30 de março de 2017

Uma narrativa para a marca Brasil.

Crises de imagem prejudicam não só empresas mas também o país. Uma percepção negativa crescente da marca “Brasil” pode contaminar várias áreas de negócios, ultrapassar as nossas fronteiras e atingir em cheio a nossa reputação e o nosso crédito.

aberje bndes

O 76o Encontro ABERJE trouxe, no auditório do BNDES, no Rio de Janeiro, na manhã do último dia 28 de abril, ricos debates sobre gestão de crise de imagem e também sobre a marca“Brasil”. Confesso que fiquei positivamente influenciado e, por isso, peço licença para escrever aqui no blog este texto que, a princípio, pouco tem a ver com o tema da comunicação interna, assunto das minhas permanentes publicações.

A imagem do Brasil como país emergente e um dos líderes do agronegócio mundial teve mais do que arranhões com a crise provocada pelas denúncias da Operação Carne Fraca. A divulgação atrapalhada das investigações policiais e a omissão de lideranças empresariais do setor estão retirando valor da marca “Brasil”. Quem perde com essa subtração? Todos nós brasileiros, com certeza.

As micronarrativas de cada novo escândalo e seus desdobramentos nas mídias digitais – muitas vezes redes de gritaria contra tudo e contra todos -, bem como a força das manchetes da grande imprensa derrubam a reputação de empresas envolvidas e por tabela de toda uma próspera cadeia produtiva. O orgulho de ser brasileiro se esvai pelo ralo da vergonha. Meu Deus, o que queremos ser como país? Nesse tiroteio, são os nossos concorrentes na América, na Europa e na Ásia que aplaudem. Seus produtos e suas marcas podem ganhar mercados e nossas conquistas globais podem perder terreno precioso no comércio internacional. Se uma empresa que desconhece a sua missão já tem problemas, imaginem um país inteiro que não sabe o que quer e tropeça nas próprias pernas, deixando campo livre para potências concorrentes?!

Uma percepção negativa crescente do Brasil pode contaminar várias áreas de negócios, ultrapassar as nossas fronteiras e atingir em cheio a nossa reputação e o nosso crédito. O que era uma crise localizada ganha, assim, grandes dimensões, já pensou? Evidentemente que a busca por justiça é vital, bem como a punição de criminosos na esfera pública e privada, mas a avalanche de histeria coletiva não pode resultar em uma terra arrasada e em um mercado com milhões de desempregados.

O enredo das crises pontuais não pode produzir dúvidas sobre o nosso destino. A história do Brasil – um gigante na economia mundial – é feita pelos bons exemplos. Claro que o nacionalismo não pode ser o refúgio de canalhas de variadas espécies. Por isso, o remédio para uma nação ferida em seu imaginário é fortalecer sua metanarrativa de país e de grandeza histórica.

A Aberje defendeu essa proposta e conquistou corações e mentes reunidos na plateia.

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Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Luiz Antônio Gaulia

Jornalista. Mestre em Comunicação Social pela PUC-Rio. Especialista em Comunicação Empresarial pela Syracuse University/Aberje. Pós-graduado em Marketing e em Comunicação Jornalística. Ex-Gerente de Comunicação da CSN - Cia. Siderúrgica Nacional e da Alunorte (PA). Atuou no O Boticário e no Grupo Votorantim. Realizou projetos de comunicação corporativa e sustentabilidade para a VALE, a Light, Petrobras, Ajinomoto e Norsul. Foi Gerente de Comunicação Corporativa e Sustentabilidade do Grupo Estácio. É Diretor da Race Comunicação e professor da FGV Rio e da ESPM SP.

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