A arte como plataforma de comunicação foi tema do Afterwards Aberje Trends no dia 29 de junho
Debate contou com especialistas que representam instituições da cultura nacional
O Aberje Trends, realizado nos dias 22 e 23 de junho, teve mais dois dias de debates: o Afterwards Aberje Trends, que aconteceu nos dias 29 e 30 de junho. No dia 29, a arte como plataforma de comunicação foi tema do debate que reuniu os seguintes especialistas: Ana Gonçalves Magalhães, diretora do Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC USP); Mário Henrique Costa Mazzilli diretor superintendente do Instituto CPFL e Isabel Amorim, superintendente executiva do Ecad. A mediação ficou por conta de Cláudio Mattos, gerente geral do Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo.
Na ocasião, a historiadora Ana Gonçalves Magalhães, falou da relação da comunicação com a arte junto ao Museu de Arte Contemporânea da USP, que existe há 60 anos. “Essas relações estão presentes desde a invenção dos meios de comunicação de massa. Os artistas se interessam por eles e os exploram para criar outros mecanismos de produção artística, de conceitos e mediar sua relação com seu público”, ressaltou.
“Eu entendo que nós, ligados à instituições culturais, fomos, aos poucos, nos transformando nessas estruturas de indústria cultural e estamos começando a fazer isso aqui no Brasil. Lá fora funciona muito bem, mas no caso brasileiro começa com uma mediação com o público, através de ações educativas, por exemplo”, disse Ana.
Cláudio Mattos, do CCBB, concorda que há uma série de desafios por estar localizado no centro de São Paulo e ser de difícil acesso para carros. “Como a gente se comunica com o grande público, mesmo em projetos que não tenham apelo popular tão grande? Acho que é o papel das instituições buscar atingir a maior parcela da população, traduzindo essa mensagem que os projetos culturais querem passar”.
Outra empresa que investe em programas educativos para crianças e jovens e em projetos para deficientes visuais é a CPFL, por meio do Instituto CPFL. “Para nós é muito importante uma empresa privada manter projetos de longa duração como o Instituto CPFL. Falar de arte e falar de cultura é uma maneira de nos aproximar de nosso público, que tinha, no passado, pouca interação com a empresa há 20 anos atrás”, lembrou Mário Mazzilli.
“A ideia foi começar com algumas atividades culturais e ao longo desses anos, passamos por uma transição que foi ampliar o nosso relacionamento e a nossa comunicação com o público, tentando entender as redes sociais e trabalhando via audiovisuais. Além disso, levamos para o ambiente escolar programas de formação cultural”, contou.
Mazzilli frisou que o campo da arte – o acesso, a frequência ou a audiência – não se dá por uma demanda específica. “A gente tem que provocar isso. Esse é o papel da comunicação; é pelo lado da oferta ue vamos ampliar o acesso”
Na ocasião, Isabel Amorim, do Ecad – entidade responsável pela arrecadação e distribuição dos direitos autorais das músicas – falou um pouco sobre a musicalização dos ambientes culturais e da experiência do visitante. “A música é essencial para essas experiências. O que nós percebemos no Ecad é a dificuldade de transmitir essa importância até porque a música é intangível, ela está numa outra esfera. Nosso lado mais difícil da intangibilidade da música, é passar aos usuários, o que está por trás daquela música, os direitos autorais que são tão difíceis de explicar”, acentuou.
Para além da música, a fotografia passou a ser algo que está no dia a dia das redes sociais, transformando determinado momento em uma experiência importante para o visitante em uma exposição seja no shopping, seja em um museu ou galeria de arte.
“É inevitável que as pessoas façam fotografias, o problema são os direitos autorais. Acho que é papel das instituições entrar com uma informação correta, justa, documentada, ética com relação aos objetos; mas a selfie no museu já é uma realidade”, salientou Ana.
Mattos afirma que trata-se de um comportamento contemporâneo inevitável.”Por outro lado, a fotografia acaba divulgando os projetos e as redes sociais ajudam a reverberar esses projetos”, disse. “Entendo que o projeto curatorial tem esse papel de educar as pessoas a se comportarem em museus de arte contemporânea”, completou.
Outro ponto levantado pelo mediador, é o investimento por parte do empresariado em projetos culturais e artísticos, assim como a questão de patrocínio para viabilizar a arte e a cultura brasileiras.
Ana contou que a Universidade de São Paulo tem um novo modo de apoio à universidade, com a criação de um fundo patrimonial. “Isso é uma cultura muito incipiente no Brasil, estamos aprendendo a fazer isso, mas que me parece um modo bem interessante de fazer essa interação entre a iniciativa privada e o poder público, por exemplo, as instituições públicas”, disse. “Entendo que o papel das empresas nesse sentido é fundamental, pois são parte da estrutura social. Arte e cultura agregam valor às empresas”, complementou.
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