16 de fevereiro de 2017

Comunicação interna. Do que estamos falando?

A comunicação interna como ferramenta de gestão continua sendo a pedra no sapato de uma grande maioria de chefes, diretores e gerentes.

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A comunicação interna como ferramenta de gestão continua sendo a pedra no sapato de uma grande maioria de chefes, diretores e gerentes.  Informar nunca foi comunicar. Claro que ficar sabendo qual será o cardápio da semana no restaurante da fábrica é uma informação valiosa para a hora sagrada do almoço, mas isso nunca será o suficiente para fazer as coisas andarem de fato ou as pessoas se sentirem parte do time, respeitadas, reconhecidas. Publicar notícias cujo vocabulário vem carregado de jargões repetitivos e conteúdo distante da realidade dos burburinhos dos corredores e das pessoas que trabalham na empresa é pura perda de tempo, além de pura chatice. Se a sua notícia chapa branca tivesse que ser vendida numa banca de jornais quem iria comprar? Entendo perfeitamente que a liderança precisa passar suas instruções e diretrizes, cobrar as metas, dar ordens administrativas sempre necessárias para fazerem funcionar a empresa “como um verdadeiro relógio” mas que tal evitar aquele tom doutrinário, distante, mecânico e o discurso de vendedor chato? Que tal fazer uma propaganda interna mais inteligente e criativa para embalar aquele feijão com arroz de forma a não só informar, mas entreter, abrir espaços reais para uma comunicação de mão múltipla com o empregado e perceber que seja qual for a mídia usada, o mais importante não são as palavras mas a conversa, a história contada, os bons exemplos e as narrativas calorosas, humanizadas. Chega de rodar a comunicação interna num piloto automático e disparar informativos robotizados que agradam ao alto escalão mas não convencem as pessoas. Saia do canal corporate e roube a audiência da rádio corredor.

Comunicação interna que interessa. Interessa? Deixe as matrículas e as fotos dos crachás de lado, conte as histórias verdadeiras e cheias de emoção das pessoas de carne e osso. Que tal fazer a comunicação que interessa e dar voz e também ouvidos aos empregados?  Sei que muitos gestores fingem defender essa máxima, mas na prática são uns caras de pau, quando não verdadeiros Pinóquios. Informar sem ter nada para dizer é mais do que perda de tempo e gasto de energia. É lenha na fogueira da comédia organizacional, combustível para o sarcasmo, tiro no pé da motivação. A pergunta que não quer calar: de qual comunicação interna nós estamos falando?

Você já sabe a resposta.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Luiz Antônio Gaulia

Jornalista. Mestre em Comunicação Social pela PUC-Rio. Especialista em Comunicação Empresarial pela Syracuse University/Aberje. Pós-graduado em Marketing e em Comunicação Jornalística. Ex-Gerente de Comunicação da CSN - Cia. Siderúrgica Nacional e da Alunorte (PA). Atuou no O Boticário e no Grupo Votorantim. Realizou projetos de comunicação corporativa e sustentabilidade para a VALE, a Light, Petrobras, Ajinomoto e Norsul. Foi Gerente de Comunicação Corporativa e Sustentabilidade do Grupo Estácio. É Diretor da Race Comunicação e professor da FGV Rio e da ESPM SP.

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