ESG: procura-se
Um dos termos mais pronunciados em 2021 talvez seja esse conjunto de três letrinhas que tem um significado pra lá de importante: ESG, associado às boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa. Muitas marcas vêm liderando esforços importantes para incorporar esses pilares não apenas em sua forma de operar daqui pra frente, mas também no sentido de mudar gradativamente a cultura das pessoas que compõem essas organizações.
Precisamos de compromissos firmes como os que têm sido adotados para neutralizar as emissões de carbono na atmosfera, reduzir o uso de plástico, metais pesados e outros materiais danosos ao meio ambiente. Sabemos que nem tudo que se diz ou que se faz em relação ao tripé ESG tem interesse genuíno, mas é fato que os exemplos de marcas e entidades realmente comprometidas com essas causas têm arrastado o mercado como um todo, e isso por si só é uma grande vitória.
Uma área especialmente interessante de acompanhar tem sido a de investimentos sustentáveis, aqueles que têm em sua missão não apenas a busca por lucratividade, mas que também estão associados a modelos de negócios que gerem algum impacto positivo do ponto de vista ambiental e/ou sócio-econômico. Essa modalidade de investimento “verde” já existia no início do século XXI, mas nunca foi tão popular e atraiu tanto a atenção de investidores como agora, em especial os Millenials e a geração Z.
Um levantamento da XP mostra que globalmente, mais de $30 trilhões de dólares são gerenciados por fundos que definiram estratégias sustentáveis em seus portfólios. Nos Estados Unidos, esse número representa em torno de 25% dos ativos sob gestão, enquanto na Europa ultrapassa 50%. O Brasil ainda está longe desse patamar, mas é crescente o número de investidores que consideram o conceito de “investimentos responsáveis” como fator decisivo na alocação de recursos. Para os analistas da corretora, a pandemia agiu como um catalisador e a participação dos investimentos ESG continuarão ganhando robustez no Brasil. Que assim seja!
Outra prova da força da agenda ESG está no número de anúncios de contratações de profissionais especialistas, que ajudem a implementar os princípios ambientais, sociais e de governança nas organizações. Aqui o cuidado é para que essa iniciativa não se restrinja à criação de um departamento isolado, semelhante ao que muitas empresas fizeram em relação à Inovação, criando ou rebatizando uma área com esta nomenclatura e já intitulando-se inovadoras.
Entendo que esta não é a melhor forma de incorporar o tripé ESG na cultura corporativa, mas ao mesmo tempo demonstra vontade de começar por algum lugar. E a depender do tipo de organização, seu grau de maturidade e o apoio que esse departamento terá da alta liderança, pode ser um ótimo ponto de partida. Mas será preciso ir além: conscientizar pessoas, construir diálogos, incorporar aliados, desafiar o status quo, repensar o propósito, redefinir a forma de operar, reconsiderar as margens de lucratividade e o grau de risco, e não menos importante, repensar o que deixaremos como legado para as novas gerações.
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