Três tendências de Comunicação Interna
Para que as pessoas sintam-se parte das organizações e comprometam-se com os comportamentos necessários, é preciso conectá-las e envolvê-las nas narrativas
Você sabia que, em um minuto, enquanto você inicia a leitura deste texto, 156 milhões de e-mails estão sendo enviados, 16 milhões de mensagens estão sendo trocadas pelo Whatsapp e 3,5 milhões de buscas estão acontecendo no Google? Até aí, nenhuma novidade, apenas a comprovação do que já sabemos: todos estão se comunicando o tempo todo.
Aqui, trago uma reflexão: será que estamos acompanhando esse cidadão-internauta-colaborador na comunicação interna das nossas organizações? Alguns achados da Pesquisa de Tendências 2018 em Comunicação Interna, que apresentei no Aberje Trends no fim de abril em São Paulo mostram que estamos em uma jornada. Neste artigo escrevo alguns achados da Pesquisa cruzando-os com as três características da Comunicação Interna 4.0.
Tendência Curadoria de conteúdos
Os quatro principais assuntos que os participantes citaram como prioritários neste ano são: Benefícios e programas de RH (66%), Mudanças na empresa (56%), Objetivos e estratégias na empresa (53%) e Propósito e Cultura da empresa (43%).
Penso que as questões mais relevantes são também as mais filosóficas: quem sou, para onde vou e como vou. Na minha opinião, essas são as perguntas mais estratégicas para serem transformadas nas principais narrativas da empresa. Isso significa que, além de informações sobre o que o colaborador precisa fazer e como fazê-lo, é preciso que o propósito da empresa, assim como as estratégias e metas de negócio estejam claros para ele.
Um outro achado aponta que 7% dos participantes dizem ter como desafio equilibrar a quantidade de informação que circula na empresa. Sabemos que a “infoxicação” atinge grande parte das organizações, porém poucos profissionais percebem essa questão. O excesso torna-se, então, natural. A fim de solucionar esse problema, devemos agir mais como curadores do que publicadores. Essa é a jornada que temos que iniciar: analisar, priorizar e publicar, fazendo a curadoria de quais temas são cruciais para as pessoas.
Tendência Experiência
À medida que a tecnologia toma conta de nossas vidas, nos identificamos cada vez mais com as nossas experiências físicas e sensoriais. Os achados da Pesquisa de Tendências 2018 mostram que 60% deseja utilizar o face a face tanto com a liderança quanto com colegas multiplicadores, 63% planejam fazer ativações e 67% deseja utilizar o face a face com a liderança para promover campanhas.
A prática do dia a dia, porém, ainda está longe dos desejos. Estamos mais focados em canais como o e-mail (76%), mural impresso (51%), alta liderança e newsletter (39%), intranet (38%) e gestor imediato (37%).
Estamos em uma jornada e devemos ter em mente que, para que as pessoas sintam-se parte das organizações e comprometam-se com os comportamentos necessários, é preciso conectá-las e envolvê-las nas narrativas.
Tendência Monitoramento
Esta é a tendência que estamos mais longe de alcançar. Embora 66% considera muito importante mensurar, 58% raramente ou nunca consegue apresentar retorno financeiro gerado com as ações de comunicação. Há ainda mais alguns achados: 58% dos participantes citaram que têm planejamento estratégico; 46% prioriza seus objetivos nas mensagens do dia a dia e apenas 31% mensura esses objetivos. De forma geral, esses dados indicam que estamos planejamento estrategicamente, mas descolamos da estratégia em nosso dia a dia.
Há ainda um desejo mostrado pelos dados da pesquisa: 53% deseja estabelecer indicadores de comunicação interna e 45% deseja medir mudanças de comportamento. Por outro lado, 25% não planeja dedicar nenhum investimento em mensuração. E aqui na ação integrada que vemos na prática o resultado disso: a mensuração é a primeira linha cortada nos planejamentos quando se quer reduzir custos. Uma pena.
Por fim, os participantes da pesquisa apontaram como principais desafios para este ano: 77% engajar a liderança como líder comunicador; 59% conquistar papel mais estratégico para a área; 45% mensurar as iniciativas de CI e 43% fazer o que tem que ser feito com equipe tão reduzida. Aqui nos deparamos com aquela máxima: o que vem antes, o ovo ou a galinha? Para sermos considerados estratégicos temos que conquistar a confiança de nossos líderes, apresentando dados e resultados do nosso trabalho. Isso significa que precisamos mensurar nossas ações. Fazendo isso há grande chance de comprovar que somos estratégicos. Se somos estratégicos conquistaremos mais recursos e mais equipe para fazer o que tem que ser feito.
Conclusões das tendências
> Ser curador de conteúdo e consultor das áreas
> Centralizar a estratégia e descentralizar a execução
> Priorizar, publicando o que é essencial
> Chegou a era de deixar o controle para ganhar relevância
> Promover experiências para as pessoas
> Olhar o ser humano de forma integral, nas dimensões racional, emocional e comportamental
> Monitorar resultados de CI
> Desenvolver habilidade numeral e medir além do processo
> Medir entendimento, influência da mensagem no comportamento do colaborador e ROI
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