Certa vez, durante um treinamento sobre a eficácia da comunicação face a face, conversei com um gestor preocupado com o fato de que, com a nova rede social corporativa adotada pela empresa, ele não teria mais acesso às informações em primeira mão e estaria sempre correndo atrás do que acontecia na empresa para poder orientar sua equipe. A preocupação dele era legítima, uma vez que seu receio era não ter mais todas as respostas de que sua equipe precisava, e assim, na sua visão, ficaria para trás.
Esse caso ilustra uma preocupação que ainda persiste nas organizações em transição do modo comando e controle. Na era digital, esses líderes têm, cada vez mais, precisado se adaptar e buscar alternativas para liderar com o excesso de informação. Se a gente expandir essa análise para a indústria, onde a produção, os turnos de trabalho diferenciados e a gestão da equipe feita em muitos dias sem contato direto do líder com seus funcionários diariamente, a situação é ainda mais desafiadora.
Quando estamos falando de um ambiente que não é digital e em tempo real, como o das fábricas e trocas de turno, locais em meio a unidades de produção que nem sempre possuem um bom sinal de internet e que têm regras de segurança bem restritivas para uso de celular, uma estratégia de comunicação digital bem definida é essencial. Mesmo trabalhando ações específicas para esse público, é necessário consciência de que o ritmo é outro e as expectativas, diferentes. Na cultura operacional, a comunicação digital é feita para ser acessada na hora em que as pessoas têm disponibilidade, por isso, mais do que nunca, deve estar conectada à estratégia, públicos e perfil da organização. Também deve ser levada em consideração a presença de multicanais, e nesse caso, a liderança e os já tão conhecidos embaixadores ou influenciadores entram como instrumentos de comunicação.
Especialmente quando falamos do líder, ele ainda é a principal referência quando o assunto é credibilidade da informação. Cabe a ele tomar esse espaço, não com o objetivo de ter respostas, como no exemplo citado no início desse artigo, mas admitindo quando não sabe, e buscando o alinhamento e a orientação. Como mostram diversas pesquisas de mercado, os funcionários não esperam que seus gestores tenham todas as respostas no mundo digital, e sim que sejam atuantes nas redes sociais, que interajam e deem exemplos, reconhecendo as equipes no ambiente digital, comentando e incentivando os trabalhos executados e levando valor ao interagir naquele mundo, que agora também faz parte do ambiente de trabalho dos seus funcionários, mesmo com todas as suas particularidades e adaptações.
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