30 de julho de 2017

Marketing ou comunicação interna?

O texto analisa o uso de técnicas de marketing interno e considera os benefícios de uma comunicação com os empregados feita de forma transparente, confiável e sensível aos olhos daqueles que fazem a promessa da marca acontecer de fato, todos os dias.

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Como você classifica o time de trabalho? Você considera os empregados da sua empresa como clientes internos?  Perguntas assim fazem parte de qualquer diagnóstico de comunicação interna. A cultura organizacional e seu jeito de ser impactam diretamente no clima, na produtividade e na energia das pessoas e o fato é que as empresas são formadas por departamentos que costumam trabalhar olhando para suas próprias metas e objetivos, sem se comunicarem direito uns com os outros. Nessas organizações, os empregados podem ser esquecidos na hora dos lançamentos de novos produtos. Eles ficam sabendo das “novidades” através de informações e notícias externas. Um tremendo gol contra!

Para resolver essa questão algumas áreas de marketing costumam fazer um pré-lançamento interno para que todas as equipes de trabalho saibam das inovações, promoções e lançamentos em primeiríssima mão. Afinal, os empregados são clientes em potencial e são os grandes embaixadores da marca! Se eles não compram ou não apostam nos próprios produtos ou serviços da empresa para a qual trabalham, alguma coisa está errada, não é? Já não é novidade que muitas empresas estejam utilizando os próprios empregados como estrelas e atores para falarem dos produtos e da marca.

Vale lembrar que o modelo tradicional do mix de marketing possui os chamados 4 Ps: Produto, Preço, Praça e Promoção. Na parte da “Promoção” temos a divulgação, a publicidade e a propaganda bem como as relações públicas, entre outros itens. Fazer um bom marketing interno é mostrar desde o início do processo de desenvolvimento de novos produtos que o time anda integrado e a vitória de um, será a conquista de todos. O sucesso no mercado se refletirá internamente e vice-versa. Nesse contexto, o tal endomarketing (*) deve ser trabalhado com uma linguagem diferenciada, em conjunto com a equipe de comunicação interna – que pode ser ou não parte da diretoria de recursos humanos. Os comunicadores internos tem a expertise de como escrever as mensagens e adaptar a linguagem comercial e “marqueteira” para a força de trabalho. Não podemos nos enganar: os empregados sabem muito bem como a empresa funciona de fato, nos seus bastidores e no dia a dia de suas operações. Por isso, não adianta fazer apenas uma bela propaganda interna e tentar “vender” para o empregado algum produto ou mesmo a marca da empresa como fazemos com um estranho ou um prospect.  É preciso  ter uma comunicação com os empregados feita de forma transparente, olho no olho. Falar a verdade de forma próxima, com respeito para quem faz a promessa e a razão de ser da companhia acontecer  de fato, muitas vezes longe dos holofotes e do glamour da publicidade.

O empregado compra a marca da empresa todos os dias. Na minha opinião, ele é um dos influenciadores vitais da organização. Quando ele acredita que a empresa, como um todo, é uma aposta confiável na construção de sua carreira e de seu sonho profissional, sendo reconhecido pelo seu talento e respeitado em suas opiniões pode fazer toda a diferença. Ambiente de trabalho, performance, superação de metas e desafios e engajamento são dimensões diretamente afetadas pelo comportamento, pela disposição e pela motivação do empregado. Por isso, não basta bater o bumbo marqueteiro. Uma comunicação interna inteligente e sensível opera milagres. Pode apostar.

 

 

(*) “Endomarketing” é um termo criado por Saul Faungaus Bekin, em 1995, que aliou o marketing de Kotler com a área de RH criando o conceito. 

Obs: A ilustração acima é de autoria da br.freepik.com

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Luiz Antônio Gaulia

Jornalista. Mestre em Comunicação Social pela PUC-Rio. Especialista em Comunicação Empresarial pela Syracuse University/Aberje. Pós-graduado em Marketing e em Comunicação Jornalística. Ex-Gerente de Comunicação da CSN - Cia. Siderúrgica Nacional e da Alunorte (PA). Atuou no O Boticário e no Grupo Votorantim. Realizou projetos de comunicação corporativa e sustentabilidade para a VALE, a Light, Petrobras, Ajinomoto e Norsul. Foi Gerente de Comunicação Corporativa e Sustentabilidade do Grupo Estácio. É Diretor da Race Comunicação e professor da FGV Rio e da ESPM SP.

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