11 de agosto de 2016

Pra pensar sobre o deep listening

O storytelling tem valor porque permite que uma narrativa seja entendida como mecanismo de compreensão de si mesmo e dos outros, articulando ideias sobre identidade, relações sociais e espaços onde elas ocorrem. Histórias são a maneira pela qual damos sentido ao nosso mundo, construindo significado a partir do passado e abrindo o caminho para novas questões e discussões.

 

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E, como tenho dito desde o início do meu curso neste tema desenvolvido na Aberje, um dos processos mais relevantes para a contação de histórias reside na escuta. A dispersão da vida contemporânea torna a intenção verdadeira de ouvir o outro um grande desafio. E estranhamente a capacidade de “saber ouvir” não vem sendo abordada com a mesma ênfase. Parece até que os aspectos performáticos da fala seriam mais relevantes. Ledo engano.

Por esse motivo o post de hoje quer parar para pensar no “deep listening”. É uma escuta cuidadosa e empática que desenvolve confiança, empatia e conexão mais profundas. Trata-se de escutar o outro sem julgamento, comparações ou reações. Educados na escuta interior, estaremos sensibilizados para a escuta da realidade. Permitir que cada realidade fale para nós sua própria linguagem. Isso é ter ouvidos para a escuta. Aqui não se trata de ser puramente receptivos a algumas idéias, escutar determinadas palavras, senão de escutar com o ouvido do coração, de procurar captar a vida que pulsa no coração do outro. E isto exige uma profundidade que talvez esteja faltando, quando estamos nos movendo na superficialidade da vida.

 

Precisamos ouvir o que é dito,
o que não é dito,
o que está esperando para ser dito
e o que está clamando para ser dito.

 

“Deep listening” envolve ouvir respeitosamente. Leva tempo e requer paciência. Pode ser usada até como metodologia de pesquisa. É formado pelos conceitos de comunidade e reciprocidade. Baseia-se em histórias e silêncios – e nos espaços entre eles. Otto Scharmer, autor da “U Theory”, descreve quatro tipos de escuta: downloading (confirmar o que já se sabe), escuta ativa (prestar atenção ao que difere de nossos próprios conceitos), escuta empática (perceber o mundo pelos olhos de alguém) e escuta generativa (a partir da perspectiva futura). O “deep listening” é o trânsito entre todas estas partes.

Então, você está preparado? Eu estou tentando.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Rodrigo Cogo

Rodrigo Cogo é o curador do Sinapse Conteúdos de Comunicação em Rede e responsável pela distribuição digital dos canais integrantes da plataforma. Formado em Relações Públicas pela Universidade Federal de Santa Maria, é especialista em Gestão Estratégica da Comunicação Organizacional e Mestre em Ciências da Comunicação, com estudos voltados para a Memória Empresarial e Storytelling, ambos pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (SP). Atuou na Aberje por 14 anos, passando pelas áreas de Conteúdo, Marketing e Desenvolvimento Associativo e tendo sido professor em cursos livres e in company e no MBA da entidade por 10 anos. É autor do livro "Storytelling: as narrativas da memória na estratégia da comunicação".

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