descarbonização, abrigados dentro de um guarda-chuva com conceitos de inovação, meio ambiente e a transição energética como um grande caminho a percorrer”, enfatiza. 

De acordo com Aline, o projeto Alsol Energias Renováveis de mobilidade elétrica da companhia é o primeiro do país em que os veículos elétricos são abastecidos por energia 100% solar. “A energia elétrica pode ser 100% limpa. Já temos isso acontecendo, faz parte da estratégia da Alsol de forma mais intensa no estado de Minas Gerais e congrega mobilidade elétrica, fontes renováveis, eficiência energética e internet das coisas”.

Aline Almeida

Segundo Aline, a ambição da empresa é liderar a transição energética, o que traz para a comunicação o grande desafio de tornar a marca uma referência. “Queremos tornar o Grupo Energisa um grupo conhecido nacionalmente, um grupo reconhecido e uma marca que vire uma referência. Nesse sentido, a nossa área de comunicação vem passando por uma transformação gigantesca na sua forma de atuar, muito pautada em criar essa conexão, despertar uma curiosidade, promover uma compreensão dos nossos clientes para temas sensíveis a partir de uma abordagem clara, bem humorada e com uma linguagem mais simples”, acentua. 

Comunicação além do core business

Em sua fala, Paulo Sampaio retomou um ponto levantado por Nelson Silveira, que é a questão do engajamento das empresas em temas que vão além dos negócios. “Antes de falar de Comunicação, temos que dar um passo atrás e falar desse movimento que vem ganhando força e atende pela sigla ESG, que nada mais é do que as empresas se conectarem mais com a sociedade. Eu entendo que a mobilidade, assim como cultura e educação, são demandas relevantes. A mobilidade, depois da pandemia, ganhou uma dimensão diferente”, analisa o executivo do banco Itaú que patrocina o Bike Itaú. “Todos perceberam o quanto o deslocamento impacta a nossa vida, seja em termos de tempo, seja na questão financeira, seja em termos de saúde ou ambiental”, completa. 

Paulo Sampaio

Em sua visão, a comunicação acaba refletindo a nova realidade das empresas, e os comunicadores de empresas engajadas têm que saber se comunicar sobre esse tipo de tema. “As áreas de comunicação eram muito focadas no negócio da empresa; hoje precisamos de profissionais que tenham a capacidade de fazer essa interlocução da sociedade com a companhia”, argumenta. “O que eu percebo é que as áreas de comunicação tem hoje que ir muito além dos temas do negócio, com temas importantes para a sociedade, que demanda das empresas muito mais do que produtos e serviços que as empresas oferecem. Isso é uma evolução do papel do comunicador hoje”.

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