Think Tank COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL · EDIÇÃO 112 · 2025

O que vale é a conexão

Compreender o que nos conecta é o primeiro passo para abrir caminhos, mas a perenidade dessa relação está ligada à linguagem usada e ao formato adequado

Carime Kanbour

Comunicar é algo intrínseco ao ser humano. Já nascemos nos conectando com quem está ao nosso redor e anunciando nossa chegada ao mundo. O fato de ser algo natural, no entanto, não nos garante que seremos bem-sucedidos sempre – mesmo com treinamentos, diplomas e certificados. Seja com nossos familiares, colegas ou até mesmo ao pedir um cafezinho na padaria, corremos o risco de nos equivocar nas palavras e nos gestos, gerando frustração ou mal entendidos. O famoso ruído de comunicação.

Por que isso acontece? Penso que, às vezes, imersos em nossas próprias questões ou na rotina que exige respostas quase instantâneas – além das diversas novas ferramentas tecnológicas que vão surgindo –, nos desconectamos da verdadeira essência dessa atividade. E olha que ela está bem descrita na própria origem da palavra: em latim, communicare carrega consigo o significado de compartilhar, tornar comum. Ou seja, comunicar é encontrar pontos de conexão e focar neles. É descobrir o que nos une, apesar das diferenças de idade, crenças e opiniões. Desafiador? Sim. Mas inevitável e extremamente necessário nos tempos polarizados de hoje.

Isso é especialmente relevante para profissionais que constroem e transformam a reputação das instituições. Lidamos com públicos diversos e fragmentados – colaboradores de diferentes idades, funções, realidades e níveis de escolaridade, investidores, comunidade, imprensa –, e cada um tem pontos específicos que se conectam (ou não) aos valores e ao propósito da organização. Compreender essas diferenças e estar aberto a conexões genuínas dá sentido à comunicação.

Foi nessa busca por pontos em comum que lançamos, em 2023, um perfil da Klabin no TikTok. Quem me despertou para essa rede foi meu filho, Theo, que a utiliza para se informar, conhecer e se divertir. Partilhando experiências e encontrando assuntos em comum, a Klabin se tornou a primeira empresa do setor de papel e celulose a ter um perfil ativo na plataforma.

Posso dizer que acertamos em cheio nessa conexão. De um lado, uma instituição centenária queria dividir seus conhecimentos e atingir um público mais jovem. Na “rede vizinha”, encontrou um grupo interessado em saber mais sobre a empresa e aprender sobre sustentabilidade e inovação de um jeito leve. Match perfeito! O perfil conta com 17.500 seguidores, 60% deles entre 18 e 30 anos. Cerca de 65% dos conteúdos da Klabin atingem uma média de retenção de 20% – considerada ótima –, chegando a 70% em alguns casos, principal indicador quando falamos de conteúdos em vídeo.

RELAÇÕES GENUÍNAS

Compreender o que nos conecta é o primeiro passo para abrir caminhos, mas sustentar o relacionamento exige algo a mais. A perenidade dessa relação está ligada à linguagem usada e ao formato adequado para cada público. Falar a língua do outro ainda é a regra de ouro para qualquer relacionamento.

A linguagem adequada gera identificação , e o formato de sucesso leva em conta o estilo de vida do público. Nossa missão é produzir uma comunicação que faça sentido em cada realidade

No TikTok, nossos públicos querem conteúdos visuais, dinâmicos e autênticos que respondam a interesses pessoais. Valorizam transparência, desejam participar e consumir conteúdos alinhados a seus valores. Por aqui, temos nos esforçado para atender a esses requisitos de forma cada vez mais simples, desconstruindo padrões sisudos que a comunicação organizacional cristalizou ao longo dos anos.

Essa mesma linguagem despretensiosa guia nossa comunicação para investidores pessoas físicas. Por meio do Klabin Invest, trazemos informações sobre os negócios da companhia de forma descomplicada, como em uma conversa de happy hour. No YouTube, os conteúdos do Klabin Invest registraram um aumento de 978% nos acessos desde 2020. Isso reforça que o simples funciona e é consistente.

A linguagem adequada aproxima e gera identificação, e o formato de sucesso leva em conta o estilo de vida do público. Um colaborador no escritório de São Paulo e outro na área florestal no Paraná, por exemplo, podem ter a mesma idade, mas isso não significa que consomem informação da mesma maneira. Nossa missão é produzir uma comunicação que faça sentido em cada realidade.

Parece fácil seguir a “receita” para uma boa comunicação: encontrar pontos em comum, usar uma linguagem simples e customizar o formato. Mas quem está nesse universo há mais tempo sabe quão complexa é essa tarefa. E que bom! Assim, estudamos sempre, trocamos experiências e continuamos evoluindo.

As gerações mudam, seus modos de comunicar também, mas o desejo de criar conexões autênticas permanece. Sigamos! Com verdade, simplicidade e consistência.

Carime Kanbour é gerente de Comunicação, Reputação e Relações Institucionais da Klabin

 
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