Entrevista COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL · EDIÇÃO 112 · 2025

Rosangela Laurentina dos Santos
“As empresas precisam se adaptar, aprender e rever seus modelos mentais”

Rosangela Laurentina dos Santos
“As empresas precisam se adaptar, aprender e rever seus modelos mentais”

Quarta filha de uma família com sete crianças, a catarinense Rosangela Laurentina dos Santos cresceu com uma tradição em mente: ao completar 15 anos, ganharia uma bicicleta de presente de seu pai, José, assim como aconteceu com seus irmãos mais velhos. Mas, quando chegou sua vez, Rosangela fez um pedido diferente. “Pedi ao meu pai uma máquina de escrever. Amava criar poemas, resenhas e histórias sobre os momentos que vivia. Queria muito datilografar tudo isso e produzir mais”, relembra. Desde então Rosangela nunca mais parou de ler, escrever e estudar. Ao longo dos anos construiu uma trajetória acadêmica sólida: é graduada em Filosofia e Letras, tem pós-graduação em Comunicação e Propaganda e dois MBAs, um em Gestão Organizacional e outro em Comportamento Organizacional.

O que despertou seu interesse pela área de comunicação?

Sempre me questionei se a profissão nos escolhe ou nós a escolhemos. Acho que é um pouco dos dois caminhos. Hoje, com quase três décadas de trabalho, posso afirmar que houve um encontro entre o meu desejo e o que estava desenhado para mim.

Algum momento marcante da sua trajetória que você gosta de lembrar?

Vou relatar dois episódios. O primeiro foi em 2009, quando eu gerenciava a gestão de mudança na aquisição de um grande negócio num grupo europeu. O negócio teve que ser cancelado, pois houve uma “delação premiada” de uma potencial negociação de preços no segmento. Trabalhei durante quase três anos nessa crise. O outro caso ocorreu em 2015, quando da queda da barragem de Fundão, na empresa Samarco, que gerou uma crise em várias dimensões: social, ambiental, financeira e reputacional. Uma crise completa e complexa, na qual trabalhei por quatro anos.

Quando acontece uma crise, nunca o fato é isolado em si. Sempre há um histórico que antecede. Assim como mudamos ao longo da vida, as empresas também precisam se adaptar, aprender e rever seus modelos mentais, suas crenças que podem ser limitantes ao seu crescimento. Como líderes e profissionais de comunicação, temos que estar atentos, do contrário podemos entrar em estado de inércia.

Conte-nos um pouco sobre a sua área.

Estou há quatro anos e meio no Grupo Eurochem. Uma empresa com 23 anos e que está há apenas oito anos no Brasil. Nos últimos quatro anos a empresa iniciou um amplo investimento no país, com aquisições e fusões. Quando iniciei minha jornada o desafio era implementar as áreas de Marketing, Branding e Comunicação Integrada. Começar tudo do zero e em um novo segmento, em plena pandemia, mexeu comigo. Hoje trabalho com um time de 20 pessoas, entre gerentes, coordenadores, especialistas, analistas e estagiários. Minha gestão se reporta à vice-presidência Comercial & Supply, o que nos ajuda muito nesse entendimento das estratégias.

O que você destaca no ano de 2024 entre os projetos e atividades que realizou?

O ano foi desafiador para o agronegócio brasileiro, e isso se refletiu nos projetos e nas entregas dos processos que lidero. Conseguimos nos consolidar como vice-líderes no setor de comercialização e distribuição de fertilizantes. Nossa presença no ambiente digital atingiu resultados expressivos para uma organização que há três anos era inexistente nesses canais.

Que valores você prioriza ao liderar sua equipe?

Escuta ativa, transparência e trabalho em time. São valores essenciais que valorizo nas pessoas que trabalham comigo.

Qual livro ou autor mais influenciou sua forma de pensar?

Tive muitas influências importantes de literatura: Carlos Drummond, Machado de Assis, Mario Quintana, Cora Coralina, Adélia Prado, Cecília Meireles. Mas também amo Lewis Carroll, Oscar Wilde, Balzac e tantos outros. No mundo contemporâneo, algumas referências: Nassim Nicholas Taleb e sua teoria concreta de Antifrágil e Brené Brown expondo a importância de se mostrar vulnerável, pois é onde encontramos e damos visibilidade à nossa força.

O que você faz para relaxar e recarregar as energias?

Amo estar com o meu filho, João Pedro, e meu marido, Leonardo, nos fins de semana. Aproveitamos a cidade, os parques e a gastronomia de São Paulo. Quando conseguimos fazemos pequenas viagens próximas a São Paulo e também a Beagá (MG), terra do meu marido, e também a Santa Catarina, minha casa de nascimento.

Alguma frase ou conceito que você usa como mantra no dia a dia?

Não tem um mantra. Talvez uma crença de que somos fruto das nossas escolhas. Um exercício que tenho feito é apreciar tudo o que está ao meu redor, as escolhas que faço todos os dias. E tem uma frase que aprecio de León Tolstói que diz o seguinte: “O segredo da felicidade não está em fazer sempre o que se quer, mas em querer sempre o que se faz”.

 
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