Inovação: de matéria-prima a modus operandi da Comunicação Organizacional
Pare e pense sobre os planejamentos, materiais e conteúdos nos quais você trabalhou no último ano. Em quais deles a inovação foi, de alguma maneira, sua matéria-prima? Ela aparecia nos textos do relatório de sustentabilidade? Naquele conteúdo interno para engajar as pessoas a se desenvolverem, inovarem em processos, pensarem em novas soluções? Estava nos briefings das agências? Em quantos speeches os porta-vozes trouxeram esta tônica pra falar de seus negócios? Quantos releases lançaram produtos e serviços da sua empresa que não existiriam sem inovação?
Tá tudo certo! É assim mesmo: conforme o mercado corporativo precisa focar e se desenvolver em algumas estratégias, a Comunicação Organizacional tem mesmo que acompanhar o ritmo. Houve tempos em que a palavra de ordem era Qualidade. Ou Produtividade. Ou ambas. Assim como outras. Claro que todas seguem sendo fundamentais, mas foram trabalhadas anos a fio com esmero e hoje permeiam todas as iniciativas nas empresas sem grandes esforços. O mesmo vai acontecer com os conceitos que hoje ditam muito do que fazemos, como o caso da inovação, que conta com a companhia assídua da sustentabilidade, diga-se de passagem.
Também não quer dizer que as empresas começaram a inovar agora. Do contrário, não teriam chegado onde chegaram. Ocorre que o protagonismo atual que os públicos conseguem assumir na sua relação com companhias, marcas, produtos e serviços vem impondo um olhar mais arrojado e que precisa se adaptar com mais velocidade. Além da inovação no incremento de soluções já existentes, ela é aplicada no desenvolvimento de novas. Também se expande para os processos e para aquilo que se espera dos comportamentos e competências dos profissionais.
O encantador de trabalhar com Comunicação, sempre me pareceu – não importa se nas corporações, redações, agências ou outros ambientes – é que ao conhecer novos universos, fontes, conteúdos e pontos de vista, e precisar traduzir e transmitir isso da melhor forma possível, aprendemos. Aprendemos muito. Incorporamos repertórios. Ampliamos o olhar. A gente cresce. Mesmo assim, na urgência das entregas, dos deadlines, das mudanças que vão acontecendo, nem sempre trazemos tudo de mais precioso que aprendemos para a nossa prática. Para a nossa rotina cotidiana.
Precisamos achar formas de abrir espaços para que este conhecimento tão rico seja aplicado de forma mais efetiva também no que nós fazemos. E neste sentido, os estudos e práticas voltadas à inovação podem se somar à nossa atuação de forma muito fluida. Faça mais uma pausa e relembre suas primeiras disciplinas de faculdade. Não importa há quanto tempo você tenha iniciado os estudos. A nomenclatura pode mudar, mas a essência, não. Receptores, públicos, stakeholders. No fim, nossa atenção sempre precisou estar em que consumiria, seria impactado pelo que produzimos.
Quando estudamos inovação, os nomes também mudam – transitam entre foco no cliente, se apaixone pelo problema, ofereça aquilo que o outro precisa, e por aí vai. No fim do dia, está lá o outro, aquele em quem preciso pensar quando faço o que faço. Tem um elemento constante na inovação, porém, que me parece muito valioso: a simplificação, no sentido de descomplicar.
Nós, comunicadores, estamos certamente entre os profissionais mais desafiados nestes tempos de luta pela atenção das pessoas. Sim, há uma abundância de plataformas, linguagens, possibilidades narrativas e algoritmos a nosso dispor. Mas estão ao dispor de todos nós. De todas as marcas, entidades, governos, instituições, dos indivíduos, de maneira geral. A disputa é grande e precisamos refletir continuamente sobre a quantidade e a relevância do que produzimos.
Como estamos todos no mesmo barco, podemos justamente, de forma colaborativa, nos aproveitar disso para analisar, estudar, rever, trocar, testar. Deixar ir quando não faz mais sentido. Abrir mão se não acrescenta. Recomeçar sempre que preciso.
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