Na ordem do dia: para entender o liberalismo (parte 2)
A Escola Aberje de Comunicação realizou a série “Na Ordem do Dia”, cursos com temas voltados para os profissionais de comunicação compreenderem contextos sociais, políticos, econômicos e tecnológicos que impactam a sociedade, as organizações e os negócios. O primeiro tema da série foi Liberalismo, dividido em três encontros, que aconteceram em setembro.
A segunda parte do curso (confira a parte 1 aqui) abordou “O liberalismo clássico: Democracia e igualdade”, com a professora doutora Maria Isabel Limongi, professora de Filosofia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a partir do pensamento dos filósofos clássicos Alexis de Tocqueville (1805 – 19859) e John Stuart Mill (1806 – 1873). Veja a seguir 10 pontos de suas ideias:
Leia a parte 3.
1. A sociedade civil é uma das características da sociedade moderna e nela devem ser buscadas as raízes do funcionamento da política. A democracia na América é um exemplo privilegiado dessa novidade, cuja análise permite desvelar as intricadas relações entre sociedade e política.
2. O método empregado por Tocqueville, e que permite essa análise, também é novidade: um olhar sociológico da política, isto é, um olhar que permite uma descrição não valorativa do estado social e das relações políticas que ali se fundam.
3. As sociedades comerciais modernas se caracterizam por um estado social mais igualitário (do que o que prevalecia na Europa medieval), com uma maior distribuição da propriedade e nivelamento das classes, o que gera novas relações entre o poder social e a autoridade política, pautadas não apenas na propriedade, mas também nas opiniões e nos costumes.
4. A democracia moderna, entendida como o governo do povo por meio da representação, é o principal resultado político desse novo estado social.
5. A América era o local onde essas novas relações estavam mais desenvolvidas e poderia ser tomada como modelo para o que viria a acontecer na Europa. Por não ter de lidar com um passado medieval, a sociedade americana demonstrava de modo mais transparente a natureza das relações características das modernas sociedades comerciais.
6. Esse novo estado mais igualitário e democrático, contudo, não está isento de problemas. A experiência americana permite vislumbrar alguns perigos: a tirania da maioria e o despotismo daí resultante. A resposta proposta por Mill a esses problemas é o aumento da participação política.
7. Para ele, a democracia é o destino das sociedades modernas e, em certo sentido, inevitável. O importante é conduzir bem o processo.
8. Para isso ele sugere uma engenharia institucional capaz de aumentar a participação política, diminuindo os riscos de tirania e despotismo. A noção central dessa engenharia é a ideia de representação.
9. A representação política deve ser pensada como uma via de mão dupla, não apenas como um reflexo da sociedade, mas como um elemento transformador dessa mesma sociedade. Ao dar visibilidade a grupos previamente ignorados, ela é capaz de reverter o processo e modificar a própria sociedade.
10. Nesse sentido, a representação política é capaz de produzir diversidade e novas identidades sociais, transformando, dinamizando e politizando a sociedade. A representação é pensada assim como um local de defesa e de criação de novos pontos de vista.
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