22 de julho de 2016

Empregados no escuro?

A comunicação interna é a luz da organização. Estabelecer um modelo de comunicação interna não é tão complicado assim. O maior problema é o nível de maturidade organizacional que impacta diretamente na energia das pessoas.

Se faltar luz na sua empresa todo mundo fica perdido, não é mesmo? Mas se faltar comunicação, os empregados ficarão no escuro. Literalmente.

Se pensarmos que a palavra esclarece, a falta de comunicação interna pode criar mais caos quanto a falta de luz. Aliás, sem uma comunicação interna eficaz, frequente, ágil, inteligente e organizada nenhuma empresa consolida sua cultura, gera engajamento entre seus funcionários ou avança num mercado competitivo. Os clientes são os primeiros a perceber isso porque os empregados também são clientes: se eles não compram a empresa, quem vai comprar?

Estabelecer um modelo de comunicação interna não é tão complicado assim. O maior problema é o nível de maturidade organizacional que impacta diretamente na energia das pessoas. Dentro de uma análise bem simplista, num primeiro estágio, poderíamos dizer que estão as empresas (gestores) que enxergam a comunicação interna dentro dos limites do DP. Isso mesmo, do departamento de pessoal. Parece pré-história, mas os DPs ainda existem e com eles temos a comunicação interna puramente administrativa. Um emissor enviando uma informação burocrática e pronto! Os empregados estão na penumbra, quase que numa completa escuridão.

Num segundo estágio teríamos as organizações que já possuem um sistema de comunicação interna além das informações puramente administrativas. Essas empresas já teriam um jornal interno, digital ou impresso, uma intranet bacaninha, quadros murais atualizados semanalmente nas fábricas e até alguns grupos de whatsapp proliferando meio que sem critério entre os gestores. Contudo, nesse nível, a empresa ainda tem dúvidas sobre como a comunicação interna ajuda no engajamento das pessoas e no moral das equipes. Falta alguma coisa. Geralmente, numa primeira crise, a comunicação para de fluir quase como um apagão. São como o vaga-lume, piscam e apagam conforme o cenário.

Num terceiro estágio estão as empresas que já descobriram que a comunicação com o empregado começa por ouvir as pessoas, pelo diálogo de mão dupla ou mão múltipla, característica da sociedade em rede. Que não existem segredos capazes de serem escondidos por muito tempo e que a transparência é a chave da confiança. São empresas cuja maturidade emocional tem um efeito positivo no ambiente de trabalho, pois reconhecem que são os empregados as únicas pessoas capazes de fazer a promessa da marca, a missão da empresa, acontecer de fato. Sabem que o limite entre o externo e o interno não existe mais e por isso buscam a integração de seus movimentos de comunicação em todas as dimensões. Parabéns para elas. São iluminadas.

Eu ainda diria que existe um quarto nível de maturidade. São empresas que já passaram pelo aprendizado anterior e alcançaram a maturidade emocional para lidar com cenários diversos e com as surpresas das relações humanas, sempre tão complexas. Essas empresas estão na vanguarda da comunicação integrada, fazendo ações e movimentos capazes de inspirar as pessoas, energizar as equipes de forma permanente, planejada, estratégica. Buscam inovar não só nos seus laboratórios de P&D, mas em tudo aquilo que fazem. Na comunicação não seria diferente. Essas organizações são o farol para o futuro, compreendendo que a palavra é a base do vínculo e que um empregado não é mais, nem nunca foi apenas um empregado. Ele é um legítimo representante da marca dessa empresa, um porta-voz permanente, conectado, interlocutor influente em seus diversos círculos sociais.

Enfim, que se faça a luz, se faça a comunicação e que os empregados não fiquem no escuro.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Luiz Antônio Gaulia

Jornalista. Mestre em Comunicação Social pela PUC-Rio. Especialista em Comunicação Empresarial pela Syracuse University/Aberje. Pós-graduado em Marketing e em Comunicação Jornalística. Ex-Gerente de Comunicação da CSN - Cia. Siderúrgica Nacional e da Alunorte (PA). Atuou no O Boticário e no Grupo Votorantim. Realizou projetos de comunicação corporativa e sustentabilidade para a VALE, a Light, Petrobras, Ajinomoto e Norsul. Foi Gerente de Comunicação Corporativa e Sustentabilidade do Grupo Estácio. É Diretor da Race Comunicação e professor da FGV Rio e da ESPM SP.

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