Salão do Automóvel foi palco para discussão sobre mobilidade urbana
O terceiro e último encontro do ano do Lab de Comunicação para Mobilidade, organizado pela Aberje e com apresentação da GM do Brasil, aconteceu no dia 11 de novembro. Com o tema “Saídas”, o projeto levou a discussão sobre mobilidade para o centro do Salão do Automóvel em São Paulo.
O Lab contou com um time de inovadores de diferentes áreas da mobilidade: o fundador da BH Trans, Osias Batista Neto; a responsável pela área de Políticas Públicas do Uber, Andrea Leal; e o editor-chefe da Rádio Trânsito, Ronald Gimenez, com mediação do jornalista Leão Serva.
Paulo Nassar, diretor-presidente da Aberje e professor livre-docente da ECA-USP, deu as boas-vindas, enfatizando o legado de conhecimento que o projeto deixou para a comunidade. A ideia é que a boa comunicação é fundamental para as soluções em mobilidade urbana. Em seguida, Nelson Silveira, diretor de Comunicação da GM do Brasil, apresentou como a empresa está inserida na discussão, reafirmando que ela busca tornar-se uma “empresa de serviços de mobilidade”, e não apenas de venda de automóveis. Iniciativas da GM, como o recém-lançado serviço de carsharing Maven e a aquisição da empresa de ridesharing Lyft, vão nesse sentido.
Leão Serva, jornalista especializado em mobilidade urbana e curador do Lab, abriu o painel dando um resumo das discussões que foram apresentadas no primeiro e no segundo encontro. Ele também apresentou as 10 propostas de comunicação para mobilidade elaboradas pelo Lab.
“Quando falamos de comunicação, não é o equipamento, mas é o uso que as pessoas fazem dele” Osias Batista
Osias Batista apresentou as inovações tecnológicas que estão mudando o cenário da mobilidade urbana. A revolução promovida pelos smartphones abriu o caminho para várias soluções em mobilidade urbana. Iniciativas em aplicativos móveis atacam inúmeras frentes: transporte individual (Uber, Lyft, 99Taxi), solidário (Uber Pool, Chariot, PickMeApp), carros compartilhados (Zazcar), transporte público (MOOVIT), roteamento em tempo real (Waze, Google Maps), entre outros. A tecnologia e o uso do big data também possibilitam inovações em áreas como gerenciamento de tráfego e segurança viária.
“Se todas as infrações que os motoristas cometem fossem penalizadas, em 15 minutos se perderia o CNH”, Ronald Gimenez
A palestra de Ronald Gimenez, editor-chefe da Rádio Trânsito, deixou o recado: as pessoas precisam se entender como atores do processo de mobilidade urbana, não como indivíduos isolados. Ou seja, suas ações possuem consequências coletivas e que afetam a todos. Ele falou sobre a má formação dos condutores, que leva a várias atitudes prejudiciais ao trânsito: fechamento de cruzamentos, utilização do acostamento, comportamento individualista e de exclusividade. Gimenez desmistificou a chamada “indústria da multa”. “Se todas as infrações que os motoristas cometem fossem penalizadas, em 15 minutos se perderia o CNH”.
Ele também comentou sobre a utilização de tecnologia para o aperfeiçoamento da comunicação. A medição de trânsito realizada pela CET, por exemplo, é basicamente humana, o cálculo leva em conta a notificação dos agentes de trânsito espalhados pela cidade, os profissionais que medem com binóculos em vias importantes, etc. Mas já existem formas analisar grandes volumes de dados sobre o trânsito, como o Maplink faz. Enquanto a CET acusa congestionamentos de 80km em horários de pico, o Maplink mostra de 600 a 650km de trânsito.
“O problema não é o automóvel, mas o uso que se faz dele” Andrea Leal
Para Andrea Leal, responsável pela área de Políticas Públicas do Uber, a questão é como atrair as pessoas para a mobilidade sem ser unicamente por meio do transporte individual. “É necessário um cardápio de opções para a mobilidade urbana”. Ela apresentou a perspectiva das pessoas se tornarem multimodais. “Essa é a palavra mágica para a cidade. O problema não é o automóvel, mas o uso que se faz dele. As pessoas precisam ter outras opções de transporte e intercambiar entre essas opções”. Desse modo, o Uber se apresenta como uma plataforma de transição para as pessoas acostumadas ao transporte individual. Com o tempo, elas vão percebendo que existem alternativas.
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