Painel voltado às mudanças climáticas no Brasil com Secretária Nacional marca encerramento do Aberje Trends
“Em meio a diversos cenários complexos, com um excesso de tendências, a Aberje representa um espaço seguro para o setor da Comunicação e oferece um fórum qualificado para debates sobre temas relevantes como as mudanças climáticas”, afirmou Malu Weber, vice-presidente de Comunicação da Bayer, encarregada da mediação do painel “O que você precisa saber sobre mudanças climáticas no Brasil”, oferecido em parceria com a Fundação FHC. Com a participação da keynote speaker, Ana Toni, secretária nacional de Mudança do Clima; Sergio Fausto, diretor geral da Fundação FHC; e Paulo Nassar, diretor-presidente da Aberje e professor titular da ECA-USP, o evento marcou o encerramento do Aberje Trends, realizado em São Paulo na última terça-feira (25).
“O tema das mudanças climáticas está em alta hoje. A reputação do governo brasileiro em relação ao clima estava muito abalada e a Secretaria Nacional de Mudança do Clima tinha muita demanda para debater e escutar”, começou Toni. Ela falou sobre os desafios para o país para atingir as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris, além de definir novos objetivos para 2035. De acordo com a secretária, a matriz energética brasileira, baseada principalmente em energias renováveis, e a agricultura nacional podem ser vantagens competitivas para o país, embora dependam de um padrão hídrico estável – o que representa uma fraqueza. “As cidades e a economia brasileiras são vulneráveis às mudanças climáticas. Nós temos que fazer a transição rapidamente e a inação vai ser muito mais cara do que a ação”, declarou Toni. Embora nem sempre seja possível ter todas as respostas, não é possível ficar em cima do muro, lembrou. “As políticas públicas precisam de comunicação e escuta. Se você não é parte da solução, é parte do problema”, concluiu.
Sergio Fausto comentou que o desafio da Comunicação é convencer o eleitorado de determinadas questões, mas que a mudança climática ainda não está no topo de prioridades da população do Brasil. “Como avançar para colocar esse tema no topo da agenda?”, perguntou aos debatedores.
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“O clima ainda não se tornou um tema político e nós estamos colocando as futuras gerações em risco. As mudanças climáticas são como um avião que tem 98% de chance de cair. Quem aqui entraria ou colocaria seus filhos nesse avião? Provavelmente ninguém! Mas é exatamente o que estamos fazendo, estamos colocando essas gerações futuras dentro desse avião que tem 98% de chance de sofrer com os grandes eventos climáticos”, declarou Ana Toni, lembrando que as recentes tragédias no Brasil dão a dimensão do problema. “É preciso colocar o tema na agenda, mas sem pânico”, concluiu.
O professor Paulo Nassar começou sua fala com uma citação do poeta Dylan Thomas. “Um pequeno gesto nosso muda o mundo”, declamou. “Nós podemos influenciar a discussão desses temas com pequenos gestos e isso não é uma questão nova para a Aberje: nosso tema para 2024 é ‘Comunicação para a transição’, refletindo a necessidade de mudanças urgentes nessa era de transição – energética, econômica, cultural e social”, afirmou. Nassar então perguntou a Ana Toni se ela se sentia simultaneamente em vários governos – no plural – considerando a frente ampla construída pelo presidente Lula para disputar a eleição presidencial de 2022, que reuniu agentes políticos com atuações e posicionamentos diversos.
“Nós somos um governo de coalizão e o debate é sempre bem-vindo. Isso é uma questão normal e a tensão é positiva, eu percebo e valorizo isso. Se eu não conseguir convencer um colega, eu não vou conseguir convencer o parlamento nem a sociedade”, explicou Toni.
“As empresas ainda têm influência sobre o Congresso?”, questionou Fausto.
“Os lobbies no Congresso ainda estão estruturados para a economia antiga, os temas são debatidos com uma visão estreita, muito localizada, com parlamentares questionando como determinado assunto afeta sua cidade ou sua região. Precisamos comunicar a mudança climática de uma maneira alinhada ao dia a dia das pessoas”, afirmou a secretária. “O mercado de carbono é um grande exemplo, estamos há 15 anos debatendo esse tema e não conseguimos aprovar uma lei até hoje”, continuou. “O tema tem que virar política, porque econômico ele já é! A força das empresas seria fundamental para destravar essa discussão, as companhias que abraçaram a agenda do clima precisam estar presentes no Congresso”, concluiu Toni.
A 8ª edição do Aberje Trends contou com o patrocínio de BASF, Bayer, ENGIE Brasil, Gerdau, Itaú Unibanco, LATAM Airlines, Arcos Dorados, Novo Nordisk e Stellantis; o apoio da CPFL Energia, Prospectiva Public Affairs LAT.AM, P3K Comunicação e Tetra Pak; e media partner de InfoMoney e propmark.
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