A Curiosidade e o Perfil do Relações-Públicas
Não sei quando cheguei a essa conclusão, mas para mim a curiosidade sempre resultou em agregar conhecimento, aprendizagem, temas novos e quebra de paradigmas. Ouvi, na minha infância, meu pai dizer que a informação seria a grande ferramenta do futuro e que o dono dela, uma pessoa influente e importante. Não deu outra. Não saber isso ou aquilo se tornou um desafio pra mim e cheguei a receber dos amigos o apelido da “Rainha dos porquês”. Eu não admitia o “não saber/não conhecer”. Até os dias de hoje. Quando o Ibmec Rio de Janeiro lançou o MBA Executivo de e-business lá fui eu me candidatar. Quando a Aberje anunciou no ano passado uma palestra sobre Ecosofia, fui correndo me inscrever.
Quando escrevi meu livro – Cartas a um Jovem relações-públicas/Construindo Relacionamentos – coloquei lá, no capítulo destinado ao Perfil do RP as duas características imprescindíveis ao profissional: bom senso – grandes paixões e ódios não combinam com a profissão. Seja curiosa. Não deixes informações “no ar” ou qualquer dúvida sem resposta. Vá à busca dela. Apure o que existe por trás dos bastidores, nas entrelinhas.
Recentemente, no Congresso Mega Brasil de Comunicação 2013, tive a grata surpresa de ver esta característica do perfil do RP ser destacada por dignos e exigentes profissionais de Relações Públicas como relevante para sua capacitação: Bob Dejan, CDO da MSL Group na palestra “A importância da Criatividade para Alavancar Resultados nos Negócios”; Renato Gasparetto Jr, Diretor de Comunicação Corporativa do Grupo Gerdau, em seu depoimento na palestra de Ciro Dias “Perfil e Desafio do Novo Profissional Global”; Rodolfo Araújo, Líder de Áreas de Conhecimento e Natalia Martinez, Líder da Unidade de Relações Públicas, ambos da Edelman Significa, no painel “Relações Públicas para a Construção de Marcas” e João José Forni, Consultor durante o Crème de la Crème quando batizou o evento como “O Congresso da Perplexidade”.
A propósito, esse Congresso foi de alto nível e muita senioridade nas palestras e impossível dizer que se aprendeu pouco. As palavras que mais ouvi foram “marca”, “estratégia”, “criatividade” e “multi” ou “pluridisciplinaridade” – tese do livro que estou escrevendo . E as palavras ou expressões que desconhecia foram aquelas ligadas ao Twiter que teimo em não acessar – “hashtag” e “twitcam”, mas uma jovem ao meu lado, imediatamente me traduziu tudo! Eu disse a ela que havia estudado para um mundo que não existe mais e ela morreu de rir… Ouvi essa expressão de alguém, não sei quando e onde.
Mas voltando a curiosidade, eu diria que há certo preconceito quanto ao ato de ser curioso e a associação pejorativa do “olhar pelo buraco da fechadura”. Sinônimos como abelhudo ou ávido por conhecer segredos ou indivíduo que entende um pouco de tudo não estão muito distantes daqueles que tem grande vontade de saber ou de ver: um espírito curioso; algo que é raro, original, que desperta interesse. E ainda tem aquele que responde a pergunta Você estudou isto ou aquilo? com uma simples palavra: Não. Sou apenas curioso. Mas para endossar minha recomendação de curiosidade ao profissional de RP veja o que o grande Eça de Queiroz dizia: é o instinto que leva alguns a olhar pelo buraco da fechadura, e outros a descobrir a América
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