05 de outubro de 2016

Como planejar a comunicação para a sustentabilidade?

Planejar é um ato criativo. Sustentabilidade demanda planejamento e comunicação. Comunicação como ferramenta de gestão, mas também de educação para a sustentabilidade organizacional.

Planejar é um ato criativo e assim deve ser encarado. Planejar não é implantar um trilho, mas é fundar estações que nos levarão ao destino final. O objetivo é completar a viagem no prazo previsto, com qualidade e sem (muitos) tropeços pelo caminho. O plano precisa ter flexibilidade para considerar os “retornos” durante a jornada. Saber voltar e recomeçar, sem se fixar na culpa deste ou daquele setor, pois superar adversidades faz parte da jornada. Grandes negócios são como viagens cuja estrada deve nos levar  ao sucesso do negócio, no longo prazo.

Na comunicação também é assim quando pensamos na sustentabilidade enquanto um aprendizado permanente da organização. Precisamos não só traçar criativamente nossas ações, num determinado período de tempo, como devemos ressaltar as oportunidades de comunicação em cada ponto de contato e experiência com a marca.  Comunicação como ferramenta de gestão, mas também de educação para a sustentabilidade organizacional. Pense nisso!

Nenhuma empresa ou negócio neste nosso mundo pode dizer que seja sustentável. Ela pode estar momentaneamente sustentável, pois soube fazer seu dever de casa e evitar riscos, bem como estabelecer ganhos de eco eficiência. Mas sustentabilidade vai sempre além! Demanda uma visão holística e também demanda inovação, como o horizonte que fica sempre mais distante mesmo que tenhamos feito uma exaustiva caminhada.  Neste cenário, considerar o que pode dar errado  deve fazer parte do roteiro de nossa viagem. Portanto, o planejamento da comunicação deve considerar não somente as peças e os veículos usados, mas  ser criativo o suficiente para superar os limites dos orçamentos e outros obstáculos que apareçam durante o percurso.

Como planejar a comunicação para a sustentabilidade?

O plano de comunicação para a sustentabilidade deve ser pensado como um canal  “multistakeholder”, considerando temas sensíveis, cenários de crise e ainda datas de celebração. Afinal, boas notícias devem ser comemoradas por todos que trabalham na empresa! Resgatar a memória dos acertos e dos erros, aprender com os tropeços dos outros, estudando casos de crises de outras empresas, mesmo que sejam de outros segmentos de atuação é parte do trabalho de planejamento. O plano deve considerar a complexidade dos cenários atuais cada vez mais reativos ao estilo de “comando e controle” e trabalhar modelos autônomos, como é a lógica das redes.

Ou seja, planejar a comunicação para a sustentabilidade é abrir portas e janelas para públicos muitas vezes não percebidos como essenciais para o negócio. Perceber a força das mídias sociais e os riscos reputacionais em jogo nesse universo virtual. Saber ouvir, compreender as características de cada público e entender suas expectativas, muito mais do que apenas inserir num calendário a emissão de comunicados frios e distantes e o envio de informações sem alma ou calor humano.

Vamos lembrar: tudo comunica, tudo educa e tudo pode (des) motivar. Assim, o aprendizado é o combustível da viagem rumo à sustentabilidade. Ao longo do caminho ele deve ser completado, pois cada curva nova vai demandar novas habilidades e competências.  Nos produtos, nos processos, serviços e nas oportunidades futuras que vão gerar uma singularidade valiosa para a marca. Um perenidade  resultante da busca pela excelência e cuja comunicação eficiente celebrou virtudes, gerando admiração. Virtudes monitoradas por indicadores confiáveis, evidentemente. Por isso, vamos sempre perguntar: nossos objetivos de comunicação estão sendo alcançados?

Neste mundo cada vez mais sem segredos, cuja transparência e agilidade de opiniões e comentários mobilizam milhares de pessoas em poucos segundos, o planejamento da sustentabilidade da empresa deve vir calibrado por uma comunicação igualmente responsável nas suas promessas e nas suas atitudes.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Luiz Antônio Gaulia

Jornalista. Mestre em Comunicação Social pela PUC-Rio. Especialista em Comunicação Empresarial pela Syracuse University/Aberje. Pós-graduado em Marketing e em Comunicação Jornalística. Ex-Gerente de Comunicação da CSN - Cia. Siderúrgica Nacional e da Alunorte (PA). Atuou no O Boticário e no Grupo Votorantim. Realizou projetos de comunicação corporativa e sustentabilidade para a VALE, a Light, Petrobras, Ajinomoto e Norsul. Foi Gerente de Comunicação Corporativa e Sustentabilidade do Grupo Estácio. É Diretor da Race Comunicação e professor da FGV Rio e da ESPM SP.

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