Comunicação e geração z – como adaptar o discurso, o meio e a mensagem para ter sucesso
Não é novidade que toda geração tem alguma particularidade. Isso tem a ver com o momento da história, os marcos socioeconômicos, as tecnologias etc.
Enquanto os baby boomers sonhavam com um cargo público e fazer carreira numa única empresa, os millenials têm horror a essa falta de flexibilidade. Não existe certo ou errado, mas sim adaptações para que profissionais tão diversos em expectativas e experiências possam conviver, exercer o seu talento e contribuir para os resultados das empresas.
E nós, na comunicação, temos que estar atentos a todos esses movimentos sutis para construir uma mensagem que seja efetiva para todos os públicos e que consiga alcançar a todos.
Recentemente uma reportagem do jornal The Wall Street Journal me chamou a atenção por mostrar que os jovens universitários da geração Z – nascidos entre 1995 e 2010 – têm muita dificuldade nas habilidades de comunicação simples, como jogar conversa fora ou ter jogo de cintura para manter uma conversa aleatória (o famoso papo de elevador) em eventos corporativos e isso está atrapalhando sua entrada ou manutenção no mercado de trabalho.
Por que isso acontece?
A explicação, segundo a reportagem, é que essa geração já nasceu na sociedade digital e teria, por isso, mais facilidade de se expressar em redes sociais, como WhatsApp, TikTok etc. do que no cara a cara. Têm dificuldades para escrever longos parágrafos porque a vida não tem corretor ortográfico. Além disso, a carreira da maioria teve início durante a pandemia e o grupo começou a trabalhar no período de isolamento, tendo as reuniões virtuais como modelo de expediente.
Diante da dificuldade surgem as oportunidades e algumas universidades, como da Flórida e da Califórnia, criaram cursos para ensinar os universitários a conversar, a bater-papo. A proposta é incentivar a sensação de pertencimento, as habilidades sociais e o diálogo sobre questões cotidianas que possam evoluir para temas mais interessantes ou importantes.
Um curso da Everyday Speech lista como vantagens do “small talk” (como chamam a conversa despretensiosa) o desenvolvimento da escuta ativa, da empatia, da comunicação não verbal, a resolução de conflitos e da colaboração.
Aqui no Brasil ainda não vi nada parecido, mas sei de cursos de oratória para quem quer falar bem em público – o que, na grande maioria das vezes, significa se apresentar para uma multidão e não apenas trocar ideia com uma ou duas pessoas que mal conhece.
Isso é relevante
Como profissionais de comunicação, temos que nos adaptar às novas realidades. Comecei minha carreira ligando na redação para oferecer uma pauta ao repórter ou convidando para uma conversa.
Hoje, a troca acontece por e-mail e, em caso de uma relação mais próxima, por whatsapp. Ligar ou mandar áudio caiu em desuso. Mais do que cringe, passou a ser inconveniente.
Com o avanço constante da tecnologia, muitos colegas se sentem ameaçados, acreditando que a Inteligência Artificial Generativa vai roubar empregos por saber redigir textos, criar conceitos e motes. A verdade é que não adianta ter a ferramenta e depois, não saber sustentar o diálogo. Não saber traduzir as ideias em palavras e não ter aquela troca tão importante e interessante que só as pessoas têm.
Por meio do programa de Thought Leadership que desenvolvemos para executivos, não só reconheço a importância de uma boa conversa, como também a oportunidade de surgir insights incríveis.
Para mim, puxar papo, mesmo que sem um assunto específico na ponta da língua, ainda é o primeiro passo para o início de qualquer relacionamento. Algumas pessoas conseguem manter o tema da conversa em alta, promover debates e diálogos inteligentes, outros, apenas acenam com a cabeça e, nessa troca de informações, a conclusão é que, mesmo o silêncio pode dizer muito. Afinal de contas, uma boa conversa pode ser a chance de causar uma ótima primeira (às vezes única) impressão.
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