Projeto “Arte Jesuíta no Brasil Colonial” vence Prêmio Odebrecht de Pesquisa Histórica
Criado em 2003, o Prêmio Odebrecht de Pesquisa Histórica – Clarival do Prado Valladares é uma iniciativa cultural do Grupo Odebrecht, associado da Aberje, conferida anualmente a um projeto de pesquisa inédito que trate de tema ligado à história do Brasil. Na edição deste ano, “Arte Jesuíta no Brasil Colonial – Os reais colégios da Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco”, organizado pela historiadora Anna Maria Fausto Monteiro de Carvalho, foi o escolhido. A obra enfoca a atuação missionária da ordem fundada por Santo Inácio de Loyola, com destaque para três projetos edificativos que, por suas dimensões monumentais, vinculam-se intimamente com os processos de urbanização das cidades onde se situam.
O Grupo Odebrecht é responsável pelos recursos necessários à realização completa do projeto selecionado, da pesquisa à edição de livro ilustrado – sempre com o apurado tratamento gráfico que caracteriza a coleção de Edições Culturais da Odebrecht. As pesquisas patrocinadas resultam na edição de livros de arte, que são distribuídos para bibliotecas e entidades públicas e privadas, do Brasil e de outros países. As obras já foram reconhecidas por seis prêmios Jabuti, um prêmio da Associação Brasileira dos Críticos de Arte – ABCA e um da Associação Paulista dos Críticos de Arte – APCA. Desde a sua criação, foram recebidas 1.500 inscrições, vindas de 23 estados brasileiros.
Ao todo, foram 13 obras lançadas: 50 Anos de Urbanização Salvador da Bahia no Século XIX (2005); A Talha Neoclássica na Bahia (2006); Escrito da Pedra: Cor, Forma e Movimento nos Grafismos Rupestres na Bahia (2007); A História do Brazil de Frei Vicente do Salvador (2008); Igreja e Convento de São Francisco da Bahia (2009); Theodoro Sampaio nos Sertões e nas Cidades (2010); O Mosteiro de São Bento da Bahia (2011); O Comércio do Açúcar – Brasil, Portugal e Países Baixos (1595-1630) (2012); O Mapa que Inventou o Brasil (2013); Luís de Albuquerque – Viagens e governo na Capitania do Mato Grosso – 1771-1791 (2014); Um Sertão entre Tantos Outros (2015); e Os Naturalistas do Império (2016).
Com mais este livro, fruto de pesquisa inédita, o Grupo Odebrecht dá seguimento a sua colaboração com a historiografia brasileira, buscando contribuir para o melhor entendimento da formação econômica, sociopolítica e cultural do país. O gerente de Comunicação da Odebrecht na Bahia, Marcelo Gentil, lembra que o grupo foi pioneiro na adoção do patrocínio cultural ao lançar, em 1959, o livro Homenagem à Bahia Antiga. “É um compromisso da Política de Sustentabilidade do Grupo Odebrecht apoiar e contribuir para a preservação do patrimônio cultural das comunidades e países onde atuamos”, destaca Gentil. O gestor ressalta que, ao longo de sua história, a Odebrecht lançou e apoiou mais de 400 livros que abordam diversas temáticas. “São publicações que valorizam a preservação do conhecimento e o acesso à informação”, garante Gentil.
Sobre o livro
Os colégios foram estudados do ponto de vista de uma análise arquitetônica e artística, que utilizou metodologias específicas da História da Arte e da História Social da Cultura, além do estudo do ponto de vista técnico.
Num primeiro momento, a obra apresenta esse processo jesuíta de ocupação, no qual os colégios funcionaram como espaços de centralidade e desenvolvimento urbano, levando à consolidação de certas vilas, à fundação de outras e de cidades nas terras brasileiras.
A historiadora destaca o importante papel dos colégios na promoção do ensino superior, voltado principalmente para a formação de novos missionários e ainda como mobilizadores da vida econômica e sociocultural. Ao mesmo tempo, formulavam a organização e defesa dos seus habitantes, de forma a provocar uma politização da sociedade como um todo.
A obra mostra que grande parte do processo de ocupação do território brasileiro deve-se à ação dos jesuítas, às suas artes, no esforço português de colonização do Novo Mundo. Uma ação que se prolongou de maneira ininterrupta durante mais de dois séculos (1549-1759), construindo colégios, seminários, fazendas, engenhos, quintas e aldeamentos, conjugados a igrejas e capelas, em pontos estratégicos ao longo de todo o litoral do país.
A autora mostra que os colégios também funcionaram como núcleos de expansão do apostolado dos jesuítas para o interior do território colonial, na forma de missões, que desenvolviam formas de proteção ao indígena, o que implicou em um movimento de oposição do Estado português. O legado da atuação dos jesuítas permanece sensível na cultura brasileira, como fragmentos de uma história cuja lógica se perde, em parte, com a expulsão da Companhia, de Portugal e suas colônias, durante a política pombalina. De certo modo, esta é a História da Civilização Brasileira, uma história longa, inscrita na contradição de autonomias e dependências; de alianças e cismas; de progressos e desvios; de liberdade e escravidão; de “pessoas” e “gentios”.
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