30 de junho de 2022

A arte como plataforma de comunicação foi tema do Afterwards Aberje Trends no dia 29 de junho

Debate contou com especialistas que representam instituições da cultura nacional

Debate contou com especialistas que representam instituições da cultura nacional

O Aberje Trends, realizado nos dias 22 e 23 de junho, teve mais dois dias de debates: o Afterwards Aberje Trends, que aconteceu nos dias 29 e 30 de junho. No dia 29, a arte como plataforma de comunicação foi tema do debate que reuniu os seguintes especialistas: Ana Gonçalves Magalhães, diretora do Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC USP); Mário Henrique Costa Mazzilli diretor superintendente do Instituto CPFL e Isabel Amorim, superintendente executiva do Ecad. A mediação ficou por conta de Cláudio Mattos, gerente geral do Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo.

Na ocasião, a historiadora Ana Gonçalves Magalhães, falou da relação da comunicação com a arte junto ao Museu de Arte Contemporânea da USP, que existe há 60 anos. “Essas relações estão presentes desde a invenção dos meios de comunicação de massa. Os artistas se interessam por eles e os exploram para criar outros mecanismos de produção artística, de conceitos e mediar sua relação com seu público”, ressaltou.

“Eu entendo que nós, ligados à instituições culturais, fomos, aos poucos, nos transformando nessas estruturas de indústria cultural e estamos começando a fazer isso aqui no Brasil. Lá fora funciona muito bem, mas no caso brasileiro começa com uma mediação com o público, através de ações educativas, por exemplo”, disse Ana.

Ana Gonçalves Magalhães

Cláudio Mattos, do CCBB, concorda que há uma série de desafios por estar localizado no centro de São Paulo e ser de difícil acesso para carros. “Como a gente se comunica com o grande público, mesmo em projetos que não tenham apelo popular tão grande? Acho que é o papel das instituições buscar atingir a maior parcela da população, traduzindo essa mensagem que os projetos culturais querem passar”.

Outra empresa que investe em programas educativos para crianças e jovens e em projetos para deficientes visuais é a CPFL, por meio do Instituto CPFL. “Para nós é muito importante uma empresa privada manter projetos de longa duração como o Instituto CPFL. Falar de arte e falar de cultura é uma maneira de nos aproximar de nosso público, que tinha, no passado, pouca interação com a empresa há 20 anos atrás”, lembrou Mário Mazzilli.

“A ideia foi começar com algumas atividades culturais e ao longo desses anos, passamos por uma transição que foi ampliar o nosso relacionamento e a nossa comunicação com o público, tentando entender as redes sociais e trabalhando via audiovisuais. Além disso, levamos para o ambiente escolar programas de formação cultural”, contou. 

Mário Mazzilli

Mazzilli frisou que o campo da arte – o acesso, a frequência ou a audiência – não se dá por uma demanda específica. “A gente tem que provocar isso. Esse é o papel da comunicação; é pelo lado da oferta ue vamos ampliar o acesso”

Na ocasião, Isabel Amorim, do Ecad – entidade responsável pela arrecadação e distribuição dos direitos autorais das músicas – falou um pouco sobre a musicalização dos ambientes culturais e da experiência do visitante. “A música é essencial para essas experiências. O que nós percebemos no Ecad é a dificuldade de transmitir essa importância até porque a música é intangível, ela está numa outra esfera. Nosso lado mais difícil da intangibilidade da música, é passar aos usuários, o que está por trás daquela música, os direitos autorais que são tão difíceis de explicar”, acentuou. 

Para além da música, a fotografia passou a ser algo que está no dia a dia das redes sociais, transformando determinado momento em uma experiência importante para o visitante em uma exposição seja no shopping, seja em um museu ou galeria de arte.

Isabel Amorim

“É inevitável que as pessoas façam fotografias, o problema são os direitos autorais. Acho que é papel das instituições entrar com uma informação correta, justa, documentada, ética com relação aos objetos; mas a selfie no museu já é uma realidade”, salientou Ana.

Mattos afirma que trata-se de um comportamento contemporâneo inevitável.”Por outro lado, a fotografia acaba divulgando os projetos e as redes sociais ajudam a reverberar esses projetos”, disse. “Entendo que o projeto curatorial tem esse papel de educar as pessoas a se comportarem em museus de arte contemporânea”, completou.

Outro ponto levantado pelo mediador, é o investimento por parte do empresariado em projetos culturais e artísticos, assim como a questão de patrocínio para viabilizar a arte e a cultura brasileiras. 

Cláudio Mattos

Ana contou que a Universidade de São Paulo tem um novo modo de apoio à universidade, com a criação de um fundo patrimonial. “Isso é uma cultura muito incipiente no Brasil, estamos aprendendo a fazer isso, mas que me parece um modo bem interessante de fazer essa interação entre a iniciativa privada e o poder público, por exemplo, as instituições públicas”, disse. “Entendo que o papel das empresas nesse sentido é fundamental, pois são parte da estrutura social. Arte e cultura agregam valor às empresas”, complementou.

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