12 de abril de 2023

Dilemas humanos da Inteligência Artificial

O mundo tem olhado com bastante atenção para os avanços da Inteligência Artificial (IA) generativa, especialmente após o estrondoso lançamento do ChatGPT e de concorrentes que começam a surgir, como o Google Bard.

Pude constatar em demonstrações ao vivo a incrível capacidade dessa tecnologia quando integrada a ferramentas de comunicação e colaboração, como o Microsoft Teams, para automatizar um grande número de tarefas operacionais que realizamos hoje. De atas de reunião com um resumo dos principais temas discutidos a gráficos de forecast de vendas, elaboração de apresentações criativas ou e-mails com propostas comerciais. São apenas alguns dos exemplos de tarefas hiperautomatizadas por IA que em breve estarão disponíveis no Microsoft Teams e em outras plataformas e aplicações que utilizamos em nossas organizações.

Se de um lado a forma de trabalhar e estudar está sendo bastante facilitada com a rápida evolução dessa tecnologia, de outro existe uma enorme preocupação com os limites éticos de sua aplicação. Imagens recentes geradas por IA de Donald Trump sendo preso e do Papa Francisco vestindo uma jaqueta ‘fashion’ ajudaram a fomentar esse debate ao viralizarem nas redes. Devido ao seu altíssimo grau de realismo, muita gente acreditou que as imagens eram verídicas, incluindo alguns órgãos de imprensa.

Se é cada vez mais difícil distinguir o que é fato do que é fake, teme-se que a aplicação da IA para fins ilegais e imorais cause sérios danos à sociedade. Imagine construir e divulgar imagens que façam a opinião pública crer que um cidadão idôneo cometeu um crime hediondo, ou então que um político honesto aceitou suborno bem às vésperas de uma eleição? Infelizmente as aplicações da IA para o mal também não têm limites para a mente humana.

Por isso há quem defenda que haja uma “pausa” de pelo menos seis meses nos treinamentos de novos sistemas de IA para que sejam criados e implementados protocolos mais robustos de segurança no desenvolvimento dessa tecnologia. Foi o que Yuval Harari, Elon Musk, Steve Wozniak e outras 50 mil pessoas, incluindo pesquisadores, empresários e executivos defendem na carta aberta do Future of Life Institute publicada recentemente.

Mas será que é possível “frear” a evolução de uma tecnologia nos dias atuais com uma sociedade em rede, mas ao mesmo tempo descentralizada do ponto de vista de desenvolvimento e processamento computacional? Difícil acreditar. Talvez seja mais crível acelerar as discussões sobre ética e regulação para que se estabeleça um marco ético e legal de responsabilidades para que a IA, combinada com a inteligência humana, seja usada para o bem, na construção de soluções para os problemas que nos afligem, estes sim, reais e humanos.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Marcos Santos

Marcos Santos é Diretor de Marketing e Demand-Generation da Unisys para América Latina, responsável pelo planejamento e execução das iniciativas de brand awareness e geração de demanda na região. Antes de ingressar na Unisys em 2012, Marcos desempenhou funções seniores em agências de Relações Públicas, como Sing Comunicação, Fundamento Grupo de Comunicação e Andreoli MSL. Graduado em Jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo, Marcos possui MBA em Gestão da Comunicação Corporativa pela Aberje, curso de extensão (pós-graduação) em Análise de ROI em Programas de Marketing e Comunicação pela USP e completou o Programa MicroMaster em Digital Leadership pela Universidade de Boston.

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