06 de setembro de 2019
BLOG Agenda 2030: Comunicação e Engajamento

A energia que impulsiona o empreendedorismo

 

Uma relevante parcela da economia brasileira está baseada na informalidade. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de agosto deste ano, de cada 10 brasileiros, apenas três trabalham com carteira assinada. Os dados também revelam que 3,3 milhões de desempregados procuram trabalho há no mínimo dois anos.

A pouca qualificação profissional e o déficit educacional dos que residem em áreas de alta vulnerabilidade social são alguns pontos que dificultam o acesso dessa população ao emprego formal e a condições dignas de trabalho.

Nesse contexto, de aumento do desemprego e queda nas contratações via CLT,
o empreendedorismo tem sido visto como uma forma de desenvolvimento local, crescimento econômico e de geração de renda à população.

O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 8, que tem por objetivo promover o trabalho decente e o crescimento econômico sustentável e inclusivo, contribui para inspirar, criar e reforçar algumas soluções e tecnologias sociais em prol do desenvolvimento econômico, especialmente da população em risco social.

A promoção de iniciativas empresariais que incentivam a criação de grupos produtivos locais, por exemplo, proporciona a geração de renda e a melhoria na qualidade de vida das pessoas. Além disso, a formação de uma comunidade empreendedora fortalece conexões e conhecimento, gera potencial competitivo para atrair investidores, cria soluções para os desafios da comunidade e força política para defender os interesses locais.

Economia circular

Sabemos que o sistema linear de produção, muito difundido historicamente, não é sustentável devido ao grande acúmulo de resíduos, exploração excessiva de recursos naturais e o não reaproveitamento de produtos que poderiam retornar à cadeia produtiva. Porém, existe uma alternativa à economia linear que tem se apresentado como uma nova forma de organização: a economia circular, um conceito que visa a redução, reutilização, revitalização e reciclagem de materiais.

Dentre as iniciativas de empreendedorismo, os projetos de economia circular vêm ganhando cada vez mais destaque por tratarem os resíduos de uma forma diferente e inovadora. Além de colaborar com o meio ambiente, a metodologia contribui para gerar renda à população, estimula a criatividade e contribui diretamente com os desafios globais de destinação correta dos resíduos sólidos.

Direitos Humanos – Empoderamento e inclusão

Outra frente importante que vem ganhando representatividade é a de projetos que promovem a inclusão social, envolvendo grupos produtivos de mulheres de todas as idades e até egressas do sistema prisional brasileiro.

Nas comunidades de alta vulnerabilidade social, em que as mulheres muitas vezes enfrentam problemas como a violência doméstica e a falta de perspectiva no futuro, as atividades produtivas e empreendedoras surgem como uma alternativa de resgate da cidadania, de aumento da autoestima e da independência financeira.

Enel Compartilha Empreendedorismo

Comprometidos com a Agenda 2030 e com metas assumidas com o ODS 8 – Trabalho Decente e Crescimento Econômico, desenvolvemos o Enel Compartilha Empreendedorismo, programa que dá suporte às comunidades em que atuamos e que possibilita a prosperidade socioeconômica da população.

A iniciativa incentiva a formação de redes e associações produtivas comunitárias, apoiando os participantes na qualificação de seus produtos, na criação de canais de venda, na gestão comercial, no possível aporte de estrutura e insumos, sem esquecer das questões relacionadas ao meio ambiente e à cidadania.

Um dos projetos desenvolvidos pelo programa é o de grupos produtivos de mulheres que trabalham sob o conceito da economia circular. Bolsas, carteiras, nécessaires e capas de notebook são produzidos a partir da lona de banners ou de uniformes das nossas equipes operacionais que seriam descartados. Materiais como fios de cobre, isoladores e até cruzetas da rede elétrica também vêm sendo transformados em acessórios como brincos e colares, e em peças de design residencial.

Outra ação representativa é o projeto que realizamos com as egressas do sistema prisional brasileiro. Por meio da ressocialização e apoio para o trabalho digno, contribuímos para desenvolver o potencial dessas mulheres como artesãs e incluí-las em grupos produtivos já estabelecidos para esse novo recomeço de vida.

De 2015 a 2018, a renda gerada pelos grupos produtivos foi de R$ 2,7 milhões, beneficiando mais de 6,5 mil pessoas diretamente.

Em 2019, o Enel Compartilha Empreendedorismo foi o vencedor do Prêmio ODS Pacto Global da ONU na categoria Prosperidade.

Responsabilidade compartilhada

Ao valorizarmos a cidadania e o empoderamento feminino contribuímos de forma efetiva com o ODS 5 – Igualdade de Gênero, e fortalecemos valores como ética, respeito às diferenças e o combate à discriminação e à violência contra as mulheres.

Para construirmos uma sociedade mais justa, inclusiva e sustentável é fundamental que o poder público, o setor privado e toda a sociedade civil organizada se unam para criar oportunidades reais de desenvolvimento social, orientadas pela inovação e pela criatividade.

Somente assim será possível enfrentar os grandes desafios socioeconômicos do nosso país e obter soluções que melhorem a qualidade de vida das pessoas, promovendo assim o bem-estar coletivo e uma maior consciência sobre o tema do desenvolvimento sustentável.

 

Márcia Missotti

 

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Marcia Massotti

Marcia Massotti é diretora de Sustentabilidade da Enel Brasil e vice-presidente da Rede Brasil do Pacto Global.

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