14 de março de 2025

Comunicação e Governança: Por que essa relação é mais crítica do que nunca?

Nos últimos anos, testemunhamos uma mudança significativa na forma como as organizações são percebidas por seus stakeholders. O conceito de governança corporativa, antes restrito ao universo das altas lideranças e conselhos de administração, hoje se tornou parte essencial da narrativa empresarial e impacta diretamente a reputação das empresas. Nesse contexto, a comunicação desempenha um papel estratégico: é o elo entre as decisões de governança e a percepção do público, e vice-versa.

A transparência é um dos pilares essenciais da governança corporativa moderna. No passado, muitas organizações acreditavam que a governança era um assunto exclusivo para conselheiros e investidores, sem necessidade de ser amplamente comunicada. No entanto, em um mundo hiperconectado, onde a informação se dissemina rapidamente e a sociedade exige mais accountability das empresas, governança sem comunicação é inócua e comunicação sem governança é vazia.

Os profissionais de comunicação precisam estar atentos a essa dinâmica e atuar como facilitadores da transparência organizacional. Isso significa traduzir conceitos de governança para diferentes audiências, garantindo que a mensagem institucional seja clara, consistente e autêntica. Empresas que negligenciam essa interação correm riscos reputacionais significativos, pois qualquer desalinhamento entre discurso e prática pode ser amplificado e rapidamente comprometer a confiabilidade da marca.

Outro ponto crucial é a gestão da reputação e o impacto da comunicação na governança. Empresas que não possuem um plano de comunicação para suas políticas de governança estão expostas a crises e desconfiança pública. A coerência entre o que é prometido e o que é entregue é fundamental para evitar a percepção de greenwashing e outras práticas que podem minar a credibilidade empresarial.

A governança não pode ser apenas um conjunto de normas internas, mas sim um pilar central da cultura organizacional e da narrativa empresarial. É aqui que os comunicadores entram como agentes estratégicos para garantir que as mensagens da empresa estejam alinhadas aos seus valores e compromissos. O desafio é garantir que essa comunicação seja efetiva, crível e impactante.

As empresas que conseguem integrar a comunicação à governança fortalecem sua reputação e reduzem riscos. A comunicação corporativa, quando bem alinhada, permite que os stakeholders compreendam os valores e a missão da empresa, reforçando sua confiabilidade e legitimidade no mercado. Além disso, facilita o engajamento de colaboradores e parceiros, criando um ecossistema organizacional mais sólido e resiliente.

Olhando para o futuro, a relação entre comunicação e governança tende a se tornar ainda mais crítica. Com o avanço das novas tecnologias e a crescente demanda por transparência, as empresas precisarão investir cada vez mais na convergência entre esses dois pilares. O desafio está lançado: é hora de consolidar a comunicação como um elemento essencial da governança corporativa, garantindo que as organizações não apenas pareçam, mas sejam, de fato, transparentes e responsáveis.

Este conteúdo é aprofundado no livro “Comunicação e Governança: Parecer e Ser na Era da Transparência” publicado pela Editora Aberje.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Vânia Bueno

Vania Bueno é especialista em comunicação empresarial e governança corporativa, com mais de 40 anos de experiência na área. Autora do livro “Comunicação e Governança: Parecer e Ser na Era da Transparência”, publicado pela Editora Aberje, é referência na conexão entre comunicação e governança como fatores estratégicos para a reputação, a liderança, a transparência e a sustentabilidade das organizações. Atua como palestrante, consultora e professora, ajudando empresas e lideranças a fortalecerem a coerência entre discurso e prática. É membro do Conselho Deliberativo do Capitalismo Consciente Brasil e criadora do conceito Deep Governance, uma abordagem que amplia a governança para além das estruturas formais, integrando cultura, ética e valores humanos no centro das decisões organizacionais.

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