27 de outubro de 2014

Mediador democrático

Das urnas e da intensa disputa pela presidência da República nasce um novo desafio para o comunicador: a mediação democrática. Não há dúvidas de que o pleito foi pacífico e sem perdedores. Ganha a presidente Dilma Rousseff que foi eleita para um segundo mandato, mas ganha igualmente Aécio Neves, agora depositário de um patrimônio de substantivos 50 milhões de votos.

Ao comunicador cabe se perguntar que caminhos seguir. Os próprios candidatos parecem apontar rumos: falam de união em torno de projetos que dignifiquem o resultado das urnas e em diálogo. Falam em educação e crescimento econômico. Falam em liberdade e em respeito às diferentes visões de mundo.

Não é o que temos que fazer? A ideia é olhar para dentro das organizações públicas e privadas e lançar pontos para compreensão das diferenças e das diferentes tendências de opiniões e pensamentos. Clarificar posições em lugar de ignorá-las ou jogar os impasses para debaixo do tapete.

Na verdade, brota das urnas um país a exigir soluções práticas em todas as frentes: na comunicação, na educação, na ética, na inclusão e, acima de tudo, no combate à violência, à corrupção, a xenofobia, a homofobia e à todo tipo de discriminação. Coloca-se acima de partidos. O que vimos, de um extremo a outro da geografia brasileira, é um cidadão que pensa, que se informa, que se posiciona e decide.

Não por coincidência foi a eleição com resultados mais equilibrados desde a Constituição de 1988. Disputou-se palmo a palmo, urna a urna. O que fazer, pode e devem se perguntar os comunicadores?

O primeiro e decisivo passo é ler a textura dos tempos e criar novas narrativas que enfatizem o entendimento, a participação e a igualdade na multiplicidade. Se a justiça e o valor da lei afirmam-se como o caminho para unir os brasileiros, o dialogo concreto e voltado para as soluções desponta nesse período pós eleição como a chave para a mediação democrática.

Há um novo país nascendo a exigir uma comunicação nova e atenta para os muitos sonhos da sociedade. Vamos procurar entendê-lo e participar dessa grande corrente transformadora que faz do Brasil uma grande e irreversível democracia de massas.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Paulo Nassar

Diretor-presidente da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje); professor titular da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP); doutor e mestre pela ECA-USP. É coordenador do Grupo de Estudos de Novas Narrativas (GENN), da ECA-USP; pesquisador orientador de mestrado e doutorado (PPGCOM ECA-USP); pesquisador da British Academy (University of Liverpool) – 2016-2017. Entre outras premiações, recebeu o Atlas Award, concedido pela Public Relations Society of America (PRSA, Estados Unidos), por contribuições às práticas de relações públicas, e o prêmio Comunicador do Ano (Trajetória de Vida), concedido pela FundaCom (Espanha). É coautor dos livros: Communicating Causes: Strategic Public Relations for the Non-profit Sector (Routledge, Reino Unido, 2018); The Handbook of Financial Communication and Investor Relation (Wiley-Blackwell, Nova Jersey, 2018); O que É Comunicação Empresarial (Brasiliense, 1995); e Narrativas Mediáticas e Comunicação – Construção da Memória como Processo de Identidade Organizacional (Coimbra University Press, Portugal, 2018).

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