Fazer barulho ou ser relevante? O que vale mais a pena?
![](https://www.aberje.com.br/wp-content/uploads/fly-images/147928/speaker-129535_640-470x300.jpg)
Era 1996 quando Bill Gates foi convidado a escrever um artigo no site da Microsoft e, dentre suas principais observações, uma frase se destacou: “o conteúdo é rei”. Ele apostou que ao longo dos próximos anos, o dinheiro estaria nas mãos dos produtores de conteúdo – em especial dos fornecedores de informação e entretenimento, em uma alusão à revolução causada pela televisão décadas antes¹.
Errado ele não estava. Afinal, gerar e consumir conteúdo é a força motriz de sites, portais, redes sociais, branding. O surgimento dos smartphones e dos apps potencializaram isso. O caminho é sem volta: o conteúdo está, literalmente, na palma da mão, a informação está a poucos cliques ou passadas de dedo sobre a tela.
Mas a Internet é um campo de disputa constante e conquistar a atenção do outro lado da tela é um desafio. Diante deste cenário, confiança e empatia tornaram-se commodities. Em especial se pensarmos que o conteúdo está em tudo – nos sites de compras, no review e descrição dos produtos, na abertura do joguinho, na reportagem como a conhecemos.
Com essa (já não tão nova) perspectiva, diversas redes sociais deram espaço para os creators, gerando uma nova economia e profissão. E surgiu também o grande dilema do que é mais importante no mundo virtual: fazer barulho, ou seja, viralizar um conteúdo, ou ter relevância e credibilidade. O mundo ideal é ter as duas coisas: alcance e relevância, mas acredito que um pode puxar o outro e vice-versa.
O barulho pode ser alto e acontecer apenas uma vez e isso me lembra uma frase que li na pesquisa Linkedin Art&Science of Brand, que questiona “se uma árvore cai na floresta e ninguém está perto para ouvir, ela de fato fez algum barulho?”. Não adianta nada ter buzz e não atingir quem realmente importa, concorda?
O viral, sem estratégia, cai no esquecimento ou até mesmo na dúvida, como tem acontecido com Mr.Beast, o YouTuber mais famoso do mundo, com mais de 150 milhões de seguidores e que demonstra, na prática, que alcance nem sempre é sinônimo de relevância².
Relevância é perene e uma construção. Não se ganha credibilidade de uma hora para a outra. É uma jornada e, por isso, é duradoura.
O caso do Mr.Beast
James Donaldson é o nome do YouTuber norte-americano que se tornou a pessoa com mais seguidores até hoje da história do canal.
Sua trajetória impressiona: ele iniciou na plataforma com transmissões de games e, aos poucos passou a estudar como funcionava a rede social e a investir tempo para produzir seus conteúdos. Ok que um dos seus primeiros virais não tem nada de destaque: é apenas ele contando de 1 a 100 mil na frente do computador e, de alguma forma, isso teve muito alcance e ele se tornou popular com o que se chama de “junk lord”, vídeos bobos, engraçados, com grandes feitos e/ou com distribuição de dinheiro.
Em um de seus vídeos mais famosos, ele paga a cirurgia de catarata de mais de mil pessoas. O que seria um ato altruísta passou a ser contestado por seguidores e pela mídia, com a dúvida se ele realmente queria fazer uma ação social ou se este seria mais um caso de “vale tudo” pela audiência.
O que era para ser um exemplo incrível – divulgar uma causa legal a ser abraçada e compartilhada – se tornou uma armadilha que manchou a sua credibilidade. Daí a importância de um planejamento estratégico bem-feito e bem estruturado para poder construir a relevância do perfil e da persona. Caso contrário, é barulho em sala vazia.
COMENTÁRIOS:
Destaques
- Aberje participa do painel de entidades no 19º Congresso da Abraji
- Evento da Page Society debate panorama geopolítico da América Latina
- LiderCom realiza reunião de benchmark sobre construção de marca corporativa
- Aberje recebe Jornada Galápagos de Jornalismo 2024
- Inscrições prorrogadas até 2 de agosto: Prêmio Aberje 2024 chega à 50ª edição
ARTIGOS E COLUNAS
Leandro Bianchi O papel dos podcasts na formação da imagem da marca no cenário digitalCarlos Parente Das redes sociais ao advocacy: a pseudo justiça a serviço da vingançaPaulo Nassar Memórias e História Empresarial: entre o efêmero e o pereneElizeo Karkoski Há luz (e muitas oportunidades) no fim do workplaceDavid Grinberg O papel do silêncio e do humor na gestão da reputação