23 de agosto de 2023
BLOG Estratégia ESG & Comunicação

ESG: sem comunicação, não há engajamento

 

A corrida ESG e a busca por um futuro sustentável nas empresas e nas instituições não podem ser feitas na modalidade 100 metros rasos. Ela está mais para 1.500 metros com obstáculos e equipe de revezamento. E bota equipe nisso.

Para a adoção eficaz de diretrizes ambientais, sociais e de governança nas relações corporativas, o engajamento coletivo não pode ser uma cobrança, mas uma construção entre todos os elos da cadeia produtiva e demais partes interessadas no processo. Para a efetividade deste engajamento na prática diária dessas relações, a comunicação é o elemento-chave nos alicerces dessa construção e garantia de sustentabilidade.

A comunicação deve ser inspiradora e mobilizadora de colaboradores e parceiros de negócios em torno das diretrizes ESG com um diálogo aberto e inclusivo. Deve ter a exata sincronicidade para a passagem do bastão. O timing preciso, e principalmente, total alinhamento. Não dá para deixar esse bastão cair em uma das passagens porque fatalmente a desclassificação e perda de tudo o que foi feito até então recairá sobre o time.

À parte analogias com a equipe de revezamento, o que se pretende neste artigo é contribuir com a idealização de um plano tático para engajamento de todo o time nas diretrizes ESG. Quais instrumentos são necessários para essa abordagem, não só integrada, mas sistêmica e sistemática de comunicação?

Ao adotar uma abordagem proativa, o desenvolvimento de plataformas digitais colaborativas, por exemplo, com troca de informações e experiências, incentivando todos a participarem, possibilita a canalização e consistência de ideias. Neste processo, uma palavra é imprescindível: Transparência. Não dá para fingir inclusão, ela acontece ou não. Não dá para apenas parecer ambientalmente responsável. É necessário o ser. Não se pode apenas propor uma governança e não a aplicar, é preciso que ela seja conhecida e seguida por todos.

A transparência é o que vai atrair a participação de todos os interessados e envolvidos na produção, sejam fornecedores, clientes ou mesmo os próprios consumidores. As evidências, os benefícios e os resultados dessa construção é que vão dar consistência neste engajamento. Esse é apenas um exemplo de instrumentos que podemos lançar mão.

Além do desenvolvimento de plataformas colaborativas e da transparência, existem outras estratégias de comunicação que podem ser empregadas para impulsionar o engajamento ESG. Uma delas é a criação de campanhas internas e externas que promovam os valores e a importância dessas diretrizes, utilizando histórias inspiradoras de sucesso e mostrando o impacto positivo gerado. Essas campanhas podem incluir vídeos, artigos, depoimentos e eventos que despertem o interesse e a participação ativa dos colaboradores e demais stakeholders. A ideia aqui é a multiplicação a partir das boas experiências e aprendizados. Vendo uma história de sucesso, e entendendo as etapas de um processo bem-sucedido, a inspiração pode ser motivadora de novos projetos, ideias e histórias.

Seguem abaixo outras formas de engajamento que a área de comunicação pode implementar para trazer à tona maior engajamento nas diretrizes ESG:

  1. Conteúdo educativo: Produza conteúdos que eduquem e conscientizem seu público-alvo sobre as questões ESG. Artigos, infográficos e vídeos informativos podem ajudar a disseminar conhecimento e incentivar a participação.
  2. Engajamento nas redes sociais: Utilize as redes sociais para se conectar com seu público, compartilhando histórias, eventos e conquistas relacionadas às diretrizes ESG. Incentive a interação por meio de comentários, compartilhamentos e curtidas.
  3. Programas de voluntariado: Promova programas de voluntariado para incentivar seu público a se envolver em causas sociais relevantes. Comunique as oportunidades de voluntariado por meio de campanhas digitais e mostre o impacto positivo que podem causar.
  4. Parcerias estratégicas: Estabeleça parcerias com organizações sem fins lucrativos e iniciativas locais que compartilham dos mesmos valores ESG. Isso pode ajudar a ampliar o alcance de suas ações e atrair um público engajado, além da troca de experiências com outras empresas que participam da mesma instituição.
  5. Feedback e sugestões: Crie canais de comunicação efetivos para que o público possa fornecer feedback e sugestões relacionadas às diretrizes ESG. Demonstre que você valoriza suas opiniões e está disposto a melhorar constantemente.
  6. Eventos e webinares: Realize eventos presenciais e virtuais, como palestras e webinares, que abordem questões ESG relevantes para o seu público-alvo. Essas iniciativas promovem o diálogo e criam oportunidades para que os espectadores conheçam o que outros estão fazendo e quem sabe tenham um insight para incluir isso em suas próprias conduções de rotina.
  7. Comunicação interna: O engajamento nas diretrizes ESG deve ser cultivado internamente. Mantenha seus colaboradores informados e engajados por meio de boletins, intranet e reuniões periódicas. Funcionários engajados são defensores da marca e podem influenciar positivamente o público externo, inclusive junto aos fornecedores.
  8. Compras sustentáveis: Promova junto à área de compras de sua empresa um manual de procedimentos para que as diretrizes ESG sejam levadas para a cadeia de suprimentos. Uma cartilha com o que será ou não aceito na cadeia pode ser um bom caminho. Busque orientação junto a instituições que já possuam esta experiência para adotar boas práticas.
  9. Medição e relatórios: Estabeleça métricas e indicadores para medir o progresso em relação às diretrizes ESG. Compartilhe relatórios transparentes e atualizados com o público, demonstrando seu comprometimento e incentivando a confiança.
  10. Incentivos e recompensas: Crie programas de incentivo e recompensas para o público que se envolve ativamente com suas iniciativas ESG. Isso pode incluir descontos, brindes ou doações a instituições de caridade em nome dos participantes.

Por fim, vale destacar que sempre é possível conseguir mais a atenção do time por meio de jogos e de processos de escuta. Uma comunicação que não seja vertical e inclua a participação e co-construção de processos junto aos colaboradores é sempre mais eficiente porque, além de despertar neles o genuíno interesse, também obterá maior assertividade, já que terá contado com a previsão dos possíveis obstáculos junto a quem de fato vive as rotinas diárias da empresa em todos os seus níveis.

Utilize elementos de jogos e gamificação ou mesmo técnicas de facilitação para engajar seu público. Todos somos lúdicos por natureza e aprendemos muito mais quando o processo é divertido e envolvente.

Nossas experiências profissionais demonstram que comunicação é revezamento, é passagem do bastão da informação de forma contínua e participativa. Trabalhar o ESG nas relações corporativas e institucionais requer uma comunicação contagiante e que leve a um pódio coletivo do engajamento.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Kelly Lima

Kelly Lima é sócia fundadora da Alter Conteúdo – agência especializada na comunicação de temas ESG, e editora da newsletter Estratégia ESG, que reúne curadoria e análise de notícias da temática

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