25 de setembro de 2020

Profissionais LGBTQIA+ no Brasil acreditam que identidade, expressão de gênero ou orientação sexual no local de trabalho podem afetar evolução da carreira, aponta Accenture

Apenas 36% dos entrevistados trabalhadores LGBTQIA+ em pesquisa da Accenture no Brasil são ‘muito abertos’ em relação à sua identidade, expressão de gênero ou orientação sexual no no ambiente de trabalho; globalmente, 71% dos trabalhadores LGBTQIA+ acreditam que representatividade na liderança da empresa é importante para o seu desenvolvimento profissional

Novo recorte do estudo anual da Accenture sobre diversidade Getting to Equal 2020 ꟷ intitulado Visible Growth, Invisible Fears ꟷ, traz à tona os desafios enfrentados pela comunidade LGBTQIA+ no mundo corporativo. A pesquisa põe em foco a relação entre identidade, expressão de gênero ou orientação sexual e trajetória profissional.

Mesmo no Brasil, onde a população LGBTQIA+ tende a abrir mais sua identidade, expressão de gênero ou orientação sexual no ambiente de trabalho (36% dos brasileiros responderam ser ‘muito abertos’), enquanto a média global foi 31%, mais da metade (55%) desse grupo acredita que expressar sua identidade de gênero ou orientação sexual no trabalho impacta suas carreiras negativamente.

O levantamento mostra que a maioria das empresas não garante um ambiente acolhedor ou seguro o suficiente para que esses funcionários prosperem. Metade dos colaboradores LGBTQIA+ entrevistados no Brasil aspiram a se tornar gestores sêniores, enquanto, globalmente, esse perfil não passa de 27%. Ainda assim, esses anseios se chocam com a falta de respaldo das lideranças. Apenas 14% dos funcionários LGBTQIA+ em todo o mundo se sentem completamente apoiados por seus chefes nas discussões sobre melhorias das condições de igualdade e da receptividade a profissionais LGBTQIA+ na organização. Do outro lado, 68% dos líderes globais acreditam criar ambientes inclusivos.

“Essas divergências explicam por que sentimentos de desamparo e receio entre funcionários LGBTQIA+ no trabalho permanecem altos, apesar de termos visto avanços sobre o tema no mundo corporativo”, avalia Rafael Bonini, diretor de Estratégia e Consultoria na Accenture e líder do grupo de discussão LGBTQIA+ na empresa. No mundo, apenas 21% dos líderes LGBTQIA+ em posições gerenciais ou acima costumam assumir abertamente sua identidade, expressão de gênero ou orientação sexual. Globalmente, 71% dos colaboradores LGBTQIA+ dizem ser importante haver líderes abertamente LGBTQIA+ para a evolução do cenário dentro das empresas, de modo que eles mesmos possam prosperar.

“Precisamos ultrapassar a ideia de trazer essas discussões de causa só dentro de uma agenda específica ou apenas no mês de conscientização da diversidade. Essa questão permeia a inovação no mundo corporativo. Colocar a equidade como prioridade da cultura da empresa durante todo o ano aumenta o engajamento das pessoas com a organização e, dessa forma, contribui para o crescimento e o desenvolvimento de adaptação das empresas, fator que vem se mostrando essencial para os negócios”, completa Bonini.

edição global da pesquisa foi divulgada em março deste ano e provou a existência dessa lacuna de percepção sobre a forma como líderes e funcionários enxergam o progresso da igualdade dentro das empresas. Alinhar essas percepções, segundo o levantamento, traria avanços em inovação que representariam aumentos significativos nos negócios globais. Somente em 2019, a redução de desigualdades culturais teria representado estimados 3,7 trilhões de dólares a mais nos lucros das organizações. O estudo avaliou 40 fatores culturais relacionados a igualdade no trabalho, abrangendo a temática LGBTQIA+ entre outras questões culturais.

Este cenário ganha contornos mais sérios considerando a maior vulnerabilidade dos profissionais LGBTQIA+ aos impactos negativos da pandemia da Covid-19 na economia. Um relatório da OutRight Action International indica que essas pessoas enfrentam mais pressões, como ansiedade, medo do estigma social e maior exposição à violência familiar.

O mesmo estudo da Accenture revela a ascensão de uma geração de líderes diversos e comprometidos com a construção de uma cultura igualitária dentro das empresas. Embora apenas 6% dos gestores entrevistados se enquadrem no grupo identificado pela pesquisa como “Formadores de Cultura”, esses executivos são mais equilibrados em termos de representatividade de gênero (45% são mulheres) e de idade (68% são millenials). São pessoas que apoiam abertamente as causas LGBTQIA+ e que priorizam valores de uma cultura mais diversa, igualitária e transparente. Assim, eles têm mais chances de liderar organizações colaborativas, inovadoras e com maior senso de comprometimento entre seus funcionários. Além disso, as companhias lideradas pelos Formadores de Cultura chegam a crescer mais que o dobro da velocidade média entre seus pares no mercado.

A Accenture é signatária do Fórum LGBTQIA+, reforçando seu apoio aos 10 compromissos do fórum. A empresa vem desenvolvendo políticas de melhoria dos índices de igualdade, tendo entre seus pilares a inclusão, o desenvolvimento e a retenção de talentos LGBTQIA+. Como líder de mercado no suporte à comunidade LGBTQIA+ como um todo, a Accenture se concentra em treinamentos para conscientização e compreensão da causa; políticas de tratamento igualitário; benefícios e desenvolvimento profissional de seus colaboradores LGBTQIA+.

Sobre o estudo

O Getting to Equal: Pride foi realizado a partir de questionários online com mercados diferentes ao redor do mundo entre outubro e novembro de 2019. Um dos questionários foi aplicado a mais de 1.700 gestores, e o outro foi respondido por mais de 30 mil funcionários. ​

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