09 de outubro de 2024

Os desafios permanentes da comunicação na mineração e da reparação em Mariana

Aberje realiza visita às iniciativas de reassentamento das comunidades atingidas e de reparação ambiental

Nos dias 24 e 25 de setembro, Hamilton dos Santos, diretor-executivo da Aberje; e Victor Pereira, gerente de Relações Institucionais da Aberje, realizaram uma viagem a Minas Gerais, com visitas às sedes da BHP, em Belo Horizonte e da Samarco, em Mariana, além de áreas afetadas pelo rompimento da barragem de Fundão. A visita é parte do compromisso da Aberje de estar próxima de seus associados.

A agenda incluiu reuniões com líderes operacionais da Samarco e visitas a locais estratégicos para entender os processos de extração e beneficiamento de minério de ferro, além das ações de reparação socioeconômica e ambiental conduzidas pela Fundação Renova. A Fundação é uma entidade de direito privado responsável pela reparação da bacia do Rio Doce. Ela foi formada por meio de um acordo entre governos e empresas, conforme alinhado no Termo de Transação e Ajuste de Conduta (TTAC), firmado em março de 2016.

Hoje, a entidade realiza 42 programas de reparação e compensação em cinco frentes:

  • Reparação socioambiental;
  • Reassentamento;
  • Retomada produtiva;
  • Indenizações;
  • Infraestrutura.

Trata-se de um modelo inédito em reparações, que visa a imparcialidade do processo. O modelo de governança adotado pela Fundação Renova conta com sistemas de controle internos e externos, que incluem auditoria independente e curadoria do Ministério Público de Minas Gerais, além da participação da sociedade civil por meio de comissões locais.

No Termo que estabeleceu a Fundação, a Comunicação aparece como pilar em três programas. No entanto, devido a decisões recentes, a entidade está limitada em alguns aspectos da comunicação dos resultados e ações realizadas.

Além do site da Fundação, as comunidades recebem informativos periódicos, que trazem notícias locais sobre as entregas e o andamento das obras, além de anúncios de comércios reabertos e agenda de eventos.

Do minério à pelotização

O primeiro compromisso foi uma reunião na sede da Samarco, em Mariana (MG), onde participaram João Calmon, gerente geral da Samarco; Edmilson de Freitas Campos, gerente de Beneficiamento da Samarco; Rafaela Cláudio, analista de Comunicação Empresarial da Samarco; Danielle de Paula, Principal Corporate Affairs Brazil da BHP; e Luciana Moreira, Principal Corporate Affairs Brazil da BHP. A reunião ofereceu um panorama abrangente das operações de mineração da Samarco, desde a extração do minério de ferro até seu transporte e beneficiamento no porto, situado em Ubu (ES).

Após a reunião, a equipe foi acompanhada por Paulo Sérgio de Oliveira, engenheiro de processo especialista da Samarco, para conhecer as operações de mineração da empresa. As atividades começam no Complexo de Germano, localizado nos municípios de Mariana e Ouro Preto (MG). Nesta unidade, o minério de ferro de baixo teor, anteriormente considerado rejeito, é enriquecido no processo de beneficiamento, aumentando seu teor de ferro para cerca de 67%.

O minério, na forma de polpa, é então transportado por meio de minerodutos que percorrem cerca de 400 km, atravessando 25 municípios até chegar ao Complexo de Ubu, em Anchieta (ES). O mineroduto da Samarco, que foi o primeiro do país, transporta minério a uma velocidade média de 6 km/h. As estações de bombeamento e válvulas, distribuídas ao longo do percurso, garantem a eficiência e segurança do processo. A água utilizada no mineroduto é tratada e recirculada no Complexo de Ubu.

No Complexo de Ubu, localizado no litoral do Espírito Santo, o minério passa por usinas de pelotização e estações de tratamento de água, antes de ser embarcado no terminal portuário, com destino aos clientes finais. As usinas 3 e 4 do complexo estão entre as maiores do mundo.

Visita à região atingida e novos distritos

No segundo dia, a Aberje visitou algumas áreas diretamente impactadas pelo rompimento da barragem de Fundão, para conhecer o trabalho de recuperação do leito do Rio Doce e as comunidades de Paracatu e Novo Bento Rodrigues. A construção dos imóveis de Novo Bento Rodrigues começou em 2019, enquanto as obras em Paracatu foram iniciadas em 2021. As comunidades se envolveram diretamente no projeto dos novos assentamentos e de suas casas e comércios. Essas famílias começaram a se mudar para os novos assentamentos a partir de março de 2023.

Durante a visita às novas comunidades, os visitantes puderam observar as melhorias implementadas nas habitações e na infraestrutura local. O trabalho de reconstrução não se limita apenas à entrega de novas moradias, mas também à garantia de que os moradores possam retomar suas atividades e sustentar suas famílias.

Reparação ambiental

A Fundação Renova realiza ainda ações para recuperação dos rios Doce e Gualaxo do Norte, incluindo controle de qualidade das águas, realizado por meio de 22 estações automáticas e 82 pontos de monitoramento convencional, instalados ao longo de 690 km da bacia do Rio Doce.

Os trabalhos também envolvem iniciativas de reflorestamento e preservação, concluídas em 2021, que contaram com o plantio de 350 mil mudas de 176 espécies nativas. Nas regiões do Baixo e Médio Rio Doce, a Fundação também prestou assistência técnica para mais de 600 propriedades rurais afetadas, com foco no aumento da produtividade e da renda por meio de técnicas de gestão e marketing. Durante as visitas realizadas, foi destacado o papel da Fundação Renova na reparação dos danos provocados pelo desastre de 2015. O acidente impactou toda a indústria mineradora, cujas atividades já sofriam questionamento intenso.

Até agosto de 2024, cerca de 37 bilhões de reais já foram desembolsados para o processo de reparação, considerando as diversas frentes. Além dos reassentamentos, a fundação trabalha para reconstruir os meios de vida das comunidades impactadas e a recuperação do meio ambiente.

A agenda foi encerrada com uma visita ao escritório da BHP Brasil, uma das acionistas da Samarco, em Belo Horizonte.

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