13 de julho de 2023

A Comunicação em tempos de ESG

Lidar com a comunicação em segmentos complexos, nada positivos e que geram impactos consideráveis na sociedade e no seu entorno, sempre será um desafio à turma do PR. Profissionais capazes, passionais e competentes, certamente, às vezes se encontram em alguns dilemas como trabalhar a informação, pura e simples, ou “marketear” o seu cliente/empresa de forma que ele saia bem na fita (literalmente). Jornalismo não é Marketing e sabemos disso. Em tempos de pós-verdades e de fanfics, e de exposição exacerbada, e acelerada, por conta das redes sociais, a comunicação corporativa precisa alinhar expectativas tanto interna quanto externamente. Esse profissional, nessa linha de frente, hoje, se encontra também em uma outra agenda: comunicar as ações de ESG a fim de expor as boas práticas (se houver, e tem que ter, ok?!) para os meios de comunicação. Todos estão atentos a isso, de consumidores à formadores de opinião, e todo o desvio na agenda de sustentabilidade será castigado. Não vamos nos iludir achando que dará para seguirmos na luta diária da Comunicação sem nos aprimorarmos nos conceitos, prática e teorias de ESG já em curso.

E não é de hoje que as empresas estão sendo cobradas por suas ações sociais, ambientais e de governança. Todos estão de olho e a opinião pública não dará trégua àquelas que não se adequarem ou, no mínimo, que retornem, à sociedade e ao planeta, com valor agregado, tudo o que tiram para as suas respectivas produções. Acabou a premissa do lucro a todo custo. A nova ordem vai além de citar Johnny Cash (Walk the Line). A nova ordem é contribuir, agregar, parar de depredar em prol apenas de dividendos exorbitantes. Não é mais sobre “andar na linha”, isso não basta mais. Agora é não persistir nos mesmos erros, não sugar o meio ambiente e ter um olhar diferenciado e de ação para, e com, todos os públicos envolvidos.

Existem dois tipos de empresas nesse mundo: a que tem agenda positiva e aquela com a agenda negativa. Aqui a classificação de positivo e negativo é pela natureza do segmento, ok? Alguns segmentos são “ruins” por natureza outros são mais “bonitos” e aceitáveis. E reza a lenda que as empresas com a agenda positiva são mais “fáceis” de trabalhar a Comunicação. Já as outras dentro da esfera não tão amigável, enfrentam uma cobrança maior. Independentemente do segmento, hoje nós comunicadores precisamos enfrentar algumas verdades inconvenientes como: lidar com empresas que cismam em falar mais do fazem; gerar pautas positivas em cenários controversos; gerenciar crises à despeito da agenda positiva; alinhar expectativas internas. De qualquer forma, a pauta ESG se faz presente, está potente e pulsante com uma gama de oportunidades de expor a sua marca, a sua empresa de forma positiva, participativa e atuante. Mais do que trabalhar a reputação, precisamos pensar além da Comunicação. Precisamos pensar na real orientação para as ações sustentáveis seja no segmento que for.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Juliana Barreto

Juliana Barreto é gerente de Comunicação, Sustentabilidade | ESG e Marca Corporativa da SuperVia. É gestora de Comunicação, Interna e Externa, atuando há 20 anos à frente da comunicação de setores como: Mobilidade, Resseguro, Tabaco, Previdência, Mineração, Oil & Gas, Combustíveis, Forças-Armadas, Logística Off-Shore, e Poder Legislativo. A profissional atua como porta-voz de lideranças, diretores e CEOs, nas áreas de comunicação interna, relações com a imprensa, gestão de crise, imagem, reputação e branding.

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