Barreiras Culturais, Inovação e Futuro Exponencial (parte 1) – Primórdios e Questões
Um mundo sem barreiras sempre foi uma utopia desejada pela humanidade. Sem fronteiras entre países, sem obstáculos para ir e vir, sem preconceitos, um universo realmente livre e globalizado. É o que na teoria representa a Internet hoje, um espaço no qual podemos, em tese, interagir com qualquer pessoa, organização ou mesmo com um órgão internacional como a ONU em igualdade de condições. Mas desde a época do Antigo Egito, na qual aconteceu o famoso êxodo dos judeus, e mesmo em épocas anteriores, o encontro de civilizações diversas tem provocado atritos e conflitos.
Voltando ao momento atual e aos ecossistemas globalizados e tecnológicos, vemos que as novas tecnologias facilitam nos aproximarmos de estilos de vida, pessoas, religiões, produtos, arte e culturas que gostamos, mas também de outras que apreciamos menos ou de comportamentos com os quais não pactuamos, o que às vezes provoca também barreiras e distúrbios de comunicação. Lembremos os diversos atritos produzidos nas últimas eleições presidenciais no Brasil em 2014, período em que se manifestaram diversos tipos de xingamentos na web, principalmente contra as pessoas nativas do nordeste em função de suas preferências eleitorais, por parte de eleitores da região sudeste. Podemos citar também as postagens de caráter racista contra a apresentadora da Rede Globo, Majú, feitas em diferentes regiões do país ou as manifestações anti-imigrantes praticadas por internautas europeus nas redes sociais digitais, produto da explosão de imigrantes sírios que partiam para a Europa por causa da guerra nesse país. Em épocas anteriores, essas pessoas e grupos sociais teriam um contato menor, devido ao seu distanciamento geográfico e os conflitos entre elas não existiriam ou ficariam menos expostos, o que agora fica muito mais evidente pela possibilidade dessas pessoas interagir encontrar-se no mesmo espaço virtual.
Focando o competitivo mercado de hoje e o desempenho das organizações contemporâneas nesse tumultuado contexto, surgem alguns questionamentos: Como quebrar as barreiras culturais à comunicação que surgem, produto de uma fusão entre empresas como a Fiat e a Chrysler, onde se juntam a cultura italiana, a norte-americana e a brasileira, dado que a maior unidade da Fiat está no Brasil?
Como ultrapassar as barreiras e conflitos que gera a compra de uma organização por outra? Como deve ser gerido esse processo de mudança organizacional nas condições atuais de virtualização de muitas grandes marcas que antes atuavam quase exclusivamente no chamado mundo físico, como a HP, e que agora passam a utilizar cada vez mais as novas formas de teletrabalho, o home office, o co-working entre outras?
Como quebrar ou contornar, por exemplo, as barreiras culturais à comunicação que surgem quando uma multinacional brasileira entra num país estrangeiro, como a Votorantim nos Estados Unidos, ou vice-versa, quando uma multinacional estrangeira entra no Brasil? Como ter uma estratégia de comunicação coerente e administrar no dia a dia a comunicação de uma empresa brasileira com ramificações nacionais e internacionais e que tem funcionários em todas as regiões do país, como o Banco do Brasil?
Como adaptar os valores de uma franquia internacional, como os do McDonald’s para o Brasil, com a finalidade desta atender melhor as demandas atuais de seus franqueados e públicos diversos, incluindo as dos funcionários brasileiros? Ainda, como uma franquia brasileira como Giraffas ou Instituto Embelleze, que já estão presentes em outros países, devem agir no estrangeiro?
Como orientar e direcionar a comunicação organizacional nesses casos? Como implementar a Comunicação Organizacional Integrada? Como fazer a propaganda e a publicidade de um produto estrangeiro de sucesso no Brasil? Com um garoto- propaganda nacional famoso ou com uma atriz ou ator estrangeiro reconhecido mundialmente, mas tendo sua voz interpretada por um ator nacional?
Temos todos o mesmo tipo de criatividade para propor soluções e inovações para a organização, independentemente da nossa cultura ou país de origem?
Como prevenir, lidar e resolver com soluções inovadoras os conflitos organizacionais de origem cultural que exigem diversas soluções em cada região ou país?
A resposta a estas questões não é única nem absoluta – passa pela necessária aquisição de um profundo conhecimento da cultura nacional e seus reflexos organizacionais nas empresas. Estas perguntas levantam o tema das barreiras culturais à comunicação, e como lidar com elas nas empresas que têm funcionários, fornecedores e clientes de diversos países ou de diferentes regiões do país e que interagem com eles física ou virtualmente.
Esta é a primeira parte de uma série de três artigos. Aguarde nas próximas semanas a continuação.
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